quarta-feira, 18 de março de 2020

Fusca e Jeep Willys: comparação improvável sob uma perspectiva "bicho do mato"

Não é novidade que o Fusca e o Jeep Willys estão entre os modelos que podem ser creditados entre os mais importantes para que se estabelecessem condições que levaram aos atuais estágios do progresso tecnológico e científico, embora algumas características tidas como obsoletas façam com que possam não ter o devido reconhecimento por parte do público generalista. No entanto, ainda há quem aprecie a rusticidade de ambos, especialmente considerando a aptidão off-road que ainda se destaca diante de modelos mais modernos nos respectivos segmentos. Naturalmente, como os projetos tinham distintas prioridades visando atender à proposta de um "carro popular" no caso do Fusca enquanto o Jeep tinha a missão de ser uma viatura de transporte não-especializado (VTNE) para uso militar, fica improvável à primeira vista fazer uma comparação direta.
Lembrando sempre que o Brasil não é para principiantes é importante destacar que, durante o ciclo de produção do Jeep CJ-5, o modelo chegou a custar menos que um Fusca no mercado de veículos 0km durante alguns anos. Nesse contexto, é essencial considerar algumas diferenças técnicas abrangendo a concepção dos motores, sendo que o BF-161 Hurricane de 2.6L que foi o primeiro a equipar a versão brasileira do CJ-5 apesar de ter 6 cilindros e refrigeração líquida que o tornam ao menos teoricamente mais sofisticado que o boxer de 1.2L a 1.6L com 4 cilindros de refrigeração a ar usado no Fusca, mas o fato do Hurricane ter bloco e cabeçote de ferro enquanto o Fusca fazia uso de uma liga de alumínio-magnésio acabava exercendo uma influência no custo do processo de fundição que além do custo tem uma maior periculosidade no manejo do magnésio. Uma menor incidência de impostos beneficiando modelos utilitários certamente também beneficiava o Jeep no tocante ao preço final.

Quem ainda considere um Jeep Willys ou um Fusca como veículo para uso generalista, não apenas na cidade ou em condições de rodagem pesadas de zonas rurais ou periferias, atualmente encontra muita objeção devido ao ceticismo quanto à capacidade de atenderem a eventuais percursos rodoviários que podem se fazer necessários tanto de forma esporádica quanto com alguma regularidade devido tanto à idade dos modelos quanto por um eventual desgaste mecânico ao longo do tempo, mas esse não seria um impedimento tão justificável considerando uma manutenção criteriosa ou até algumas eventuais melhorias que possam ser adaptadas visando garantir maior conforto e segurança. Uma modificação até comum em ambos é a troca dos respectivos motores pelo Volkswagen EA-827 "AP", visando não só um bom desempenho mas também em alguns casos sendo possível obter uma maior economia de combustível. Vale lembrar ainda que para o Jeep ainda é possível adaptar algum motor Diesel, o que para o Fusca infelizmente esbarra em restrições burocráticas. E para os ecofascistas de plantão, ainda é importante destacar que é comum um motor mais moderno proporcionar menores emissões, além do menor consumo de matérias-primas comparando peças que se façam necessárias durante a reforma de um veículo antigo e o processo de fabricação de um novo que pudesse vir a substituí-lo.

Outro aspecto mais subjetivo, que no entanto ganha uma relevância maior para uso geral incluindo o tráfego urbano no dia-a-dia, é o fato do Fusca já vir com a carroceria totalmente fechada enquanto no Jeep Willys o mais comum sempre foi a capota de lona. Por mais que não seja sensato garantir que a capota rígida vá inibir completamente desde atos de vandalismo a tentativas de roubo ou furto, ainda pode ser considerada uma tranquilidade a mais por não aparentar ser tão vulnerável quanto a capota de lona. Ainda assim, apesar do Fusca ser mais estreito e a tração simples possibilitar um ângulo de esterçamento maior, o Jeep CJ-5 tendo comprimento e distância entre-eixos menores ainda facilita a manobrabilidade em espaços restritos como vagas de estacionamento cada vez mais difíceis de achar nas regiões centrais, fazendo com que ainda seja tentador para usuários com perfil mais urbano.

As mesmas observações podem ser estendidas entre o Jeep CJ-6 "Bernardão" e a Rural-Willys numa comparação com a Kombi, embora a posição do motor acabe exercendo uma maior influência sobre a capacidade volumétrica de carga. O compartimento externo do motor no CJ-6 e na Rural faz com que a acomodação de alguns volumes por cima do capô possa comprometer a visibilidade frontal, mas na Kombi a decisão de posicionar a cabine mais à frente e manter a tradicional mecânica Volkswagen na mesma posição traseira observada no Fusca favorece o melhor aproveitamento da extensão da área de carga em comprimento. Definir qual seria melhor pode ser tão difícil quanto escolher entre um CJ-5 ou um Fusca, apesar das posições do condutor e do conjunto motriz fazerem com que a Kombi possa manter uma capacidade de incursão off-road moderada em diferentes condições de carga devido à concentração de peso se mantendo constantemente mais próxima ao eixo traseiro, enquanto no Jeep e na Rural o motor concentra muito peso sobre o eixo dianteiro com o veículo menos carregado.

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