terça-feira, 28 de agosto de 2012

Uma observação pessoal sobre o projeto de implantação de táxis híbridos ou elétricos puros em Porto Alegre

Na edição de hoje, 28 de agosto de 2012, do jornal Metro Porto Alegre, saiu uma nota referente a um projeto de autoria do vereador Valter Nagelstein (PMDB) cuja tramitação na Câmara Municipal iniciou ontem, visando limitar a concessão de novas licenças de táxi a partir de 1º de janeiro de 2015 apenas a operadores que venham a usar veículos híbridos ou elétricos puros, a exemplo da medida que vem sendo adotada em Nova York, visando diminuir a emissão de gases poluentes.
Um dos fatores que podem dificultar a execução do projeto é a limitada disponibilidade de automóveis híbridos no mercado nacional, mais restritos a categorias superiores a exemplo do Ford Fusion Hybrid, que hoje até desempenha função de viatura presidencial. Mesmo vindo do México recolhendo menos impostos, ainda sai muito caro em compensação com modelos mais simples de fabricação nacional ou argentina normalmente usados como táxi em Porto Alegre.
Também pode pesar contra o modelo, bem como a produtos oferecidos por outros fabricantes, como o Toyota Prius, o motor que devido a artifícios adotados para simular o ciclo Atkinson acaba impondo dificuldades maiores na adaptação para operar com gás natural, bastante usado pelos taxistas porto-alegrenses devido às proibições ao uso do diesel em veículos leves.

A presença de ao menos um Chevrolet Volt na região metropolitana de Porto Alegre, ao que tudo indica atendendo à diretoria da fábrica de Gravataí, pode levantar especulações acerca da eventual introdução do modelo na frota de táxis, mesmo que seja cedo demais para afirmações precipitadas. No entanto, após declarações da Toyota sobre uma possível fabricação brasileira para o Prius visando centralizar a exportação para os demais países sul-americanos, não seria tão inesperada uma ação semelhante por parte da General Motors.
Também pesa a favor do Volt o compartilhamento do motor de combustão interna com algumas versões do Chevrolet Sonic já disponíveis no exterior até com adaptações para combustíveis gasosos (tanto o GNV quanto o GLP, cujo uso veicular é vetado pela legislação brasileira).

Já entre os elétricos puros, ainda há uma série de entraves técnico-burocráticos prejudicando a implantação dos mesmos, além de ainda apresentarem algumas limitações que dificultam a aceitação de uma parcela significativa do mercado consumidor. Um dos poucos que vem vencendo essa resistência inicial é o Nissan LEAF, cuja operação como táxi já é efetuada em algumas cidades em caráter experimental, incluindo São Paulo.

De um modo geral, eu ainda tenho algumas ressalvas quanto à real eficiência da tração elétrica no tocante à preservação ambiental, e considero a atual geração de híbridos movidos a gasolina um equívoco que acaba por prejudicar discussões acerca da liberação do uso de motores a diesel em veículos leves, tendo no Peugeot 3008 Hybrid4 um dos primeiros a romper esse círculo vicioso.
Não custa recordar que os motores do ciclo Diesel facilitam a adoção de combustíveis provenientes da biomassa, como o biodiesel e até mesmo o etanol, com eficiência térmica superior à da atual geração de motores "flex" de ignição por faísca.

Também me parece interessante lembrar outro tipo de veículo que poderia oferecer uma boa alternativa para reduzir as emissões na frota de táxis porto-alegrense, ou brasileira de um modo geral, mas que outra vez é ignorado: triciclos, que ainda contribuiriam para uma melhor fluidez do tráfego urbano...

domingo, 26 de agosto de 2012

Fotografia: cenas noturnas

Ford Ka com alterações visuais controversas, ao que tudo indica inspiradas por jogos como Need For Speed Underground...

Dodge Magnum brasileiro: um dos modelos mais marcantes da segunda metade da década de 70, até hoje nutre paixões com a sinfonia gutural do V8 de 318pol³ ou 5.2L.

Alfa Romeo 147: um dos automóveis mais belos do final da década de 90, apesar da idade do projeto ainda tem um aspecto agradável em comparação com modelos mais recentes.

Renault Juvaquatre: um simpático representante dos carros compactos franceses, produzido de 1937 a 1960. A robustez do modelo chegou a impressionar até os nazistas quando a França esteve sob ocupação alemã.

Mercedes-Benz 200D da geração W123 produzida entre 1975 e 1986.
Equipado com uma das primeiras versões do motor OM615, com 2.0L e potência entre 55 e 60cv, apesar do desempenho modesto tem uma durabilidade notória.
 

E para fechar com chave de ouro, o "castelinho" da Praça dos Namorados, localizada no centro de Florianópolis-SC.

sábado, 25 de agosto de 2012

Chevrolet Volt: outra vez em Porto Alegre

Já não é a primeira vez que eu me deparo com um Chevrolet Volt rodando por Porto Alegre, coincidentemente em ambas as ocasiões no bairro Moinhos de Vento, mas hoje o modelo não estava com decoração alusiva à VoltXpedition. Chama a atenção o design bem elaborado, sem ostentações desnecessárias. Ainda que a tração elétrica ainda seja motivo de controvérsias, principalmente depois da polêmica envolvendo exemplares que se incendiaram num armazém da NHTSA (National Highway Traffic Safety Authority, entidade que regulamenta a segurança automotiva nos Estados Unidos) após crash-tests, ao que tudo indica por desleixo de funcionários da própria NHTSA que ignoraram o procedimento habitual de desconectar os cabos de força (imprescindível em oficinas para que se possa trabalhar com segurança na recuperação de partes da carroceria atingidas por impactos), não é possível negar que o Volt aguça a curiosidade.

Desconheço a razão pela qual o modelo está circulando por Porto Alegre, mas possivelmente esteja a serviço de diretores da General Motors do Brasil, visto que está licenciado em São Caetano do Sul-SP, onde a GMB está sediada, apesar da empresa também ter uma unidade fabril em Gravataí, município da região metropolitana de Porto Alegre.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Dicas para recuperar um carro atingido por enchente

Um problema bastante comum ao adquirir um veículo usado é o risco de ser "premiado" com um que tenha sido precariamente recuperado após sofrer avarias numa enchente. Muitas vezes, uma depreciação mais acentuada na hora de revender o carro acaba sendo o menor dos problemas...

Atenção deve ser dada especialmente ao habitáculo: o acúmulo de matéria orgânica em suspensão na água de enchente favorece a proliferação de fungos e bactérias, que com o ambiente úmido e aquecido, sobretudo quando o veículo é exposto ao sol com a intenção de "secar", encontram condições bastante favoráveis. É imprescindível fazer uma correta higienização, preferencialmente com a desmontagem completa do interior para que se possa usar produtos mais adequados à limpeza de cada material (borrachas, tapeçaria, plásticos e metais diversos, incluindo conectores elétricos), evitando agravar os danos. Alguns desinfetantes usados para limpeza doméstica podem servir, mas antes deve-se testar numa pequena área do material a ser limpo para certificar-se de que não haverá manchas. Álcool etílico, líquido ou em gel, também podem ser usados, ainda que sejam um tanto inadequados para limpar peças de couro por ressecar as mesmas.

Para o sistema elétrico, incluindo componentes eletrônicos mais sofisticados, é extremamente recomendável passar um pano umedecido com álcool isopropílico para remover qualquer vestígio de matéria orgânica, que ao permanecer impregnada em conectores elétricos pode iniciar um incêndio depois de completamente seca.
Os dutos de ventilação e ar condicionado também devem ser higienizados, e ter todos os filtros substituídos para evitar que matéria orgânica impregnada nos poros dos mesmos fique apodrecendo e por conseguinte liberando compostos que além do odor desagradável podem desencadear reações alérgicas e problemas respiratórios.

A contaminação do óleo lubrificante do motor, bem como fluidos de transmissão, freios, direção hidráulica e outros, é outro ponto crítico. Caso ocorra um "calço hidráulico" durante uma tentativa mal-sucedida de transposição da área alagada, os danos ao motor são ainda mais graves a ponto de exigir uma retífica completa. Caso o veículo permaneça parado no foco da enchente, ainda é prudente substituir todos os fluidos, e se possível lavar motor, câmbio e diferenciais por dentro com querosene.

Na prática, recuperar um carro atingido por enchente é menos difícil do que pode parecer...

A quem possa interessar, agora faço um apelo para que ajudem a Cruz Vermelha das Filipinas, em benefício das vítimas das enchentes que afetaram a região de Manila no começo do mês. É possível fazer doações através do PayPal, Ushare ou Multiply em qualquer parte do mundo.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Motor transversal ou longitudinal: disposições com respectivos vícios e virtudes...

Uma dúvida que remonta à década de 50, quando Sir Alec Issigonis desafiou os padrões vigentes e incorporou no Austin Mini a montagem do motor em posição transversal para reduzir o comprimento do compartimento do motor sem comprometer o espaço para passageiros e bagagem, em nome da racionalização da extensão da plataforma, faz com que entusiastas dos automóveis questionem se tal sistema é mesmo "perfeito" em comparação com a disposição de motor longitudinal...

Um problema comum é o torque-steer, provocado pela assimetria dos semi-eixos de tração em função da disposição transversal de motor e câmbio: numa aceleração mais vigorosa, o veículo tende a "puxar" para o lado no qual a roda motriz receba a força através do semi-eixo mais curto. Poucos veículos de motor transversal tem semi-eixos simétricos, entre os quais pode-se destacar o Honda Legend.
Com motor longitudinal não costuma ocorrer torque-steer, visto que motor e câmbio ficam mais centralizados e por conseguinte os semi-eixos tem o mesmo comprimento. Tal razão acaba sendo favorável, por exemplo, para que gerações antigas do Volkswagen Gol ainda sejam fervorosamente cultuadas nas competições de arrancada...

A popularidade da suspensão McPherson intensifica o torque-steer num veículo de motor transversal, ainda que a adição de um contrapeso para compensar a diferença nas massas dos semi-eixos contribua para uma redução desse problema. Uma suspensão double-wishbone, como usada em gerações anteriores do Honda Civic, apesar do maior custo e complexidade promove uma boa neutralização desse fenômeno.

Em esportivos mais sofisticados como a Ferrari 458 Italia nota-se que a tradição do motor longitudinal não perde espaço. Por mais que alguns modismos modernos como os sistemas híbridos estejam batendo à porta da casa de Maranello, não há quem ouse fazer com que o inflamável V8 montado em posição central-traseira passe à disposição transversal.

Outro caso emblemático é o da Subaru, bastante conhecida pelo uso de motores com cilindros contrapostos, ou "boxer". Considerando a quantidade de cilindros na maior parte dos automóveis novos limitando-se a 4, o layout do "boxer" o torna até mais compacto, visto que tomando por referência a disposição longitudinal apesar da largura um pouco maior a altura e o comprimento sofrem uma sensível redução, a ponto do espaço físico total ocupado pelo motor ser menor que ao usar um similar de 4 cilindros em linha.

Comparando com o eterno rival Mitsubishi Lancer, que vem contando com motor transversal de 4 cilindros em linha a algumas gerações, o "boxer" do Subaru Impreza faz com que a eventual desvantagem do tamanho do compartimento do motor seja menos sensível, enquanto a simetria dos semi-eixos dianteiros traz significativa melhora na estabilidade direcional sob aceleração intensa e velocidades mais elevadas.

Outro caso que merece ser analisado é o do Citroën 2CV: inaugurando a tração dianteira num carro popular em 1948, antes mesmo da obra-prima de Sir Alec Issigonis ser apresentada, o modelo trazia um motor boxer de 2 cilindros que foi de 375cc a 602cc, e o volume ocupado pelo mesmo acabava sendo menor, ainda que bastante próximo de um motor de 2 cilindros em linha e 550cc e dos de 3 cilindros entre 660cc e 800cc montados transversalmente no Daihatsu Mira, que durante os anos 90 foi oferecido no mercado brasileiro como Daihatsu Cuore e contava com o motor de 800cc enquanto a importação foi feita oficialmente.

Também merece algum destaque o brasileiríssimo Gurgel BR-800 SL, que a exemplo do 2CV trazia motor "boxer" de 2 cilindros e longitudinal, nesse caso ainda associado à tração traseira. Por conta da cilindrada do carro popular de projeto nacional situar-se na mesma faixa dos 800cc do motor usado no modelo japonês, é possível fazer uma comparação mais justa, ainda que nesse aspecto permaneça desfavorável ao Daihatsu Mira...

Em veículos utilitários, atribui-se ao motor longitudinal uma maior versatilidade na seleção do layout do sistema de suspensão, podendo ir dos vetustos eixos rígidos do Jeep Willys à moderna suspensão independente nas 4 rodas do Subaru Forester.

Também credita-se uma maior liberdade na escolha de sistemas de tração mais reforçados para enfrentar ambientes severos ou trabalhos pesados. Para efeito de comparação, o Jeep Compass é bastante rejeitado por "jipeiros" mais apegados à tradição, e nisso o motor transversal associado a um layout de transmissão leve e compacto, digno de uma pacata minivan e portanto ferozmente desacreditado quanto à robustez, pesa de forma significativa, enquanto um Jeep Cherokee Sport com motor longitudinal e sistema de transmissão mais adequado a um pequeno caminhão até hoje é bastante cultuado pela excelente capacidade de tração.

Na prática, por mais que venha se insistindo no motor transversal em detrimento do longitudinal, vale destacar que ambas as configurações acabam trazendo vícios e virtudes bastante específicos...