quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Caso para reflexão: Ford F-350 Euro-5 e o downsizing

Estive a poucos dias numa concessionária de caminhões Ford para ver a relançada Série F, motivado principalmente pela curiosidade em torno do motor que, diga-se de passagem, está despertando algumas polêmicas entre o público-alvo tradicional das caminhonetes full-size F-350 (foto) e F-4000. Tiradas de linha no fim de 2011 juntamente com a F-250, por não atenderem às normas Euro-5 que entraram em vigor no Brasil em 2012, tanto a F-350 quanto a F-4000 ainda tinham grande popularidade, principalmente no interior do país, mas optou-se por simplesmente eliminar os modelos ao invés de fazer o investimento para enquadrá-los nas novas normas como foi feito com o Ford Cargo.

A previsão inicial de direcionar os antigos consumidores da F-350 para a van Transit e os da F-4000 para o Cargo 816 acabou não se concretizando, e a concorrência (mais especificamente a Iveco com as versões de chassi-e-cabine do Daily e a Hyundai com o HR) fez a festa. Havia ainda a versão 4X4 da F-4000, que não tinha concorrência na categoria, deixando uma lacuna no mercado nacional que só foi preenchida com a reintrodução do modelo. A expectativa em torno do relançamento da F-350, F-4000 e F-4000 4X4 foi tanta que levou a Ford a ousar e oferecer um programa de pré-venda, valendo-se do prestígio que ainda gozava junto aos consumidores tradicionais da Série F. A aparência externa desatualizada diante dos similares norte-americanos, bastante criticada por agroboys mais preocupados com a ostentação que com a efetiva utilização laboral dos veículos, até não causou tanta polêmica, mas a presença do motor Cummins ISF2.8 foi uma surpresa.

Quando da divulgação dos dados técnicos, houve quem desconfiasse que se tratava de um erro de digitação, que devia ser o ISF3.8 ou o ISB4.5 já usado nos Cargo 816 e 1119 (com os quais tanto F-350 quanto F-4000 e F-4000 4X4 compartilham o câmbio Eaton FSO 4505 D), mas a Ford arriscou mais uma vez ao apostar num motor menor e com regimes de rotação mais elevados. Em comparação ao antigo motor Cummins B3.9 usado nas versões Euro-3, apesar de um aumento em 25% na potência, de 120cv para 150cv, o decréscimo de aproximados 14% no torque (de 420Nm para 360Nm) é visto com maus olhos mesmo ao se considerar uma redução de 7% no consumo de combustível. A presença do sistema SCR, que usa o fluido ARLA-32 para controlar as emissões de óxidos de nitrogênio (NOx), faz com que seja necessário incluir na planilha de custos mais esse insumo, consumido numa proporção de 5 a 6% em relação ao combustível.


A bem da verdade, causa mesmo alguma estranheza encontrar um ícone da influência cultural americana usando o motor que a Cummins desenvolveu com vistas ao mercado chinês, onde não é incomum em caminhões com uma faixa de peso bruto total próxima à da F-4000 o uso de cópias do motor Isuzu 4JB1-TC, também de alta rotação e na mesma faixa de cilindrada. Mesmo assim, ao considerar que o uso de um motor menor foi considerado essencial para diminuir o impacto dos sistemas de controle de emissões mais sofisticados sobre o custo de aquisição, parece fazer sentido a opção pelo downsizing...

8 comentários:

Dieselboy sa Maynila disse...

De verdad es un tanto raro que le pongan un motor de altas revoluciones a una full-size americana, pero ya vi unas tantas Chevy C10 y C30 con motores Isuzu 4BA1 y 4JB1, además de las ambulancias G20. Hubo un tiempo en que los motores Nissan LD28 de los Patrol fueran muy populares en repowering.

Cézar disse...

Dessa vez foi meio forçado mesmo esse lance de usar motor tão pequeno na série F, mas mesmo assim tem tudo para fazer sucesso. No interior tem aquele pessoal que não troca a F4000 por nada, usa até para carregar a família em todo canto como se fosse carro de passeio.

Valdeci disse...

Fica meio estranho motor pequeno em caminhonete mesmo, mas se deu certo com as vans desde os anos 90 tem como dar certo agora.

Claudemiro disse...

Palhaçada do governo exigir que tenha arla nos caminhões novos se não é em todo posto que vende e a economia não compensa, quem trabalha tem que pagar mais caro e o preço do frete não cobre esse gasto a mais com o arla.

Gervásio disse...

Já dirigi um Agrale 6000 com motor MWM que era 2.8 como esse Cummins, e já cheguei a ver um Ford F600 V8 antigo que teve o motor original a gasolina trocado pelo MWM. Não deve ter ficado de todo ruim esse F350 novo.

Arnaldo disse...

O diferencial é mais reduzido mas o motor gira mais, então não fica tão ruim. Deve até compensar legal essa queda do torque máximo.

Marcelo disse...

Corre à boca miúda que o Exército vai comprar umas F-4000 4X4 para usar como ambulância, mas tem que ver se vai vir com ou sem SCR. Eu achei absurdo quando vi que o Exército tem caminhões dependentes dessa tranqueira de SCR que é só mais um estorvo em campo de batalha.

fabiano disse...

não se iludam adquiri uma e não tem tork muito fraca , tem 6 meses que estou passando raiva nao comprem e ruim

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