sábado, 21 de janeiro de 2023

Há espaço para a moto TVS Sport 110i no mercado generalista brasileiro?

Uma motocicleta que chegou ao Brasil por iniciativa da startup Mottu, que as oferece em planos de aluguel que de certa forma me lembram o leasing, a TVS Sport 110i feita na Índia e trazida em CKD para ser montada na Dafra em Manaus já ganhou apreciadores, e certamente a aparência mais convencional diante da principal concorrente na mesma faixa de cilindrada exerce um efeito nesse sentido. Tendo em vista que a TVS e a Dafra já mantinham uma cooperação antes de ser trazida a Sport 110i especificamente para a operação da Mottu com o aluguel voltado ao uso profissional junto aos motoboys, chega a ser curioso que permaneça indisponível para a venda varejista nas concessionárias Dafra por todo o Brasil, além do mais que a Mottu tem uma presença menor a nível nacional, e portanto há uma oportunidade inexplorada fora dessa aplicação tão específica. E apesar de uma motocicleta nessa faixa de tamanho e cilindrada parecer pouco convidativa para algumas condições de uso que envolvam um eventual tráfego por trechos de rodovia nos perímetros urbanos, ainda pode constituir uma opção a mais em um mercado cada vez mais receptivo à motocicleta no contexto da "mobilidade urbana" e até no fomento de atividades comerciais que requeiram uma agilidade no transporte de pequenas cargas.

Além da economia de combustível ser uma das principais razões para motos pequenas terem uma demanda forte no Brasil, em que pese estarem concentradas em faixas de cilindrada tão permissivas no tocante à segurança que a TVS Sport 110i ainda vem com freios a tambor em ambas as rodas e portanto seja incompatível com a eventual instalação do sistema ABS pelo simples fato de freios a tambor em motocicletas terem o acionamento 100% mecânico ao invés de hidráulico como em carros, a simplicidade tem seus méritos aos olhos de uma parte do público que também cogita aderir às motos como uma alternativa perante deficiências do transporte público tanto em cidades de um porte maior quanto outras menores. É natural que o fabricante ou o importador prefiram tentar desovar junto ao público generalista um modelo pretensamente mais sofisticado que justificasse um preço inicial mais alto, o simples fato de ter sido feita a homologação do modelo no Brasil para uso de um cliente que fomenta um volume de vendas que superou expectativas no ano de 2022 a ponto de fazer a TVS figurar entre as marcas de moto mais vendidas no Brasil sem considerar modelos vendidos com a marca Dafra. Portanto, dada a disponibilidade tão restrita desse modelo, pode-se deduzir que há espaço para a TVS Sport 110i no mercado generalista brasileiro.

domingo, 15 de janeiro de 2023

Suzuki Intruder 125 bobber

Uma das motos custom de pequena cilindrada de maior sucesso comercial no Brasil, a Suzuki Intruder 125 foi oferecida entre 2002 e 2017 pela J. Toledo Motos do Brasil, e tanto exemplares mais próximos da mais absoluta originalidade quanto modificados são facilmente vistos nas principais cidades do país. É natural que sejam suscitadas dúvidas quanto à aptidão de uma moto 125 para o uso recreativo ao que normalmente se propõem as motos custom, mais frequentemente vistas como modelos recomendados a entusiastas de viagens, mas a estética bastante tradicional da Intruder 125 se presta bem a modificações que remetem aos estilos mais tradicionais como as bobbers. A inspiração é nas modificações minimalistas surgidas nos Estados Unidos à medida que veteranos da II Guerra compravam motos Harley-Davidson e suprimiam qualquer ítem que fosse considerado "não-essencial" para o funcionamento, aliviando peso e diminuindo a quantidade de possíveis ocorrências de alguma falha.
Atualmente uma infinidade de opções de motos feitas por outros fabricantes tomou boa parte do espaço que parecia cativo da Harley-Davidson, sobretudo os fabricantes japoneses como a Suzuki pelo custo de aquisição menor, especialmente à medida que as faixas de cilindrada mais austeras nos segmentos mais generalistas eram deixadas de lado por fabricantes americanos e europeus. Normas mais rígidas tornam menos comum levar algumas modificações aos mesmos extremos da época que surgiram as bobbers, de modo que suprimir por exemplo o freio dianeiro ou a lanterna traseira poderia causar problemas ao uso em vias públicas, mas na essência a idéia básica permanece, mesmo que também sejam usadas motos de proposta mais austera em comparação aos modelos de alta cilindrada que eram o padrão no imediato pós-guerra. E mesmo que acabe sendo mais conveniente para uso urbano que longas viagens, é inegável que essa Suzuki Intruder 125 ano 2004 ficou interessante como bobber...

domingo, 8 de janeiro de 2023

Kombi Pick-Up '99: futuro colecionável

Encontrar uma Kombi Pick-Up já da época que passou a usar injeção eletrônica, reconhecível devido à sonda Lambda "espetada" imediatamente antes do catalisador, já tem sido algo raro. Tanto por um uso predominantemente para trabalho pesado que impõe um severo desgaste a utilitários de um modo geral quanto por ter demorado até '98 para a Kombi finalmente receber injeção eletrônica no Brasil, e a Pick-Up ter permanecido em linha só até o ano 2000 enquanto as versões Standard e Furgão seguiram em linha e o motor de arrefecimento a ar continuou até 2005 antes de ser dar lugar a um de arrefecimento a líquido na fase final de produção da Kombi até 2013, tornou-se bastante incomum avistar exemplares com essa configuração. E o mais interessante é a carroceria de madeira, algo verdadeiramente icônico em se tratando de utilitários antigos no Brasil de um modo geral e confere uma aparência mais "séria" que até remete aos caminhões mesmo, trazendo um interessante contraste com o perfil de uso misto e às vezes mais recreativo incorporado às pick-ups modernas.

Embora a Kombi ainda marque uma presença frequente nas ruas, estradas e até trechos mais bravios por esse Brasil afora, tendo em vista a inquestionável versatilidade especialmente atribuída com uma maior ênfase à versão Standard, bem como o valor de revenda normalmente mais alto em comparação ao que se via entre os modelos destinados mais especificamente ao transporte de carga, a Pick-Up já ficou bem mais rara até em antigos redutos da linha Volkswagen clássica de motor traseiro como o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Mesmo com um tamanho bastante conveniente para uso estritamente profissional, e com um daqueles motores que acaba sendo considerado "à prova de burro" aos olhos do brasileiro, no fim das contas a Pick-Up sofreu mais com a concorrência tanto nacional quanto importada logo após a reabertura das importações na década de '90, tendo em vista as pick-ups passando a ser um símbolo de status enquanto a Kombi Standard e a versão Furgão permaneciam menos ameaçadas mesmo em meio à chegada de concorrentes modernos. E assim, a Kombi Pick-Up da última fase de produção tende a ser mais apreciada como um futuro colecionável.