quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Análise de conceito: Kombi

Alguns veículos, além de conquistar lugar na História, definem conceitos. Um bom exemplo é a Kombi: lançada originalmente em 1950, originalmente como Volkswagen Transporter, teve em função do motor traseiro uma racionalização da plataforma de carga acima da média, principalmente em comparação com utilitários de origem americana como a Chevrolet 3100 Panel Van (e respectiva versão para transporte de passageiros, a Suburban).

Passou a ter produção brasileira em 1957, ainda na 1ª geração, conhecida como split-window em função do parabrisa dianteiro bipartido, que foi oferecida localmente e em alguns mercados de exportação até 1976, mas já em 1967 era substituída na Europa pela 2ª geração, conhecida como "clipper" em função da porta lateral corrediça. Aboliu a suspensão traseira por semi-eixos oscilantes para usar braços semi-arrastados com molas helicoidais, e já não contava mais com os hub-gears (cubos redutores) nas rodas traseiras.
Entre 1976 e 1996, uma versão intermediária entre a 1ª e a 2ª geração foi oferecida, incorporando o desenho frontal do modelo novo na carroceria antiga com porta lateral bipartida, conhecida como "bay-window" por trazer o parabrisa inteiriço mesmo sem a porta corrediça, incorporando também as alterações no eixo traseiro, e destinada tanto ao mercado brasileiro quanto para exportação à América do Sul, alguns países africanos que não adotam a mão inglesa (com destaque para a Nigéria, onde era montada a partir de kits CKD brasileiros) e países periféricos da Ásia como a Indonésia.

Ironicamente, a "clipper" já era fabricada em São Bernardo do Campo para exportação, usando ferramental de produção desativado na Europa em 1979, tendo como principal destino o México, e a partir da década de 80 versões equipadas com o motor EA-827 (mais conhecido como AP) 1.8 permanecendo naquele mercado até 2003.
Quando as versões destinadas ao mercado brasileiro passaram a contar com um motor EA-111 1.4 TotalFlex, a partir de 2006, retomaram a grade de radiador usada no modelo de especificação mexicana, mais integrado ao design original do que o usado na mal-sucedida Kombi Diesel dos anos 80...

A partir de 1979, com o fim da "clipper" na Europa, surgiu a 3ª geração da Transporter, que apesar de nunca ter sido oferecida oficialmente no mercado brasileiro teve alguns exemplares importados de forma independente. Produzida na Alemanha até 1992, permaneceu em linha na África do Sul até 2002. Contou com a opção por motores refrigerados a ar como nos modelos anteriores, mas teve também uma vasta linha de motores com refrigeração líquida, desde os "wasserboxer" com disposição de cilindros baseada nos refrigerados a ar até motores de 5 cilindros em linha compartilhados com a Audi na África do Sul, passando pelos 1.6 e 1.7 a diesel. Com acabamento mais elaborado e fartura de equipamentos opcionais, podia bater de frente até com as minivans luxuosas de origem americana e asiática.

Teve também versões com tração nas 4 rodas, ainda que devido à disposição do motor na traseira já proporcionasse uma capacidade de transposição de terrenos hostis acima da média em comparação com vans de projeto mais moderno...
Apesar de ter deixado de ser produzida, continua sendo melhor que a Mitsubishi L300 que teve importação oficial para o mercado brasileiro durante os anos 90 e permanece em linha nas Filipinas e em Taiwan, por exemplo.

Mesmo com as limitações do projeto em função da idade, principalmente no tocante à segurança como pode ser observado pela ausência de áreas de absorção de impacto (dando origem à citação macabra dizendo que "para-choque de Kombi é o joelho do motorista"), a relação entre as dimensões externas e a capacidade de carga, tanto em peso quanto volumétrica, ainda é bastante favorável à Kombi em comparação com alguns concorrentes modernos, o que a leva a permanecer no mercado brasileiro por alguns anos...

Um comentário:

Sérgio Preto disse...

Meu primeiro carro foi uma Kombi toda cheia de gambiarra, mesmo assim eu de vez em quando fico com saudade dela. Até a Kombi nacional antiga consegue ser melhor que essas vans importadas, mas sustentar uma na gasolina não é assim tão barato, só por isso que eu acabei passando ela adiante para pegar uma Besta.

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