Ainda persiste o mito de que motores Diesel poluem mais que um similar a gasolina, principalmente por conta do material particulado (fuligem, responsável pela famigerada "fumaça preta"), problema mais relacionado ao excesso de combustível injetado e, consequentemente, queimado de forma incompleta. Contribui para essa imagem negativa o desleixo na manutenção de uma parte considerável da frota brasileira de caminhões e ônibus, que ainda apresenta uma idade média elevada, assim como alguns "agroboys" que intencionalmente abrem mais a bomba apenas para fazer fumaça como se fosse "bonito". Hoje com a ampliação do uso de sistemas eletrônicos de gerenciamento fica mais fácil a correção em tempo real de algum problema de injeção excessiva, reduzindo consideravelmente a emissão de particulados. Fora isso, um motor do ciclo Otto vai emitir uma quantidade maior de gases nocivos resultantes do processo de combustão.
Levando ainda em conta a dificuldade no armazenamento e manejo de combustíveis gasosos, e a maior probabilidade de incêndios e explosões ao se usar etanol, o biodiesel e óleos vegetais brutos passam a ser uma alternativa ainda mais interessante, e não requerem tantas adaptações no motor para suportar alguma característica físico-química do combustível alternativo como no caso do etanol em relação à corrosibilidade e menor lubricidade em relação à gasolina ou alterações em outras partes do veículo para acomodar reservatórios pesados e volumosos como os cilindros e válvulas requeridos para armazenar o gás "natural" que, além de ocupar espaço útil no habitáculo ou no compartimento de bagagens, sobrecarregam a estrutura e elementos dinâmicos como suspensão e freios. OK, alguns irão tentar argumentar que os motores do ciclo Diesel costumam ser mais pesados que similares a gasolina, álcool ou gás, e desenvolvem menor potência, mas vale sempre lembrar que o destaque num Diesel é o torque, sobretudo a rotações mais baixas. Logo, a resposta ao acelerador, fundamental para garantir a segurança em ultrapassagens e retomadas de velocidade em trechos rodoviários, é preservada.
Uma característica constantemente associada ao consumidor brasileiro e que acaba levando os fabricantes a adotarem relações de marcha mais curtas em veículos destinados ao mercado local é a valorização de uma arrancada mais vigorosa, e a falta de interesse em "caçar marcha", fazendo com que o condutor prefira "encher o pé" no momento em que um francês ou um alemão aplica uma marcha inferior para aproveitar um momento de torque mais baixo sem ter de elevar o giro do motor, como por exemplo num aclive. Assim, o maior torque de um motor Diesel e a disponibilidade a um regime de rotações mais baixo é apreciável.
Além do custo de aquisição, realmente desfavorável, ainda existe uma alegação de que o custo de manutenção de um Diesel em comparação com um similar do ciclo Otto é consideravelmente maior. Entretanto, a já citada popularização da injeção eletrônica acaba fazendo com que fique mais próximo dos procedimentos rotineiros efetuados num motor a gasolina, etanol ou gás. Vale destacar que os intervalos para procedimentos que vão desde uma troca de óleo até retíficas são mais longos, e pela ausência um sistema de ignição elétrico não há velas, cabos, cachimbos e bobinas para desgastarem e exigirem substituição. E componentes de ignição costumam ser mais sensíveis ao excesso de umidade e sujeiras, fazendo com que a confiabilidade fique comprometida em condições de uso severo.
Apesar das desconfianças que os cercam, motivadas por desconhecimento, motores Diesel são uma excelente opção para o mercado brasileiro.