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Pensa num Fusca caído... |
No entanto, por mais que uma certa dose de teimosia e o orgulho besta inerente ao brasileiro sejam parte do problema, é injusto ignorar que há ao menos 6 fatores de ordem prática tornando o side-car menos atrativo a um público mais generalista.
Falta de proteção contra as intempéries e outros elementos: embora tal característica seja parte integrante da experiência motociclística, e alguns ainda a vejam como "diversão", não são todos que compartilham dessa perspectiva. E embora alguns side-cars estrangeiros antigos tenham sido feitos com capotas para maior conforto dos passageiros, tendo servido até mesmo como ambulâncias improvisadas até a I Guerra Mundial (e ainda sirvam para o mesmo propósito em algumas partes da África), no Brasil só se vê side-car para passageiros com a "gôndola" ou "banheira" aberta, enquanto side-cars fechados são menos incomuns em aplicações cargueiras.
Impedimento ao uso com outro implemento: enquanto carros e até motocicletas sem side-car podem tracionar pequenos reboques, o mesmo não se aplica às motos que estejam com o side-car. Naturalmente, não seria de se esperar que uma moto entre 125 e 150cc possa manter um desempenho satisfatório numa condição de carga mais extrema, mas por outro lado e tendo em vista as atuais regulamentações que classificam o side-car como uma carroceria (e portanto parte integrante do veículo) ao invés de equipará-lo ao reboque como se fazia anteriormente, ainda teria fundamento uma crítica a essa proibição.
Refrigeração do motor: esse aspecto talvez passe despercebido numa primeira olhada, enquanto pode também suscitar polêmicas... Como a maioria das motos utilitárias básicas permanece recorrendo à refrigeração a ar, mas sem recorrer a uma ventoinha para forçá-lo durante tráfego lento, depende mais de um fluxo contínuo de ar de impacto a velocidades constantes para uma boa refrigeração, tanto que em motos sem side-car essa é uma justificativa essencialmente técnica para a tão questionada prática de motociclistas usarem o "corredor" entre os carros. Tomando por referência o Fusca só para não perder o costume, a ventoinha sempre acabou se fazendo presente em aplicações automotivas da refrigeração a ar por esse exato motivo.
E por último, mas nem por isso menos importante...
Velocidade máxima e autonomia limitadas dificultando o tráfego rodoviário: não se pode negar que as motos sofrem com um maior arrasto aerodinâmico quando equipadas com o side-car, e portanto torna-se mais difícil tanto alcançar velocidades mais elevadas quanto mantê-las, principalmente as menores, mas sempre vai haver algum prejuízo sobre a economia de combustível. Por mais que as motos de baixa cilindrada quando equipadas com side-car ainda se mantenham mais econômicas que um carro pequeno movido a gasolina, álcool ou um "flex", é natural que o tamanho menor do tanque de combustível possa desencorajar eventuais percursos rodoviários devido à menor autonomia em comparação às mesmas motos quando originais. E por mais que não venha a ser efetivamente proibido lançar-se às rodovias a bordo de uma CG com side-car que se mantenha dentro do limite mínimo de velocidade (50% da máxima na via), é previsível que a maioria prefira ao menos uma sensação de segurança proporcionada pela carroceria fechada mesmo em um Fusca que na maioria das vezes ainda use até mesmo vidro comum ao invés do laminado no parabrisa...