sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Corcel e Versailles: retratos mais apurados do erro da Ford do Brasil quanto à linha de motores?

Deixando um pouco de lado alguns modelos de porte mais encorpado, para os quais uma insistência da Ford em produzir inicialmente só com motor V8 Y-Block até substituí-lo pelo Windsor 302 em carros grandes e pick-ups, e com os caminhões tendo passado a dispor só de motores Diesel fornecidos por terceiros, é possível apontar o Corcel e o Versailles como exemplos da inércia da Ford para adequar a linha de motores à realidade brasileira. Com o projeto do Corcel tendo sido absorvido pela Ford já em estágio avançado em meio a uma fusão com a antiga Willys-Overland do Brasil em 1967, que também passou para a Ford os direitos sobre a marca Jeep no Brasil até ser reaberto o mercado na década de '90 e virem modelos importados quando a marca estava sob gestão da Chrysler a nível mundial, uma situação que favoreceu a letargia da Ford no tocante a motores foi ter acesso também ao motor Renault Cléon-Fonte que caiu como uma luva em modelos compactos e médios da época que ainda eram menores que uma parte considerável dos compactos de hoje. Talvez o motor Renault Cléon-Fonte pudesse ter servido bem por um período mais longo, por ter uma robustez que o torna à prova de burro, ou à prova de brasileiro porque aqui a turma dos cupins de ferro ainda consegue ser pior que em qualquer outro lugar, mas à medida que segmentos mais prestigiosos iam ficando mais concorridos a Ford pecava pela falta de motores competitivos. Ter chegado a depender da joint-venture AutoLatina com a Volkswagen, atuante entre '87 e '96 tanto no Brasil quanto na Argentina e que deu acesso à Ford no Brasil aos motores AP e até mesmo um compartilhamento de modelos que deu origem a produtos únicos da região como o Ford Versailles derivado do Santana que teve o fogo amigo de importados da própria Ford na década de '90, é uma daquelas situações que me levam a crer que a demora da Ford em trazer projetos de motores competitivos e atualizados perante a linha estrangeira foi um dos fatores mais decisivos até para o fim da fabricação brasileira na Ford em 2021.

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