terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Fusca '80 caracterizado como split-window

Não é novidade que o Fusca tornou-se um dos maiores ícones da história automobilística, não só por ter dado origem à potência industrial que a Volkswagen viria a se tornar, mas também com a popularidade que alcançou. E apesar de modelos não tão antigos também já alcançarem o status de colecionáveis, os primeiros com o vidro traseiro bipartido conhecidos como "split-window" (ou simplesmente "split") ou como "zwitter" também encontram fãs fervorosos que eventualmente modificam modelos posteriores com o objetivo de incorporar uma aparência mais antiga, principalmente no caso de exemplares que já recebam outras modificações tanto mecânicas quanto estéticas pelas mais variadas razões.
No caso desse 1300-L brasileiro ano '80, a parte traseira teve um resultado estético mais próximo ao de um split-window original, enquanto na dianteira o parabrisa maior e mais reto já entrega tratar-se de um exemplar modificado. Os faróis mais recuados também são visivelmente distintos dos originais tanto do split quanto do ano de fabricação desse Fusca, sendo mais retos e recuados em relação aos para-lamas dianteiros.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Até que ponto o termo "calhambeque" seria realmente pejorativo?

Um ponto bastante controverso entre apreciadores de veículos antigos, o uso do termo "calhambeque" como sinônimo daquela estética que ainda predominava entre as décadas de '20 e '30 do século passado, tendo modelos como o Ford Modelo A entre os exemplos mais recordados. As carrocerias ainda tinham alguns componentes mais destacados e pouco integrados aos demais subconjuntos, como faróis, grade do radiador e os paralamas, sendo bastante comum em veículos normalmente associados ao imaginário popular como calhambeque a presença de estribos laterais unidos aos paralamas. O desenvolvimento de um maior apreço aos veículos antigos com base no valor histórico, algo relativamente recente e que não deixa de ter sido favorecido pela reabertura das importações facilitando o acesso a peças de reposição com especificações mais próximas das originais e a influência cultural americana referente aos hot-rods que levou algumas empresas a oferecerem reproduções das carrocerias de alguns "calhambeques" até em versões originalmente utilitárias como pick-ups cujos originais tendiam a sucumbir a uma utilização mais severa enquanto ainda eram consideradas meras ferramentas de trabalho, certamente interferiu na menor aceitação do uso desse termo, ainda que não seja necessariamente tão depreciativo como outros mais específicos a exemplo de "chimbica" que está mais frequentemente associado ao Ford Modelo A.
É interessante observar que as características estéticas associados ao estereótipo de "calhambeque" não se restringiam a modelos de proposta "popular" como o Ford Modelo A, e chegavam a se manter até em veículos de pretensão mais prestigiosa como o Mercedes-Benz 170 S até a metade da década de '50. Até pode-se deduzir que uma interpretação do termo "calhambeque" como ofensivo varia de acordo com os modelos aos quais sejam aplicados, tomando por referência menções a outros veículos de projeto mais recente que fogem a essa estética e não fazem nenhuma referência "nostálgica" à mesma, mas também eventualmente não agrade a proprietários ou entusiastas embora a princípio uma referência a um Ford como calhambeque pareça menos fora de contexto que com relação a um Mercedes-Benz. Enfim, por mais que alguns elementos estéticos possam embasar uma utilização "neutra" ou até mesmo afetiva do termo, referir-se a alguns automóveis antigos como "calhambeque" pode causar constrangimentos desnecessários.