sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Será que todo Fusca é mesmo "flex"?

Não é de hoje que o Fusca é reconhecido como um dos carros que mais marcaram o Século XX, em grande parte por mérito da concepção mecânica extremamente robusta e de fácil manutenção, que proporcionavam uma excelente aptidão a enfrentar as condições de rodagem severas encontradas em zonas rurais, na Europa então devastada pela II Guerra, ou nas periferias terceiro-mundistas da América Latina e da África. Ainda hoje a capacidade de incursão em terrenos hostis é reconhecida como uma das melhores entre todos os carros "populares" já produzidos, tanto em exemplares originais quanto nos "Baja bugs" modificados para o off-road recreativo.

O motor do Fusca, apesar de algumas dificuldades na estabilização da marcha lenta e da baixa compressão inerentes à refrigeração a ar, apresenta boa adaptabilidade a combustíveis alternativos como o gás natural, gás liquefeito de petróleo (GLP), biometano, gás de carvão e também o etanol. Enquanto na Nazilândia Alemanha alguns protótipos foram equipados com gasogênios durante a II Guerra, não se pode esquecer da experiência brasileira com o ProÁlcool, e já a partir de 1979 era possível encontrar Fuscas movidos a álcool hidratado. Apesar das limitações tecnológicas dificultarem o gerenciamento térmico, e da marcha-lenta irregular logo após a partida a frio que ajudou a minar a popularidade do Fusca a álcool no mercado varejista, o conceito estava provado.
No entanto, por motivos fiscais, havia quem comprasse Fusca a etanol e simplesmente retirasse alguns restritores retráteis posicionados sobre as aletas de refrigeração do cabeçote, usadas para reter calor por mais tempo após a partida a frio, logo que o controle termostático que as regulava parasse de funcionar, e assim ainda podia rodar normalmente na gasolina. Logo, não seria tão equivocado considerar o Fusca como um dos primeiros "flex" do mercado brasileiro, assim como outros modelos com o qual compartilhava a base mecânica, como a Brasília.
Vale destacar, ainda, que a adaptabilidade a misturas de etanol era um dos argumentos publicitários usados pelo representante da Volkswagen nas Filipinas na época que a Brasília foi montada por lá em regime de CKD.
"Alcogas" ou "gasohol" é como se referem no exterior a misturas de etanol na gasolina

Quando a Kombi passou a usar injeção eletrônica ao invés do carburador, a partir de '97 acompanhando a reestilização que depois de 30 anos finalmente levou a porta lateral corrediça à República das Bananas, ainda havia uma versão movida apenas a etanol, que durou até 2006 quando o motor boxer foi substituído pelo EA-111 de refrigeração líquida e oferecido apenas como flex nessa aplicação. Ironicamente, nas versões injetadas do motor boxer, apesar do sistema multiponto favorecer o controle térmico do processo de combustão e inibir o congelamento do coletor de admissão como acontecia com mais frequência nas versões de carburação simples (nos de carburação dupla esse problema era menos comum), não seria tão recomendado alterar demasiadamente as misturas de etanol para que o sensor de oxigênio (sonda Lambda) não ficasse "louco" ao identificar um combustível para o qual não houvesse um mapeamento previamente registrado na centralina. O mesmo fenômeno acontece com qualquer Fusca, Kombi ou outro derivado que use injeção eletrônica original de fábrica.

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