A alguns dias, estive conversando com um amigo que está a cogitar a possibilidade de adquirir uma van para fazer transporte turístico. Mesmo considerando veículos usados, o alto custo dos modelos de concepção européia, como a Mercedes-Benz Sprinter, passa a fazer com que as vans asiáticas como a coreana Hyundai H-100 despontem como uma opção mais favorável...
A cabine avançada reflete uma maior racionalização da plataforma de carga, logo um veículo mais curto e muitas vezes com menor distância entre-eixos não tem o espaço para os passageiros comprometido ao mesmo tempo que a manobrabilidade em espaços mais exíguos é favorecida. Até mesmo a menor altura total em comparação com as vans de origem européia que atualmente predominam no mercado brasileiro, se por um lado acaba por impedir que se permaneça confortavelmente em pé dentro do veículo, torna possível o tráfego por locais com alguma restrição de altura. Apesar da H-100 não estar mais disponível como 0km no mercado brasileiro, a carroceria com predomínio de linhas retas é facilmente reparável em caso de avarias, além da área envidraçada plana facilitar a reposição quando necessário. Há uma grande quantidade de peças intercambiáveis com outros modelos, alguns ainda oferecidos localmente, desde elementos mecânicos até acabamentos, além de usar pneus de aro 14, mais baratos que os de aro 15 usados na maioria das concorrentes contemporâneas de origem européia. Experiências anteriores com uma caminhonete Hyundai HR também pesam favoravelmente aos utilitários coreanos.
Modelos de tração dianteira, como Renault Master e Fiat Ducato, também seriam boas opções a considerar, mas acaba-se entrando novamente na questão do custo de aquisição mais elevado que atinge as vans de projeto europeu. Mesmo assim, é importante frisar vantagens como a estabilidade direcional superior, plataforma de embarque mais baixa, além do menor consumo de combustível e melhor desempenho devido à transmissão mais leve e eficiente, o que acaba por fazer com que venha se popularizando em ambulâncias...
Em outros momentos, já chegamos até a apontar a clássica Kombi como uma boa opção, pois apesar do projeto antigo é a única a oferecer suspensão independente nas 4 rodas e tem a plataforma de embarque mais baixa entre os modelos de tração traseira, visto que a exemplo do que acontece nos ônibus o motor traseiro reduz a intrusão de elementos da transmissão no interior do veículo. Mesmo assim, tem alguns inconvenientes, como o compartimento do motor formando um desnível que acaba por limitar o espaço disponível para a montagem de uma quantidade maior de assentos sem comprometer o conforto, e a falta de opções como ar condicionado e direção hidráulica, além da indisponibilidade de versões movidas a óleo diesel destinadas ao transporte de passageiros. A 3ª geração da Kombi européia, mais conhecida como Transporter T3, já atendia melhor a requisitos operacionais do segmento turístico, mas infelizmente nunca esteve disponível oficialmente no mercado brasileiro e, por gozar de um maior prestígio entre colecionadores de veículos antigos, quando aparece uma à venda os preços são superiores ao de concorrentes asiáticas...
Em linhas gerais, inicialmente pode parecer difícil escolher uma van adequada ao transporte turístico, mas mesmo alguns modelos menos sofisticados podem vir a oferecer uma maior adaptabilidade a distintos cenários operacionais associada a um custo de manutenção reduzido, refletindo significativamente na rentabilidade...