quinta-feira, 14 de junho de 2018

Até que ponto seria realista apontar um sucessor para o Fusca?

Não é nenhuma novidade que o Fusca tornou-se um ícone no Brasil, e consolidou o conceito de carro "popular" antes que fosse desvirtuado pelo ex-presidente Fernando Collor de Melo quando passou a priorizar um limite de cilindrada em detrimento de outras características mais realistas de acordo com as condições de uso dos veículos no país. Hoje os segmentos de carros compactos e subcompactos estão muito mais disputados em comparação à época que o Fusca começava a dominar um mercado onde a concorrência vinha principalmente de modelos ingleses e franceses que estavam mais para uma miniatura dos carros maiores que para uma solução destinada especificamente a modelos de entrada, mas estão com uma maior similaridade técnica e já não há algum que se destaque numa proporção comparável à "revolução" provocada pelo Fusca em um país até então mais influenciado pelos carros americanos de porte mais avantajado e alguma complexidade mecânica que não deveria ser subestimada. Afinal, mesmo com suspensão independente nas 4 rodas que já se tornou incomum até em carros novos e válvulas no cabeçote que contrastavam com os motores "flathead" de válvulas laterais ainda muito usados em carros americanos até a década de '50, em pouco tempo o Fusca virou o jogo e se tornou a referência.

Como seria de se esperar, não foi uma batalha das mais fáceis tendo em vista que as "banheiras" de origem americana como o Mercury Eight ofereciam mais espaço e capacidade de carga, mas num país ainda essencialmente agrário o Fusca era beneficiado pelo motor traseiro, mais próximo ao eixo de tração e portanto favorecendo uma maior aptidão ao tráfego em terrenos mais rústicos que as ruas e estradas pavimentadas. A refrigeração a ar também se revelava um trunfo diante do que até então se oferecia no país, tendo em vista que na década de '50 nem se falava em aditivo de radiador para evitar a ebulição ou o congelamento da água em meio às temperaturas extremas durante a operação de um veículo. A ausência de um radiador que não fosse o de óleo, bem como de mangueiras e bomba d'água, já figurava como uma vantagem por reduzir os custos de manutenção. Embora hoje seja praticamente impossível cumprir as normas de emissões mantendo a refrigeração a ar num automóvel moderno, essa característica faz com que fique ainda mais difícil propor um substituto efetivo para o Fusca tendo em vista o velho mote publicitário postulando que "o ar não ferve nem congela". Claro, hoje há quem prefira adaptar um motor mais moderno e com refrigeração líquida num Fusca pelos mais variados motivos como um melhor desempenho ou economia de combustível, mas a refrigeração a ar permanece contando com entusiastas fervorosos.
A carroceria com duas portas, que no início foi também tratada como uma vantagem tendo em vista que requeria menos uso de graxa nas dobradiças e ao menos em teoria oferecendo mais resistência à torção quando comparada a uma com 4 portas, hoje seria considerada indesejável pela maior parte do público brasileiro. Não deixa de ser portanto interessante observar o contraste com o Citroën 2CV, que no Brasil foi inexpressivo mas foi talvez o concorrente de maior peso contra o Fusca em alguns dos principais mercados onde o automóvel passava por um processo de popularização semelhante, e que apesar de recorrer a motor e tração dianteiros como se vê em carros urbanóides modernos não deixava de oferecer uma aptidão razoável a condições de rodagem severas que poderia atender bem à população do interior ou de periferias com infraestrutura precária. De certa forma, o 2CV era ainda mais rústico e eventualmente possa ser reputado mais versátil que o Fusca caso consideremos a maior facilidade não só na acessibilidade de passageiros no banco traseiro mas também para acomodação de bagagens ou carga, e num outro momento histórico chegou a estar mais próximo de ter um "sucessor espiritual" efetivamente realista aproveitando o mesmo conjunto mecânico. Alguns fãs incondicionais do Fusca podem considerar descabida a comparação porque o Citroën 2CV usava um motor que chegou a ter menos da metade da cilindrada de um Fusca do mesmo ano de fabricação, mas as propostas de ambos eram muito semelhantes.

Aquele que pode ser tratado como o mais próximo de um efetivo "sucessor espiritual" para o Fusca foi o Gol quadrado, que apesar de recorrer à configuração de motor e tração dianteiros usava o bom e velho boxer quando foi lançado, mas só se tornou um sucesso de mercado quando aderiu a um motor de refrigeração líquida. A aparência mais de acordo com as aspirações do público urbano dos anos '80 não deixava de ter sua relevância no sucesso comercial do Gol, mas as condições brasileiras tanto no âmbito econômico e social quanto na precariedade da malha viária não deixavam de fomentar alguma desconfiança inicial diante de um veículo com uma concepção básica tão discrepante do que viria a ser substituído. Outra vez buscando um exemplo na Citroën visando estabelecer uma comparação equilibrada, a experiência devidamente consolidada da marca com a tração dianteira proporcionou uma transição muito mais suave para modelos então modernos e mais orientados a um público urbano que não se dispunha a abrir mão de um acabamento menos rústico, como podia ser observado no Visa que ofereceu tanto motores com 4 cilindros em linha e refrigeração líquida a gasolina ou diesel (caso do exemplar da foto abaixo) em posição transversal com câmbios de 4 ou 5 marchas quanto o boxer de 2 cilindros refrigerado a ar em posição longitudinal e com câmbio de 4 marchas como no 2CV.


Atendo-se novamente à linha Volkswagen, dentre os modelos atuais o up! é o que vem sendo tratado como o mais próximo de um sucessor para o Fusca tomando por referência o posicionamento como modelo de entrada na maioria dos mercados onde é comercializado, embora o modelo de produção em série tenha abandonado o motor traseiro que chegou a ser cogitado na fase de projeto. Mas como não teve no Brasil o sucesso comercial inicialmente esperado, acabou alçado à condição de "carro de nicho", enquanto as gerações atuais de Gol e Polo disputam mais facilmente a atenção de um público generalista. O tamanho compacto atrai o público urbano pela facilidade de estacionar, e a opção pelo motor TSI dotado de turbo e injeção direta mesmo passando longe de ser barata e facilitar a execução de reparos improvisados rendeu um destaque no tocante ao desempenho conciliado à economia de combustível, mas nem a versão pretensamente aventureira cross up! consegue inspirar a mesma confiança para uso severo que um Fusca transmite tanto original quanto modificado ao estilo "Baja Bug". E que não venham os fãs do up! dar sermão sobre segurança, ou fazer acalorados discursos em torno de quantas estrelas tenham sido obtidas nos testes do Latin NCAP, porque apesar desse tema ser relevante acaba agregando um custo que vem tornando o carro 0km uma perspectiva ainda mais distante para uma parte considerável do público brasileiro.

A bem da verdade, como o Fusca usava chassi separado da carroceria, a mesma facilidade observada para se fazer alterações de carroceria sem que a rigidez estrutural fosse totalmente comprometida também poderia ter servido de pretexto para outras atualizações não apenas de estilo mas também de freios e suspensão que pudessem ter mantido essa configuração competitiva diante de projetos mais recentes que recorrem ao monobloco e hoje disputam o segmento dos carros "populares". Por mais que tal abordagem tivesse sido aplicada e não viesse a eliminar os custos de desenvolvimento quando eventuais atualizações fossem consideradas, não convém esquecer que o uso de conjuntos mecânicos do Fusca já foi uma solução bastante comum para salvar do sucateamento modelos importados até mesmo originalmente dotados de motor dianteiro como um Simca 8 remontado sobre um chassi encurtado de Fusca que um tio meu teve ou um Citroën Traction que eu vi aqui em Porto Alegre a alguns anos atrás. Por mais que essas adaptações tenham sido comuns entre as décadas de '70 e '90 e fossem motivadas basicamente pelas dificuldades na obtenção de peças de reposição originais, não dá para ignorar que apenas reforçam uma vez mais a versatilidade inerente ao projeto básico do Fusca e não deixa de dificultar mais ainda a busca por um efetivo substituto.

Digno de uma menção especial dentre as tentativas de suceder o Fusca foi o conturbado projeto dos Gurgel BR-800 SL e Supermini, com motor dianteiro e tração traseira que podiam levar a crer em um prejuízo às capacidades de incursão por terrenos irregulares mas cuja procura por um equilíbrio de peso na proporção de 50% por eixo quando vazio visava atenuar e até seria naturalmente compensada ao trafegar com carga. Tinha seus méritos em função de ter sido projetado especificamente para atender às necessidades brasileiras, ao invés de ser uma mera simplificação de projetos destinados aos países desenvolvidos como passou a ocorrer a partir de '90 quando o incentivo fiscal originalmente instituído em '87 pelo ex-presidente José Sarney para veículos com motor até 800cc foi alterado por Collor e passou a abranger um limite de 1000cc que se mantém até a atualidade. O motor boxer de 2 cilindros, que chegou a ser tratado equivocadamente por parte da mídia e do público como se fosse "meio motor de Fusca" mesmo recorrendo à refrigeração líquida e comando de válvulas com sincronização por corrente, teria sido desenvolvido a contragosto pelo engenheiro João Augusto Conrado do Amaral Gurgel após uma negociação de uma licença para produção e uso do motor do Citroën 2CV ter sido abortada em virtude de uma cláusula contratual que condicionaria eventuais exportações a uma autorização prévia da Citroën. Ironicamente, hoje muitos remanescentes desses modelos produzidos respectivamente de '88 a '91 e de '92 a '95 rodam com motor Volkswagen adaptado.

Desde o Fiat Uno Mille que foi o primeiro a se beneficiar da tributação mais favorável que originou o atual conceito de carro "popular" até o Chevrolet Onix que tornou-se um improvável líder não só no mercado brasileiro mas também na América Latina, talvez o aspecto que mais se aproxime do legado do Fusca seja um receio do consumidor em apostar nas novas tecnologias para os motores. De certo modo remetendo à incredulidade de um executivo da Opel que teria reputado o motor do Fusca como muito sofisticado por incorporar conceitos então mais difundidos entre motores aeronáuticos à época da apresentação dos primeiros protótipos na Alemanha, o brasileiro se acostumou a negligenciar a manutenção preventiva motivado não apenas pela má-vontade de uma parte ainda expressiva dos mecânicos que resiste em se aperfeiçoar para trabalhar em veículos de maior complexidade técnica mas também pela busca da economia porca ao usar insumos de especificação mínima ou abaixo da recomendada e à procura pelo medíocre que faça um servicinho meia-boca apenas pelo preço menor que o de um profissional competente. Fazer uma gambiarra somente para tentar suprimir o efeito de uma pane que tenha surgido durante uma visita a parentes que morem em algum rincão isolado no interior até que se faça o reparo correto é aceitável, mas quando a prática se torna constante é o caso de se reavaliar o quão oportuno seria se desfazer do Fusca por um carro de motor menos rústico.

Talvez a abordagem mais eficiente no tocante a carros "populares" seja a do Japão, onde modelos tão diversos quanto um hatch claramente urbanóide como o antigo Subaru Vivio até um jipinho com boa aptidão a percursos fora de estrada como o Suzuki Jimny acabam por se complementar e atender a um público com necessidades e preferências mais variadas que possam não ser necessariamente satisfeitas por um único modelo. Embora aspectos da regulamentação japonesa para os kei-jidosha como o limite de cilindrada até 660cc e potência até 64cv ou as dimensões máximas de 3,40m de comprimento por 1,48m de largura e até 2 metros de altura tenham uma eficácia questionável pela nossa perspectiva brasileira, como a necessidade de recorrer ao turbocompressor para se alcançar o limite de potência previsto e o custo de produção possa ficar maior que o de um motor de aspiração natural com cilindrada superior ou que um descaso com a manutenção do turbo viesse a prejudicar a vida útil operacional do veículo, bem como a necessidade de atender a uma maior variedade de cenários operacionais caso seja o único veículo de um núcleo familiar, ainda é o exemplo que me parece mais realista apesar de não deixar de ter suas dificuldades de ordem técnica. Cabe destacar o sucesso de microvans de projeto originalmente japonês como a Asia Motors Towner de fabricação coreana que teve boa aceitação no Brasil durante a década de '90 e foi derivada de uma geração da Daihatsu HiJet, ou das inúmeras imitações chinesas da Suzuki Carry como as Chana/ChangAn Star que para o Brasil vinham só com tração traseira mas em outros mercados chegaram a contar até com opção de tração 4X4.

Com um projeto evidentemente antigo mas que ainda apresenta méritos, o Fusca mantém uma legião de admiradores que o reverenciam não apenas pela importância histórica mas também por se manter como uma opção realista para atender de forma satisfatória a alguns usuários do modelo tanto na cidade quanto em zonas rurais e periferias. Sem levar em consideração fatores como a facilidade de manutenção e uma adequação a condições de rodagem severas que dispense uma "tropicalização", é muito difícil atribuir um sucessor que ofereça versatilidade comparável nos mais diversos cenários operacionais a um custo razoável e com relativa facilidade para receber adaptações e melhorias. Por mais que hoje o mercado brasileiro apresente uma maior competitividade nos segmentos de entrada, o que de certa forma acabaria diminuindo o destaque a ser alcançado por um eventualmente legítimo "sucessor espiritual", o próprio Fusca chegou a concorrer no exterior tanto com modelos de projeto próximo em idade quanto outros mais modernos e até alguns Fords ingleses mais primitivos sem deixar de se destacar por suas próprias qualidades. Enfim, por mais que já tenha sido tentado em momentos até mais favoráveis a uma movimentação nesse sentido, hoje não seria muito realista apontar um sucessor para o Fusca...

domingo, 3 de junho de 2018

Ainda haveria espaço para a injeção eletrônica monoponto?

Depois de ver no YouTube alguns vídeos de carros originalmente equipados com injeção eletrônica multiponto sendo adaptados com carburador tanto no Brasil quanto em outros países, me pareceu oportuno tratar desse tema. Afinal, mesmo que parecesse até razoável por ter menos componentes e a princípio diminuindo o custo inicial, a injeção eletrônica monoponto deixou de ser usada em modelos comercializados regularmente no Brasil pelo final de 2001 quando a Fiat substituiu no Uno Mille o motor Fiasa por uma versão de 8 válvulas do Fire que não só vinha com a injeção multiponto mas também trazia o corpo da borboleta de admissão eletrônico sem ligação mecânica com o pedal do acelerador (drive-by-wire).
De fato, por se tratar de um modelo desde o início destinado a um segmento mais modesto do mercado, não deveria ser de se estranhar a procura por soluções pouco ortodoxas que apresentassem um custo mais baixo, não só devido à maior complexidade inerente à eletrônica mas também à mão de obra disponível que nem sempre é das mais familiarizadas com esses sistemas. E por falar no motor Fire, recomendo esse vídeo de um chileno radicado na Argentina adaptando carburador num Fiat Siena com o motor Fire 1.3 de 16 válvulas:
Embora o acesso a peças de reposição e equipamentos adequados para a manutenção corretiva de sistemas de injeção eletrônica se tornem efetivamente mais desafiadores numa região mais distante de grandes centros como ainda é o caso de alguns vilarejos na Patagônia, esse tipo de modificação também encontra adeptos entre os argentinos urbanos e nas "villas miseria" de Buenos Aires e outras cidades grandes em função do custo. Ao contrário do Brasil, onde já está mais difícil encontrar um carburador novo a preços acessíveis para reposição e a injeção eletrônica ganhou bastante espaço em adaptações principalmente pela influência da empresa gaúcha FuelTech no mercado de preparação de motores, na Argentina ainda há uma maior facilidade para encontrar carburadores novos tanto no mercado de reposição quanto por se manter em uso na maioria das motos 0km de pequena cilindrada. Apesar da presença do carburador no Brasil estar se tornando menos comum até no segmento motociclístico, a ponto de modelos como a Honda CG também terem aderido à injeção eletrônica (naturalmente monoponto por ser uma moto monocilíndrica), ainda tem sido mais fácil encontrá-lo para reposição para motos.
 À medida que a injeção eletrônica vai se massificando também em motos utilitárias com motor de 1 cilindro, e considerando que o carburador de gerações anteriores das mesmas vem sendo usado para adaptações em carros como a Volkswagen Parati G3 do vídeo abaixo, não me causaria tanta surpresa que se tentasse algo similar tomando como base o hardware de uma injeção eletrônica monoponto originalmente destinada a uma moto pequena. Embora muitos proprietários de carros adaptados com carburador de moto costumem relatar uma redução do consumo de combustível, invariavelmente esse recurso sacrifica a capacidade de ajuste da mistura ar/combustível em tempo real que poderia levar a uma melhora não só na questão do consumo mas também das emissões de poluentes que acabam sendo deixadas para segundo plano por muitos que querem apenas fazer o veículo funcionar novamente...

A favor de um retorno da injeção monoponto em aplicações automotivas, cabe recordar o exemplo do motor Fiasa 1.5 usado em alguns modelos da Fiat como o Fiorino. Os motores Fiasa ainda contavam com o coletor de admissão aquecido, que evitaria uma condensação da gasolina (ou etanol quando aplicável) e a consequente formação de gelo no coletor, além de no caso do 1.5 haver uma ligeira vantagem no torque em baixas rotações quando equipado com a injeção monoponto ao invés da multiponto.
Seria possível buscar diferentes argumentos para tentar justificar tal ocorrência, que poderia talvez ser replicada num motor de injeção multiponto mediante o uso de dutos de admissão mais longos. Mas numa época em que até a injeção direta mesmo ganhando espaço em veículos de projeto bem mais recente que o Fiorino acaba encontrando alguma resistência, em função do custo e também do impacto sobre as emissões de óxidos de nitrogênio (NOx) e alguma fuligem que antes eram mais críticos em motores Diesel, talvez até esse aparente "estrangulamento" do motor quando equipado com uma injeção eletrônica monoponto pudesse ser útil para reduzir a carga de recirculação de gases de escape (EGR - Exhaust Gas Recirculation) que se faria necessária para manter os NOx sob controle. E um ligeiro "downrevving" combinado a uma relação de marcha alongada na mesma proporção do aumento do torque em baixas rotações seria benéfico à economia de combustível.

O vídeo a seguir, que mostra uma Chevrolet Silverado 3500 mexicana convertida para gás liquefeito de petróleo (GLP - "gás de cozinha") usando um carburador de empilhadeira e uma ignição eletrônica analógica ao invés da injeção eletrônica multiponto e ignição mapeada originais de fábrica também fomenta questionamentos até mesmo em função de já ser bastante comum o uso de kits de conversão para combustíveis gasosos com gerenciamento eletrônico.
A indústria de conversão de veículos para gás natural teve que se adaptar à exigência de kits gerenciados eletronicamente para aplicação em modelos fabricados a partir de '97, tanto nos sistemas de "pressão negativa" que são monoponto quanto nos de "pressão positiva" que são multiponto e se tornaram mais comuns à medida que as conversões de 5ª geração ganhavam espaço. De certa forma, embora ainda haja quem recorra a kits "torneirinha" com a distribuição do combustível em ponto único mas sem gerenciamento eletrônico para conversão a gás natural no Brasil mesmo em modelos originalmente equipados com injeção multiponto, a experiência com a eletrônica no sistema de "pressão negativa" poderia soar como um precedente para desmistificar eventuais adaptações da injeção eletrônica monoponto para combustíveis líquidos como a gasolina e o etanol em substituição a uma multiponto que apresentasse falhas graves ou tivesse alguns componentes eletrônicos furtados como infelizmente é comum em veículos provenientes de leilões.

Mas além de um custo intermediário entre gambiarras com carburadores e uma injeção multiponto, também não se pode ignorar a integração entre o gerenciamento eletrônico dos motores e alguns sistemas de segurança modernos como o controle de estabilidade que já seria possível com uma injeção monoponto mas impossível com um carburador. Logo, embora num primeiro momento pareça mais difícil justificar como algo "em cima do muro", a questão da segurança também pode pesar para que a injeção monoponto viesse a ser menos desprezada.