sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Diferencial: facilitando o controle

Apesar de estar presente em quase todos os veículos modernos, excluindo apenas motocicletas, alguns triciclos, ou veículos maiores dotados de hub-motors (hoje ainda em fase experimental), o diferencial é um ilustre desconhecido para um grande público. Essencial para manter uma diferença entre a velocidade das rodas ao percorrer uma curva, compensando o raio mais amplo percorrido pela que fica do lado externo, garante um controle mais preciso das respostas do veículo.

No vídeo abaixo, produzido pela General Motors em 1937, é possível ver com uma didática simples os princípios operacionais básicos de tal dispositivo. O áudio original em inglês não apresenta uma pronúncia tão carregada de sotaque, o que facilita o entendimento a quem tenha um nível básico de conhecimento no idioma, e as imagens apresentam uma grande riqueza de informações.

Ainda que seja bastante simples, não é difícil encontrar triciclos improvisados a partir de motocicletas em que o diferencial não é usado. Alega-se que o efeito diferencial é mais sensível a partir de 60km/h, mas o condutor de um triciclo montado a partir de uma Honda CG 125 me disse já ter conduzido o veículo a 80km/h na "Freeway", rodovia que liga Porto Alegre ao litoral norte do Rio Grande do Sul.
Um efeito colateral da ausência do diferencial é o desgaste irregular nos pneus traseiros, pois o que estiver do lado interno na curva vai sofrer uma maior resistência ao rolamento enquanto a aceleração for mantida, sendo que o diferencial transmite a maior parte do torque à roda mais livre.

Entretanto, durante uso em terrenos hostis, o efeito diferencial pode se tornar indesejável, pois as rodas podem acabar "patinando" devido à instabilidade da superfície, devido à maior transmissão de força motriz às rodas que sofram menos resistência ao rolamento. Portanto, alguns veículos recebem um dispositivo para bloquear temporariamente a ação do mesmo, conhecido como "blocante".
Alguns idosos ainda se referem ao mecanismo como "tração progressiva" ou "tração positiva".

Na essência, é como um freio atuando sobre uma das engrenagens para impedir o efeito diferencial. É um sistema de ação mecânica, mas já é possível encontrar alguns com gerenciamento eletrônico.

Como alternativa de custo reduzido, uma opção pode ser o controle individual de frenagem das rodas motrizes, dispositivo bastante usado nos antigos Gurgel, que o traziam sob o nome "Selectraction", com duas alavancas para frear individualmente cada roda traseira, além dos sistemas tradicionais de freio de serviço e de estacionamento. Uma vantagem sobre o diferencial com bloqueio seletivo (ou automático) era a maior simplicidade mecânica, embora acabasse exigindo mais ação por parte do motorista do que o simples apertar de um botão. Mas na trilha a dificuldade faz parte da diversão...

Hoje, modelos mais sofisticados vem se valendo dos sensores agregados ao sistema de freios ABS para promover tal efeito de forma totalmente automática, como o Mercedes-Benz GLK.
Ainda que eventualmente seja subestimado, tem um sistema de controle de tração bastante eficiente...

Outra circunstância em que o bloqueio do diferencial é desejado, mas em pavimentos firmes, é nas competições de arrancada onde só se corre em linha reta e ainda há alegações de que em modelos de tração dianteira, principalmente com motor transversal, devido à diferença no comprimento dos semi-eixos uma das rodas acaba "puxando" mais, fazendo o veículo se deslocar para o lado da mesma, efeito conhecido como "torque-steer".

Ainda é possível incluir o drift, modalidade de pilotagem mais "artística" de origem japonesa, entre as ocasiões em que o efeito diferencial não é tão desejado, justamente por evitar derrapagens, que no drift são a razão de todo o espetáculo... Modelos de tração traseira dominam a categoria.

Na prática, apesar de não ser tão reconhecido, o diferencial exerce uma função essencial ao conforto e segurança...

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