quinta-feira, 10 de maio de 2012

Carros elétricos: uma proposta por vezes polêmica

Ainda que muitos associem a imagem de carros elétricos com modelos modernos como o Nissan LEAF, durante estágios mais iniciais da indústria automobilística já houveram experiências relativamente bem-sucedidas com esse tipo de propulsão veicular. Enquanto os motores de combustão interna eram novidade e encaminhavam-se para uma rápida evolução, os elétricos eram muito apreciados sobretudo pela operação silenciosa. Há 100 anos atrás até mesmo a General Motors oferecia modelos elétricos puros que por algum tempo foram populares em aplicações urbanas como táxi e veículos de entrega fracionada porta-a-porta. Hoje, o mais próximo disso que a GM chega é com o híbrido plug-in Chevrolet Volt com a autonomia de 64 quilômetros ao usar tração elétrica pura...
O discurso ecológico que motivou um reacendimento do interesse por esse sistema motriz muitas vezes acaba por despertar polêmicas, tanto em função da real eficácia quanto por questões mais subjetivas como até mesmo estereótipos relacionados à sexualidade dos proprietários de alguns tipos de veículo...
No entanto, a forma hostil com a qual alguns entusiastas da tração elétrica defendam suas opiniões e preferências leva ao surgimento de algumas rixas, principalmente com os apreciadores de veículos antigos e os adeptos de motores Diesel. Mas apesar de algumas pitadas de um humor ácido de ambos os lados e polêmicas pontuais, a convivência entre grupos tão distintos pode ser agradável. Eu mesmo não nego meu favoritismo pelo biodiesel, mas mantenho boas amizades com fãs declarados de veículos elétricos como o Igor Colombo dos Reis (que nutre uma predileção especial pelos trólebus) e o Nanael Soubaim (mais generalista e favorável tanto aos elétricos puros quanto aos híbridos).

Um ponto que fomenta polêmicas intensamente é relacionado às baterias tracionárias: ao passo que as mais modernas venham apresentando uma maior densidade energética (capacidade de acúmulo de energia em função do peso) com os modernos compostos à base de íons de lítio (normalmente Lítio-Ferro-Fosfato), o custo para promover um reprocessamento das mesmas com segurança é bastante elevado devido à alta reatividade de tais substâncias eletrolíticas. Assim, muitos modelos mais simples acabam equipados com as vetustas baterias de chumbo-ácido como seus congêneres de fins do Século XIX e começo do Século XX.
Por mais que o reprocessamento seja mais fácil, a contaminação ambiental por metais pesados torna-se mais crítica em caso de acidente com ruptura de células em uma ou mais baterias...
Os entusiastas da tração elétrica podem levantar pontos referentes à eficiência superior em motores elétricos em comparação tanto com os de combustão interna quanto com as respectivas transmissões necessárias para que a potência chegue às rodas, ao passo que alguns elétricos acabam dispensando-a em função da reversibilidade de rotação do próprio motor, e com a aplicação de hub-motors até mesmo o diferencial pode ser eliminado, dando maior liberdade para otimizar o posicionamento da bancada de baterias visando uma estabilidade direcional superior.
No entanto, a autonomia mais restrita e o longo tempo de recarga desencorajam potenciais consumidores, que acabam aderindo a modelos de porte semelhante com uma concepção mecânica mais tradicional...

Em ambiente urbano, além de muitos dispensarem a "caça" de marchas pela simples ausência de uma transmissão, os elétricos puros acabam levando vantagem pelo motor ser ativado apenas sob demanda, mas para os veículos com motor de combustão interna a evolução nas transmissões automáticas e automatizadas tem feito com que os prejuízos ao consumo acabem mais contidos, e hoje é possível incorporar até mesmo sistemas start-stop para acionar o motor sob demanda. Em modelos como o Smart, o dispositivo é conhecido como "MHD" ou micro-hybrid drive - tração micro-híbrida.

Um dos pontos que mais levanta polêmicas é referente à geração e distribuição de energia para os veículos: no caso dos modelos elétricos, em particular, muitos ainda temem a ocorrência de um novo "apagão" como os que ocorreram entre 2000 e 2001 no Brasil em função da infra-estrutura deficitária do sistema elétrico nacional e dependência excessiva em uma única fonte geradora. Também, por mais que a geração de energia elétrica para atender à demanda brasileira se dê principalmente por fontes tidas como "limpas", destacando as hidrelétricas, a nível mundial os combustíveis fósseis como o carvão e o petróleo ainda predominam, e no caso do carvão os níveis de poluição emitidos por uma usina termo-elétrica para alimentar carros elétricos podem superar facilmente o que emitiria uma frota de automóveis com motores Diesel, que são facilmente adaptáveis para rodar com combustíveis provenientes da biomassa.

Logo, por mais que os veículos elétricos sejam eventualmente apresentados como uma solução de mobilidade próxima da perfeição, ainda se faz necessário respeitar outras opções estabelecidas no mercado.

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