Além de outros fabricantes ocidentais terem deixado de lado o segmento de furgões médios no Brasil já no início do século, enquanto os fabricantes coreanos também tiraram um pouco o foco nos utilitários estritamente comerciais visando consolidar uma imagem mais pretensamente prestigiosa, até mesmo os chineses recuaram a partir de 2014 com o intuito de se firmar nos segmentos mais generalistas e ainda evitar os custos associados ao enquadramento nas normas de segurança que passaram a vigorar naquele ano com a exigência de freios ABS e a depender das capacidades de carga ou passageiros também uma obrigatoriedade do airbag. E apesar do Fiat Scudo por exemplo ser mais largo e comprido que furgões de cabine avançada como eram a Kombi e os modelos asiáticos que vieram em quantidade considerável para o Brasil principalmente entre a reabertura das importações e 2005 quando a transição das normas de emissões Euro-2 para Euro-3 motivou Kia e Hyundai a deixarem o mercado para furgões de origem européia e tamanho maior, certamente foi uma decisão acertada a chegada de furgões com um tamanho ainda relativamente conveniente para o uso urbano e uma capacidade volumétrica razoável comparado a modelos maiores. Embora lancem mão da tração dianteira e haja o compartilhamento de componentes com carros médios e SUVs tipo crossover, o que acaba contribuindo para um conforto até em função da suspensão independente nas 4 rodas, e remetendo também à Kombi ter herdado do Fusca a suspensão independente que podia parecer "revolucionária" diante de utilitários americanos que predominavam no Brasil antes da chegada da Volkswagen, talvez a falta de versões 4X4 como as disponíveis na Europa seja o único fator que falta para poder dizer que é de fato uma "nova Kombi" diante de uma possível melhoria na trafegabilidade em terrenos mais bravios pelo interior que ainda favoreciam a Kombi pelo motor e tração traseiros que a tornavam menos susceptível às alterações na concentração de peso entre os eixos inevitável em veículos de carga com motor e tração dianteiros principalmente com o cockpit recuado com relação ao eixo dianteiro.
No caso específico de aplicações para transporte de passageiros ou uso misto, a concorrência é menor que para o transporte exclusivo de carga, levando em consideração tanto a homologação de adaptações de assentos ser mais burocratizada hoje quanto ainda haver uma boa aceitação de utilitários estritamente cargueiros com tamanho mais compacto e uma concepção mais "arcaica" com capacidades similares em contraste com a busca por mais conforto para passageiros. E apesar da atual geração de furgões médios da Stellantis ter chegado ao Brasil num primeiro momento mais voltada ao transporte de carga, também ficou clara a oportunidade tanto para versões de uso misto quanto adaptações homologadas mantendo a garantia de fábrica, com a possibilidade de atender tanto a detentores de CNH categoria B que podem conduzir veículos para até 8 passageiros além do motorista a exemplo do que acontecia com a Kombi quanto quem tenha CNH categoria D e possa conduzir veículos com uma quantidade maior de assentos. Enfim, por mais que algumas diferenças de ordem técnica se façam notar, a atual geração de furgões da Stellantis encaminha-se para algo mais próximo do que seria uma "nova Kombi" propriamente dita.