sábado, 8 de setembro de 2018

Breves observações sobre uma eventual aplicabilidade futura de interfaces digitais na condução de veículos

O vídeo que segue já não é tão novo, tendo sido divulgado em 2011, mas de certa forma é um pretexto válido para questionar previsões quanto a uma eventual hegemonia futura de veículos autônomos que já não ofereçam qualquer interface para a condução humana. Para quem ainda nutre algum entusiasmo pela experiência de dirigir, esse seria um futuro muito sombrio, mas aparentemente não estaria tão de acordo com a realidade como seria de se supor sem observar casos como o do programador chinês An Jianxuan, que com auxílio de um amigo fez a adaptação num BMW Série 1 E87 para usar um celular Nokia C7-00 como controle remoto.
Como a tecnologia touchscreen ganhou muito espaço na última década, e a molecada mais nova já está bastante familiarizada com esse tipo de interface e usando-a também em jogos que simulam a condução de veículos, até não me causaria tanta surpresa que passasse a ser mais usado também para substituir um cockpit tradicional num veículo real sem sacrificar completamente a possibilidade de tanto um eventual modo de operação 100% autônoma quanto da condução humana com ou sem outras assistências eletrônicas para navegação. A bem da verdade, eventualmente seja mais lógico que um grau de autonomia não venha a alcançar as proporções que se especula, tendo em conta que o controle de tráfego não apenas de veículos motorizados mas também de pedestres, animais e veículos de tração animal ou propulsão humana seja mais difícil em comparação ao tráfego aéreo, lembrando também que mesmo com recursos tecnológicos avançados de suporte à navegação como os rádio-faróis um dos problemas mais reportados por pilotos é o risco de colisão com pássaros nas imediações dos aeródromos.

A favor de uma interface de direção 100% digital, pode ser relevante não só a presença mais significativa de auxílios eletrônicos à condução como freios ABS e controles de tração e estabilidade mas também o fato de muitos carros e até algumas caminhonetes já usarem direção com assistência elétrica ao invés de hidráulica, além do acelerador eletrônico. Outro ponto importante está relacionado ao custo de desenvolvimento de versões diferentes de um mesmo veículo para atender a mercados onde seja exigida a posição do cockpit num lado específico sem previsão de muitas exceções para atender a condições especiais, e assim eventualmente a maior flexibilidade para realocar uma tela sensível ao toque de acordo com o local onde o veículo possa estar sendo usado apenas temporariamente ou após ser exportado já usado para um país com normas diferentes se torna muito mais econômica tanto para o fabricante quanto para os usuários.

Para quem ainda lembra daquela clássica cena do filme 007: O Amanhã Nunca Morre (Tomorrow Never Dies) de 1997 em que o agente James Bond então interpretado por Pierce Brosnan dirigia um BMW 750iL da geração E38 através de um celular Ericsson JB988, truques antes associados somente à magia do cinema são hoje passíveis de ser considerados verossímeis à medida que a tecnologia tem avançado.
Mas indo um pouco além de aplicações meramente experimentais e de cenas de ação em filmes, uma eventual massificação de sistemas com telas sensíveis ao toque em aplicações automotivas poderia até ir no embalo do desenvolvimento de aplicativos de acessibilidade para celulares e tablets usados por deficientes físicos e/ou sensoriais. Vale destacar que algumas adaptações veiculares disponíveis hoje acabam tendo incompatibilidade com sistemas de segurança modernos como airbags de joelho ou mesmo requerendo a desabilitação de alguma funcionalidade como ajuste de altura da coluna de direção.

Um comentário:

Ramiro disse...

Ahora si, la gente no iba a sueltar el móvil ni mientras maneja el coche.

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