Na postagem anterior, onde eu expus a minha opinião sobre o ocorrido, apareceu um comentário destilando puro preconceito e inveja. Não liberei a publicação do mesmo, mas vale a pena analisá-lo por partes:
1- "Pode-se dizer que o sr. ********* trabalhava 48 horas por dia para ter o pão na mesa enquanto o bon-vivant Thor pode se dar ao luxo de devorar caviar em colher de sopa."
Insinuar sobre a condição financeira privilegiada do motorista como se essa fosse a única causa do acidente é uma grande irresponsabilidade. Houve uma somatória de erros que culminou com a morte do bicicleteiro, que transitava pelo leito carroçável da rodovia numa velocidade inferior à minima permitida, enquanto a assessoria de imprensa do empresário Thor Batista divulgou nota oficial alegando que ele conduzia o veículo dentro da velocidade permitida. Logo, mesmo que Thor estivesse acima da velocidade permitida o bicicleteiro já estava errado. Vale destacar que a bicicleta não possuía acessórios de sinalização adequados à circulação à noite, que deveria ser feita pelo acostamento. Da parte da administração da rodovia, a instalação de passarelas em pontos estratégicos e até a construção de ciclovias marginais à rodovia poderia ter zerado o risco que levou ao acidente;
2- "É muito fácil julgar pelas aparências, principalmente quando se tem táxi e lotação na porta de casa, e para muitos adoradores de motores poluidores e barulhentos que não se importam com a vida humana um automóvel de luxo vai ser sempre mais atraente que uma bicicleta "de pobre" financiada a carnê no supermercado."
Gostar de automóveis não é um descaso contra a vida humana como insistem alguns hipócritas. O próprio automóvel foi uma criação humana, e por mais que tenha algumas limitações no ponto de vista ambiental foi desenvolvido exatamente para facilitar a vida humana;
3- "Como se não bastasse o desconhecimento e os preconceitos contra o cicloativismo agora aproveita para dar vazão ao preconceito social."
Eu não tenho preconceitos contra o "cicloativismo", e sim uma opinião formada após ter o desprazer de ver adeptos dessa prática fazendo tumulto nas imediações da minha residência. Quem já teve a liberdade de ir e vir prejudicada por esses arruaceiros sabe como é desagradável. Costumam alegar que atrapalham "só por 5 minutinhos", mas isso não faz com que deixe de ser um incômodo;
4- "Com tanto ódio gratuito só faltava fazer alguma colocação sobre a cor da pele da vítima, como se mesmo após retornar do trabalho para a "senzala moderna" (sic) do subúrbio o negro pobre devesse fazer sem atrapalhar a diversão sádica e inconsequente do branco rico."
Apelar para a questão racial é muita falta do que fazer, e se eu quisesse poderia pedir a algum amigo negro que fosse cobrar explicações por tal declaração infundada. Quanto à questão de estar atrapalhando não necessariamente a diversão a bordo de um veículo motorizado, mas o direito de ir e vir, parece ser a tônica de muitos "cicloativistas" ao invés do fomento a uma infra-estrutura viária mais "bike-friendly", o que não significa necessariamente um combate aos veículos motorizados;
5- "Sou formado em Física pela UFRGS e posso afirmar que uma bici (sic) não tem o poder de destruição de uma Mercedes."
Pode ser formado na UFRGS ou no diabo que o carregue, isso é o que menos importa. Do mesmo modo que eu conheci pessoas que faleceram em colisões de carro, conheci pelo menos um que faleceu numa colisão envolvendo duas bicicletas;
6- "Por acaso a paixão do blogueiro é carros ou ARMAS?"
Pergunta imbecil que mereceria ficar sem resposta, mas além da paixão por carros eu sou favorável ao porte de armas para a população civil e não considero isso "coisa de psicopata" como dizem alguns
Ainda houve outro comentário inconveniente na postagem que eu fiz após ver o grupo "massa crítica" passar fazendo baderna nas imediações da minha residência durante a "bicicletada" do dia 24 de fevereiro de 2012...
1- "Legal é jogar fumaça no rosto das pessoas na rua então. Joinha, campeão."
Se o problema é relativo à fumaça, o fedor de maconha que acompanhava a "massa crítica" mesmo com escolta da Brigada Militar já serve para desqualificar o "argumento" dado;
2- "Um carro popular ocupa o mesmo espaço que 4 bicis (sic) na rua, e cada carro tem andado em média com menos de 2 ocupantes em Porto Alegre. É fácil botar a culpa do trânsito tumultuado na prefeitura por fazer menos obras carrocêntricas (sic) do que o blogueiro quer, mas não custa nada enxergar fora do próprio umbigo e ver que existem alternativas mais saudáveis para as pessoas coletivamente."
Porto Alegre tem problemas de engenharia de tráfego e de infra-estrutura viária que tornam o trânsito mais caótico, isso não pode ser negado. Por mais que a racionalização da plataforma de carga seja um bom paliativo para minimizar os congestionamentos, não pode servir como pretexto para que não sejam feitas obras para melhorar a fluidez do tráfego tanto de veículos particulares quanto de transporte coletivo. Por mais que os "cicloativistas" insistam em apresentar a bicicleta como a única solução para todos os problemas de mobilidade urbana, a baixa velocidade acaba sendo menos atrativa em alguns trechos mais longos, além da maior exposição às intempéries ser um inconveniente. Eu sou um ciclista experiente mas nem por isso insisto na bicicleta como um substituto para o automóvel ou o transporte coletivo em todas as circunstâncias;
3- "É fácil falar em respeito e opiniões contrárias quando não se aceita um contraponto racional e chamar os cicloativistas de irresponsáveis por lutar por uma cidade melhor para as pessoas sem tanta prioridade ao carro que mata e mutila milhares de cidadãos todos os anos."
A partir do momento que se incentiva o desrespeito ao direito de ir e vir e até à propriedade privada ao depredar veículos motorizados, o contraponto de "cicloativistas" não pode ser considerado racional. Eu conheço muitos idosos que não tem um condicionamento físico tão bom para pedalar longas distâncias, além de outros tantos que mal conseguem parar em pé sem ficar com dor nas pernas, então a partir do momento que se tenta restringir o direito desses cidadãos ao uso de um veículo motorizado particular não é uma luta por uma cidade melhor "para as pessoas", por exemplo.
Na prática, o que vem ocorrendo é uma "criminalização informal" da riqueza e suas demonstrações, motivada por uma inveja doentia e falso moralismo...