Com tanto drogado vagando pelas ruas tal qual um bando de zumbis praticando atos de vandalismo e expondo a população a toda ordem de violência física e psicológica, me parece inconcebível que exista quem considere uma pessoa que teve envolvimento com corridas clandestinas em via pública como sendo alguém pior que um estuprador ou um assaltante que se aproveite das brechas da legislação para atacar velhinhas na rua e que, mesmo com as autoridades "competentes" sabendo das intenções, dificilmente vão agir preventivamente por receio de se incomodar com essa farsa dos "direitos humanos"...
Muitos dos que se entusiasmaram com o resultado da recente operação "Velocidade Limitada" em que a Polícia Rodoviária Federal teve posição de destaque junto à Polícia Militar da Paraíba se impressionaram mais com a apreensão de um Chevrolet Camaro e 3 Honda Civic, modelos que no mercado brasileiro são considerados "de luxo" (ainda que em outros países estejam nivelados em segmentos mais básicos, como acontece com os hatches 1.0 nacionais), do que com a ação policial. Exatamente a jogada de marketing desejada por alguns membros das corporações policiais envolvidas para terem motivo de mostrar as fuças na Rede Globo como se fossem heróis da pátria apesar de serem motivo de chacota por terem conseguido "caçar" os veículos apenas quando estes estavam em uma oficina ou uma garagem, vexame que poderia ser evitado com o uso de motocicletas como veículo de perseguição, além de políticos interessados em tirar o foco de escândalos de corrupção que vem se tornando freqüentes e tentar iludir o povão alienado vendendo a idéia de que os ditos "ricos" também sofrem com os rigores da lei na mesma intensidade...
Alguns populares já manifestam opiniões preconceituosas com relação à condição sócio-econômica dos envolvidos, ao referir-se a eles como "playboys" apenas por terem um respaldo financeiro que permita se darem ao luxo de ter um objeto que pode-se considerar cobiçado, o que acaba desencadeando manifestações de inveja por parte de alguns que ao invés de sentirem uma frustração por não ter algo que gostariam sentem-se mal ao ver que outros possam tê-lo, o que infelizmente é uma mentalidade bastante comum. Enquanto isso, todos os dias acontecem acidentes com mortes, mas como envolvem veículos mais comuns e baratos não ganham mais do que uma nota e uma foto em preto e branco na última página do jornal impresso e aparecem por míseros 30 segundos na televisão...
Com a falta de profissionalismo na imprensa, associada à ignorância de alguns "jornalistas" mais preocupados em enfeitar a matéria, ganha destaque a questão dos veículos terem capacidade de atingir velocidades consideravelmente superiores ao limite das estradas brasileiras, mas parecem esquecer que até a Kombi consegue superar os 120km/h, velocidade máxima permitida hoje em algumas rodovias, e muitos dos carros populares apesar dos limitados motores 1.0 já chegam perto dos 170km/h com conjuntos de freios e suspensão tecnicamente inferiores (o povão muitas vezes prefere mostrar ao vizinho uma "central multimídia" ou "rodas esportivas" ao invés de priorizar itens de segurança como airbag e freios com ABS) cujas limitações muitas vezes são ignoradas por motoristas afetados por um excesso de confiança ou mesmo por exibicionismo, o que não é tão incomum num país onde "quanto custa" é visto como o aspecto mais importante. Diga-se de passagem, houve um grande desrespeito com a oficina Rev It Up, citada por alguns "jornalistas" como se fosse uma "oficina clandestina". Se realmente houvesse um interesse dos "profissionais" de imprensa envolvidos nesse jornalismo circense com relação a problemas de oficinas clandestinas, abordariam o tema do roubo de veículos que acabam tendo peças reaproveitadas por oficinas "boca-de-porco" na periferia eventualmente à custa da vida de cidadãos torturados por assassinos que atiram apenas para ver o sangue jorrar pelo buraco da bala...
Não é difícil encontrar algum idiota fazendo palhaçadas ao volante de um carro 1.0, nem sempre com o motor preparado devido às limitações financeiras que levam tal tipo de motorização a ser tão comum (convenhamos, ninguém acorda de manhã desejando um carro 1.0), e às vezes quando algum veículo muito mais caro e com desempenho consideravelmente superior para ao lado no semáforo o motorista do carro popular sai acelerando como se estivesse num "racha imaginário" (coisa de Forever Alone) enquanto o motorista do modelo mais caro não demonstra pretensões de bancar o piloto. Também não é difícil encontrar malucos se arriscando ao praticar racha com motos de baixa cilindrada, em que apesar dos investimentos no motor (ainda que proporcionalmente menores ao que seria necessário num automóvel para ter desempenho comparável) geralmente a parte de pneus, freios e suspensão é negligenciada e não recebe aperfeiçoamentos necessários para manter um nível de segurança mais adequado aos esforços de uma velocidade mais alta...
Além do interesse em mostrar o automobilismo amador como um todo (não só os rachas de rua, que realmente são proibidos por lei) como sendo coisa de marginal, há uma perseguição injusta a quem aprecia modificações em veículos, tanto aquelas funcionais visando a melhoria de desempenho, segurança e conforto quanto o infame "xuning". Vale destacar que mesmo um carro turbinado, quando equipado com pneus de boa qualidade, uma suspensão bem ajustada e freios eficientes e corretamente dimensionados para o novo nível de exigência, mesmo em velocidades superiores é mais seguro que muita tranqueira com motor original cheia de enfeites de gosto duvidoso e com molas cortadas ou removidas apenas para parecer "socado", ou então com molas esticadas à força para manter a altura original mesmo quando os amortecedores são suprimidos devido ao custo para repor tais peças (eu já vi esse tipo de gambiarra numa favela de Porto Alegre)...
Ainda, muitos falsos moralistas aproveitam para posar como se nunca tivessem ultrapassado um limite de velocidade mesmo ao volante de um carro totalmente original e insistindo que os rachadores estariam sendo uma "ameaça à segurança" nas rodovias, mas parecem se esquecer que é uma prática bastante comum o excesso de velocidade tanto em vias urbanas quanto em estradas sem que isso signifique a prática do racha, não sendo portanto exclusividade dos rachadores "ameaçar a segurança", e a quase totalidade dos acidentes com vítimas fatais nas rodovias não envolve rachas ou veículos "fuçados". Também deve ser levado em conta que as falcatruas promovidas por políticos ao negociarem a aquisição de ambulâncias de transporte eletivo a preço de UTI-móvel, por exemplo, matam mais do que os rachas mas não recebem a mesma "vigilância" por parte da imprensa (e do eleitorado, que deveria ser o maior preocupado com isso)...
Antes que insistam em dizer que eu estou fazendo apologia ao racha, volto a reiterar que tal prática está proibida pela legislação brasileira em vigor.