sexta-feira, 19 de julho de 2024

5 utilitários que eu consideraria a possibilidade de ter se voltasse rico para Manaus

Mesmo tendo nascido em Porto Alegre, ter morado parte da infância em Manaus ainda exerce uma influência sobre muitos aspectos da minha vida, desde o sotaque manauara que me faz ser confundido com carioca ou nordestino frequentemente até o hábito de comer peixe com uma frequência acima do que se espera de um gaúcho. E apesar de ser altamente improvável que eu volte a morar em Manaus, é algo que eu nunca diria estar totalmente fora de cogitação, em que pesem a distância de outros grandes centros e já ser muito diferente da Manaus que eu conheci e ainda tenho algumas lembranças. Mas vale também destacar que muito do meu gosto por carros foi moldado em Manaus, também pela exposição frequente a caminhonetes de importação independente beneficiadas pelo regime fiscal da Zona Franca de Manaus, e apontar ao menos 5 modelos que talvez eu considerasse ter um se voltasse para lá rico.
1 - RAM 1500 Classic: talvez por já chegar ao Brasil desonerada do imposto de importação em decorrência do acordo automotivo com o México onde é produzida, pareça mais difícil justificar uma mudança para Manaus como pretexto para comprar uma, mas aí entra a questão da Zona Franca de Manaus e talvez a possibilidade de tentar importar no regime CKD para finalizar a montagem lá visando o emplacamento como se fosse nacional. Teria eventualmente que usar os faróis com facho assimétrico e lanternas com os indicadores de direção na cor âmbar que equipam os exemplares destinados à Argentina, mais próximos da especificação européia, em contraste com o uso dos faróis simétricos e lanternas de especificação americana que os exemplares vendidos no Brasil dispõem por uma questão de reciprocidade devido ao México aceitar que os veículos brasileiros exportados para lá sigam a especificação brasileira no tocante à iluminação.
O fato de ter sido trazida ao Brasil somente com o motor 5.7 V8 Hemi também levanta a questão sobre poder valer a pena importar uma versão mais "mansa" com o motor 3.6 V6 Pentastar, embora novamente o regime fiscal da Zona Franca de Manaus me fizesse considerar até importar como um glider sem motor e adaptar por conta própria um motor Diesel de fabricação brasileira com o intuito de aumentar o eventual índice de conteúdo nacional e proporcionar maior agilidade à reposição de peças;

2 - Chevrolet Silverado 1500: por ainda ser possível dirigir com a carteira de habilitação para carro normal, enquanto a 2500 e a 3500 exigem carteira de caminhão no Brasil, seria a opção mais provável. E mesmo com a volta da Silverado ao Brasil na geração atual como importada, e justamente do México, o fato da versão High Country usar somente no Brasil o motor 5.3 V8 em detrimento do 6.2 usado até no próprio México já pesaria a favor da importação independente, ou até se fosse o caso de considerar um motor mais modesto o 2.7 turbo com "só" 4 cilindros que tomou o lugar do 4.3 V6 como motor de entrada para a Silverado acabaria sendo outra opção. Por ser oferecida em alguns países vizinhos que recebem versões da Silverado produzidas nos Estados Unidos a opção por um motor turbodiesel de 3.0L e 6 cilindros em linha, cuja presença no Brasil se deve somente à importação independente, o regime fiscal da Zona Franca de Manaus seria convidativo à escolha desse motor, tendo em vista que em outras regiões o imposto de importação seria aplicável. A princípio uma maior dificuldade para obter faróis assimétricos com o facho no padrão de países como o Brasil onde se dirige na mão francesa pudesse dificultar a tentativa de importar no regime CKD para finalizar a montagem na Zona Franca de Manaus, mas o precedente da importação de exemplares americanos equipados com o motor turbodiesel sem ser procedida uma alteração no facho dos faróis é interessante;

3 - Land Rover Defender (geração atual): o grau de complexidade um tanto extremo dos modelos mais recentes da Land Rover já me faria cogitar a importação apenas se fosse o caso de aproveitar o regime fiscal da Zona Franca de Manaus para fazer a montagem final por lá mesmo, e aproveitando para um incremento no índice de conteúdo nacional com relação à motorização e transmissão.
O eventual uso de um motor mais rústico, e até o câmbio de algum caminhão fabricado no Brasil se fosse o caso para aproveitar ao máximo possível componentes off-the-shelf, ficaria um tanto desafiador considerando a integração com alguns sistemas eletrônicos originais do Land Rover, que poderia definir o sucesso ou um fracasso da empreitada;

4 - Mercedes-Benz GLS: a tentação de fazer adaptações pouco ortodoxas lançando mão de componentes de caminhões e chassis para ônibus fabricados pela Mercedes-Benz do Brasil seria forte, embora o peso pudesse ser um empecilho. De qualquer jeito, mesmo que seja improvável tentar importar um exemplar no regime CKD para montar em Manaus com ou sem alguma inclusão de componentes nacionais para facilitar uma tentativa de emplacar como se fosse feito no Brasil, é um modelo que se destaca;

5: Toyota HiAce: por mais que a 6a geração tenha passado a ser oferecida somente com cabine semi-avançada, destoando de alguns exemplares da 4a geração e cabine avançada que chegaram a ser importados de forma independente em Manaus durante a época que eu morei lá, a princípio seria tentador importar uma como referência a uma época que moldou muito das minhas preferências quanto a veículos em geral, e especialmente utilitários.

segunda-feira, 1 de julho de 2024

Telefonia fixa e internet residencial pela mesma rede do celular: ainda faz mais sentido para o Brasil que se poderia esperar

Uma tecnologia que começou a chegar ao Brasil na década de '90 e passaria a ser de extrema relevância mesmo na atualidade, a telefonia móvel chegou a ser considerada uma opção também para proporcionar acesso mais fácil à telefonia fixa em áreas mais distantes dos grandes centros urbanos ainda na época do sistema Telebras estatal. E como a implantação das redes de telefonia celular ficava a cargo de subsidiárias das operadoras de telefonia fixa de cada unidade federativa antes da privatização da telefonia que teve início no Brasil em '98, a princípio a verticalização dentro da mesma estrutura organizacional facilitava a instalação e a operação do então denominado sistema Ruralcel, embora o desmembramento entre as operações de telefonia fixa e móvel nos leilões tenha até causado alguns transtornos aos usuários a partir do momento que uma digitalização do Ruralcel entrou na fase de planejamento, tendo em vista que o mesmo desmembramento posicionava diferentes grupos empresariais a cargo da venda do serviço ao usuário final e da manutenção da rede móvel analógica usada para prestação do serviço.

O antigo monopólio estatal num primeiro momento podia até parecer simplificar a operação, embora a telefonia de modo geral fosse praticamente artigo de luxo no Brasil antes da privatização, que até nas capitais chegou a tornar os celulares atualmente mais comuns que as linhas fixas, embora uma parte considerável do público ainda considere desejável ter um telefone fixo em casa ou no local de trabalho pelas mais diversas razões. Por mais que parecesse muito simples conectar alguns fios do poste até a residência do cliente, e tal situação é aplicável mais facilmente a casas, ou mesmo a apartamentos térreos com uma fachada na face externa do edifício, em prédios antigos com poucos apartamentos ou escritórios é possível operadoras de telefonia fixa ou de internet banda larga alegarem a necessidade de uma "readequação predial" cujo custo prefiram evitar quando poucos clientes desejem contratar o serviço isoladamente, e muitos condomínios fossem servidos apenas por uma única operadora logo no início da privatização da telefonia e da implantação das primeiras redes de internet banda larga no Brasil. Embora a internet móvel tivesse levado mais tempo para ser consolidada no Brasil, e atualmente as operadoras ofereçam pacotes fechados que encerram o tráfego de dados sem possibilidade de uma redução na velocidade quando atingida a franquia, hoje um sistema análogo ao antigo Ruralcel talvez pudesse proporcionar um melhor resultado para muitos clientes até em áreas urbanas, além do mais que algumas operadoras antes restritas à operação somente de serviços de telefonia fixa ou móvel já verticalizam todo o serviço desde ambas as modalidades de telefonia até a internet banda larga e TV por assinatura.

Com a digitalização dos serviços de telefonia móvel e uma boa velocidade que a internet 4G e 5G oferecem para a grande maioria dos usuários de perfil mais conservador, embora os limites de franquia sem provisão para que se mantenha a conexão à internet mediante redução da velocidade de tráfego de dados pareça oportunizar às principais operadoras a venda casada de planos de internet banda larga para uso residencial, certamente uma abordagem semelhante ao Ruralcel pudesse permanecer ideal para muitos brasileiros. A cobrança eventualmente abusiva de taxas de instalação ou as multas pelo cancelamento de contratos promocionais com fidelização na telefonia fixa ou internet banda larga já soa como um bom argumento a favor do Ruralcel até mesmo para usuários em áreas urbanas onde barreiras mais burocráticas que técnicas tem desfavorecido a prestação de um serviço de telecomunicações de boa qualidade. Na condição de ex-usuário de internet móvel quando ainda predominava o 3G, tendo em vista a portabilidade de um equipamento de telefonia fixa através da rede móvel facilitar a reinstalação pelo próprio usuário durante uma mudança de endereço, tenho a mais absoluta certeza que essa modalidade de serviço ainda faz muito mais sentido no Brasil do que pode parecer num primeiro momento...