terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Triciclos: difícil entender como o mercado brasileiro se mostra tão resistente a esses veículos...
Devido à falta de opções no segmento, de um modo geral, consumidores acabam recorrendo a adaptações baseadas em motos para terem suas necessidades atendidas. O operador acaba exposto desnecessariamente às intempéries e outras situações desconfortáveis e potencialmente perigosas.
Um indício dessa característica intrigante do mercado brasileiro pode ser exemplificada pelo Piaggio Ape, que chegou a ter fabricação local por um breve período no início da década de 60, comercializado como Vespacar, e por quase 40 anos esteve ausente do mercado até voltar extraoficialmente em versões de fabricação licenciada à empresa indiana Bajaj e distribuídos pela Kasinski entre 2001 e 2004. Nesse meio tempo em que ficou fora do mercado poderia ter sido uma pedra no sapato dos coreanos da Asia Motors numa competição contra as versões cargueiras da microvan Towner, com capacidade de carga semelhante e tiveram um grande sucesso na década de 90. As versões para transporte de passageiros normalmente são mais limitadas, mas poderiam atender bem ao mercado de táxis e, obviamente, o consumidor individual que não se sinta à vontade com uma moto ou não pudesse ser atendido por uma nem se disponha a gastar mais para adquirir um carro.
Triciclos podem ser divertidos de se conduzir, não necessariamente em alta velocidade, visto que modelos utilitários que freqüentemente não chegam a 100km/h sem modificações, embora alguns triciclos de lazer, cuja participação no mercado local se dá quase totalmente através da fabricação artesanal, consigam superar os 200km/h sem maiores dificuldades.
Conciliando a economia de uma moto com mais conforto, versatilidade e segurança próxima à de um carro, triciclos podem perfeitamente atender às necessidades de uma parcela significativa da população brasileira.
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
biodiesel ou óleo vegetal?
Num projeto de eletrificação rural coordenado pela EMBRAPA em comunidades remotas da Amazônia, óleo de dendê produzido localmente é usado para abastecer geradores em substituição ao diesel, que ainda ficaria mais caro em função dos custos de transporte. Um argumento a favor desse biocombustível é que não prejudica a durabilidade dos motores, além do beneficiamento demandar menos recursos energéticos e tecnológicos. Alguns produtores de soja no Paraná usam o óleo, mais conhecido por suas propriedades culinárias, para abastecer tratores, caminhões e outros veículos. Com custo inferior ao diesel, mas às vezes acaba comprometendo a durabilidade dos motores, pois o óleo nem sempre é refinado, e eventualmente apresenta impurezas diversas, incluindo resíduos metálicos. Outra espécie oleaginosa que serviria bem para produção de óleo combustível, volto a frisar, é a mamona, apesar de não ser tão adequada ao biodiesel pelo óleo não ser tão viscoso.
Mais próximo aos grandes centros, entretanto, compensa a produção do biodiesel, e reaproveitar a glicerina extraída do óleo vegetal para fins industriais. É uma questão de prioridades. Com acesso facilitado a tecnologias e insumos necessários à produção do biodiesel, e mercado consumidor para seus subprodutos, o investimento tem bom retorno. E ainda se diminui o odor provocado pela queima do óleo com a glicerina.
Vale ressaltar que uma parte considerável da frota argentina é composta por modelos movidos a diesel DE FABRICAÇÃO BRASILEIRA, alguns com injeção indireta, que apesar de estar relegada à obsolescência (e aos modelos mais básicos da Volkswagen), facilita o uso de combustíveis alternativos. Tomando o diesel comum por referência, esses sistemas mais antigos acabam sendo mais difíceis de serem enquadrados nas normas ambientais mais rigorosas em vigor, e o consumo maior. O motor Volkswagen EA-827 1.6 a diesel de 50hp é um bom exemplo, bastante utilizado em experiências com biodiesel e óleos vegetais, embora seja mais conhecido por ter equipado a Kombi e alguns modelos de exportação do Passat, Gol, Parati, Voyage e, incluindo algumas adaptações destinadas ao mercado local brasileiro, principalmente na Saveiro e em jipes. Na verdade, os motores a diesel em geral são aptos a queimar qualquer combustível líquido, desde que adequadamente pulverizado na câmara de combustão. Um problema sério é a questão da lubrificação da bomba injetora nos modelos de injeção mecânica, e nisso a viscosidade acaba sendo um ponto delicado.
Em regiões mais frias, sobretudo em motores de tecnologia mais recente, faz-se necessário pré-aquecer as linhas de combustível, o que acaba servindo de pretexto para a padronização do biodiesel visando contornar esse problema e exigindo menos adaptações nos veículos. Eu acredito que seria benéfico aproveitar resultados da experiência brasileira com o etanol, o que inclui o sistema FlexStart, dotado de bicos injetores com aquecimento. O custo de desenvolvimento dessa tecnologia está em vias de ser amortizado, e não demandaria tantas adaptações em outros sistemas do veículo. Serviria bem a um motor a (bio)diesel/óleo vegetal.
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Biodiesel: uma alternativa a ser encarada com seriedade
Quando o ProÁlcool se mostrou uma ilusão para vários brasileiros durante um momento de ganância de uns "coronéis da cana" entre o final da década de 80 e início da década de 90, os biocombustíveis passaram a ser vistos com uma desconfiança que começou a se dissipar apenas quando começaram a ser oferecidos regularmente no mercado os primeiros automóveis flex, movidos tanto a etanol quanto gasolina, em 2003. No país onde a lei mais cumprida é a "Lei de Gérson", logo o mercado voltou a aceitar o biocombustível como uma alternativa viável. Enquanto uns se surpreendiam com a "nova" tecnologia, outros se davam conta que, na verdade, não era um pioneirismo da engenharia brasileira. Apesar do Ford Modelo T haver tido como opcional um carburador de difusor variável que permitia o uso tanto da gasolina quanto de etanol (o famoso "moonshine") de milho, o mercado americano passou a contar com modelos flexfuel "modernos" apenas em 1992, com uma versão da Chevrolet Lumina APV, movida a gasolina e metanol. Diga-se de passagem, durante a crise de abastecimento de etanol no início da década de 90 no Brasil chegou a ser importado metanol americano para manter uma grande parte da frota circulante rodando, enquanto outros eram convertidos para gasolina. Em função dos incentivos dados ao etanol na década de 80, as vendas de modelos a gasolina eram bastante limitadas. Uma grande rede de distribuição do combustível vegetal foi montada por todo o Brasil. Os consumidores não tinham medo de desabastecimento durante as entressafras, apesar de estarem dependendo de um produto agrícola. Ao contrário dos brasileiros, os americanos que queriam uma alternativa à gasolina não encontravam o metanol com tanta facilidade, então surgiram os flexfuel no mercado americano.
Alguns, no entanto, esquecem que haviam motores de ignição por compressão movidos a etanol e DIESEL sendo usados em tratores e caminhões no Brasil durante a década de 80, principalmente para o trabalho nos canaviais. Esse era o flex nacional, mas que acabou caindo em esquecimento com a crise do ProÁlcool, embora alguns produtores de etanol ainda se entusiasmem em adaptar caminhões e tratores para rodar com o combustível vegetal, mantendo a ignição por compressão.
No entanto, o governo e mesmo o público em geral parecem não enxergar o potencial de outro combustível de origem vegetal, e que pode trazer ainda mais benefícios sociais e ambientais: o BIODIESEL. Talvez essa alternativa não encontre tanta visibilidade por não serem oferecidos regularmente tantos veículos com motor Diesel, em função de uma restrição promovida pelo órgão que antecedeu a ANP (vetando o uso de diesel em veículos que tivessem capacidade de carga inferior a 1000kg, excetuando os 4x4 com reduzida), embora vários modelos de fabricação brasileira rodem por várias partes do mundo nessa configuração, desde os "hermanos" argentinos, e uruguaios, que recentemente se desencantaram com o aumento do preço do óleo diesel e até em países da África e Ásia. É bizarra tal situação: produtos brasileiros serem inacessíveis a cidadãos do seu próprio país, e só aparecerem eventualmente quando algum estrangeiro vem passear ou trabalhar. A "justificativa" na época era a mesma usada na época em que os postos de combustíveis fechavam nos fins de semana: racionamento. No caso do diesel, para priorizar o uso em veículos de transporte pesado, em função do principal modal de transporte de cargas e passageiros ser o rodoviário, mas no caso da gasolina acabou levando-se à necessidade de estocar o combustível em navios petroleiros, que ficavam parados quando poderiam estar sendo usados para importar diesel. Entretanto, importar o óleo combustível não seria a melhor opção, pois estaria mandando para fora recursos que seriam melhor aplicados desenvolvendo a economia local, e poderia se produzir um substituto de origem vegetal que, ao contrário dos motores do ciclo Otto, não demandaria tantas alterações para funcionar bem. Assim como os militares criaram o ProÁlcool, poderiam paralelamente elaborar um ProBiodiesel. Ou mesmo estimular pesquisas em torno de motores que aproveitassem os dois combustíveis, bem como o óleo diesel comum e eventualmente a gasolina. Houve um caminhão militar americano produzido pela REO que funcionava dessa forma, embora a lubrificação da bomba injetora fosse um ponto crítico ao se usar gasolina e outros combustíveis com menor lubricidade.
Hoje com o avanço no desenvolvimento de injeção eletrônica para motores de ignição por compressão, associado ao uso de conversores catalíticos, o nível de emissão de poluentes foi baixando significativamente, associado à maior qualidade dos combustíveis, entre os quais o diesel. Fora isso, a segurança ao se usar diesel é superior, por ser menos volátil e, comparado com o etanol, em caso de incêndio a chama é visível mais facilmente. Não é à toa que a OTAN está padronizando o uso do diesel nas frotas militares das nações signatárias. Fica cada vez mais difícil entender como os militares que criaram o ProÁlcool não pensaram nisso antes.........
quarta-feira, 17 de junho de 2009
monociclo: o meio de transporte mais excêntrico que eu já vi
sábado, 30 de maio de 2009
Chevrolet: an ASIAN revolution
Com a crescente preocupação com o consumo de combustíveis, fortalecida pela crise econômica e pressões ambientalistas, os crossovers acabarão se fortalecendo mais no mercado, concorrendo com SUVs tradicionais. Além da Captiva, que já foi apontada como sucessora da tradicional Blazer (embora a sucessora legítima tenha sido a TrailBlazer, um SUV tradicional de estrutura body-on-frame com motor longitudinal e tração traseira ou 4x4, substituído pelo crossover Traverse, de estrutura monobloco e motor transversal com tração dianteira ou 4x4), algum crossover compacto para desafiar o Ford EcoSport, eventualmente inspirado no protótipo Trax, que foi apresentado em 2006 com motor 1.0 de origem Daewoo.
sexta-feira, 15 de maio de 2009
A grande peleia indiana: Tata Nano X tuk-tuks
Em contraponto ao recente Nano, os triciclos já são conhecidos e dotados de grande popularidade, por serem baratos, econômicos, robustos, e de fácil manutenção. O modelo líder de mercado, versão licenciada da 2ª geração do Piaggio Ape italiano produzida pela Bajaj, desenvolvido no pós-guerra para ajudar na reconstrução do país europeu, embora não tenha mudado a aparência, recebeu aprimoramentos no motor 2T de 150cc a gasolina, como ignição eletrônica e até injeção direta numa versão, bem como opções de alguns motores mais modernos, entre eles um Diesel Kubota japonês e um 4T de 180cc a gasolina, GNV ou GLP. Mas ainda assim são um tanto obsoletos, com carburador nos modelos 4T a gasolina e gás e bomba rotativa no modelo Diesel. O Nano, embora fique “devendo” opções a diesel (está em estudo um motor turbodiesel totalmente novo, projetado em parceria com a FIAT, embora haja uma opção “da casa” em uso na picape Ace) e a gás, aparece com um moderno motor a gasolina, Euro IV, injetado, 2 cilindros em linha, de 623cc, 33cv e 5 kgf/m, feito em alumínio como nossos conhecidos VW Sedan e Gurgel BR-800, montado na traseira como no modelo alemão e no italiano FIAT 500. Assim como a maioria dos auto-riquixás, o Nano tem câmbio manual de 4 marchas, praticamente abolido pela indústria automobilística, restando apenas em modelos como a Kombi. Uma 5ª marcha melhoraria o consumo de combustível ao permitir a manutenção de rotações mais baixas, reduzindo o custo operacional. O consumo de combustível aproxima-se da média de 20 km/l, enquanto os auto-riquixás têm médias de consumo em torno de 25 a 30 km/l, podendo chegar a 35 km/l nas versões a diesel.
Com monobloco de aço e plástico com 4 portas acomodando motorista e 4 passageiros, o pequeno Tata tem vantagens. Seus concorrentes de 3 rodas levam condutor e 3 passageiros, embora nem sempre se respeite esse limite. Embora existam modelos específicos para transporte de passageiros, com carroceria de aço e capota de lona, fibra de vidro ou metal, alguns proprietários optam por adaptar carrocerias de materiais alternativos como madeira e lona sobre a plataforma de modelos de carga, na maioria das vezes sem portas nem cintos de segurança, que o Nano oferece para motorista e passageiro da frente. Não seria tão difícil incorporar esses itens, exigidos em "tuk-tuks" exportados para o Uruguai. Uma alternativa que poderia facilitar a introdução de mais equipamentos de segurança no Nano sem interferir tanto no custo seria a pintura oferecida em uma cor única, como aconteceu com o Ford Modelo T a partir de 1913. Para economizar no processo de pintura e secagem, as partes plásticas poderiam ter a pigmentação já impregnada na resina. Mas ao invés do preto usado no Ford, uma cor mais clara como cinza ou branco seria mais adequada para não esquentar tanto debaixo do sol.
segunda-feira, 20 de abril de 2009
6 anos de morte de Daijiro Kato
quinta-feira, 12 de março de 2009
triciclos, downsizing e a eficiência energética
Com a atual onda de diminuir o tamanho dos motores -downsizing- (sobretudo com a aplicação de turbocompressores) aparecendo como uma das opções para reduzir a emissão de poluentes resultante dos veículos automotores, cabe uma reflexão acerca de alguns fatores que contribuiram para o processo inverso que aconteceu anteriormente...
- Em nome da segurança, modelos novos surgiam com carrocerias maiores, com mais área de absorção de impacto, além de superfícies internas com forração absorvente de impactos e oferta de equipamentos como airbag. Um exemplo desse processo é visto no Fiat 147 e no Palio. Ao se compararem essas gerações de compactos nota-se o crescimento e a presença de mais ítens de segurança. A louvável iniciativa, porém, teve como efeito colateral o aumento do consumo de combustível, pois além do peso maior das carrocerias não era fácil aumentar a potência e torque dos motores que as carregavam sem aumentar a cilindrada. Diziam os antigos: There is no replacement for displacement;
- Ao contrário das carrocerias e sistemas de suspensão, câmbio, freios e direção, por bastante tempo os motores não recebiam a devida importância durante o desenvolvimento de novas gerações até a Guerra do Yom Kippur (seguida de perto pelo embargo da OPEP) e o fortalecimento de uma consciência ambiental. Eram mantidos praticamente inalterados em suas concepções básicas e trabalhavam sobrecarregados. Poucas e discretas evoluções eram incorporadas;
- Logo quando se começou a desenvolver uma consciência ambiental, os motores de 2 tempos, conhecidos pela simplicidade e baixo peso, e que tiveram o potencial pouco explorado, foram praticamente extintos sem receber grandes desenvolvimentos, sob a alegação de que eram poluentes em função da queima do lubrificante misturado ao combustível. Poucos se deram conta que era um problema fácil de solucionar, visto que os antigos motores Detroit Diesel das séries 51, 53, 71 e 92, entre outros, apesar de operarem no ciclo Diesel 2T, tinham lubrificação semelhante à de modelos convencionais. Comparando com outros motores diesel 2T isso acabava sendo uma desvantagem, já que o próprio óleo diesel atuava como lubrificante. E no caso de motores 2T movidos a gasolina, álcool, ou mesmo gás, o óleo ao ser queimado junto com o combustível, embora fosse visto apenas como problema, acabava evitando a contaminação de lençóis freáticos pelo descarte inadequado de lubrificante usado. E se for comparado o caso de uma Honda CG125 (4T) com motor lubrificado com óleo convencional mineral, e uma Yamaha RD135 (2T) com motor lubrificado com óleo de mamona, ambas movidas a álcool, o modelo com motor 2T polui menos. O motor 4T também "baixa" óleo.
Para driblar o problema do peso das carrocerias, além do uso de plásticos e ligas metálicas mais leves, os triciclos acabam aparecendo como uma opção racional em nome da economia. Por serem enquadrados como motocicletas na maioria dos países, são menos atingidos por normas de segurança, algumas estúpidas como a norma americana que diz que numa colisão frontal a área dianteira do veículo não deve retrair mais que a metade.
Quanto ao motor 2T, reabilitá-lo não é difícil. Ainda há entusiastas que procuram soluções para melhorar sua eficiência, como o cabeçote toroidal desenvolvido pela empresa australiana Two Stroke Shop, apesar da concepção absolutamente simples tornar inviável alguns desenvolvimentos que aperfeiçoaram os motores 4T, sobretudo com relação ao comando de válvulas. Motor 2T geralmente não tem válvula, e quando tem na admissão geralmente é do tipo palheta, e no escape eventualmente tem um restritor (válvula de torque, pois serve para tornar a curva de torque mais linear- o sistema mais conhecido é o YPVS da Yamaha) que acaba tendo o efeito que um variador de fase tem num motor 4T.
http://www.youtube.com/watch?v=DtOGh1wrED8; http://www.motor2t.net/
quarta-feira, 11 de março de 2009
GM e o diesel: erros do passado que hoje cobram seu alto preço.
Ilustração representando um modelo fictício, mas que poderia ter iniciado uma trajetória de sucesso dos motores a diesel no mercado americano.
No ano de 1937, a General Motors inaugurou uma divisão que hoje poderia ser um grande trunfo contra a concorrência: a famosa Detroit Diesel, responsável por produzir alguns dos motores diesel mais versáteis já vistos. Com rivais associados à rusticidade, peso elevado e aspereza, os produtos Detroit Diesel acabavam se sobressaindo pelo funcionamento suave, leveza e o som característico do motor diesel 2 tempos que necessitava do compressor de ar para seu funcionamento. O primeiro grande sucesso da marca foi a Série 71, com modelos de 1 a 6 cilindros em linha, cuja qualidade, eficiência e baixo peso foram comprovados durante a II Guerra Mundial, e que em 1957 ganhava o complemento das versões de 6 até 24 cilindros em V. No mesmo ano foi introduzida a Série 53, que chegou a ser produzida no Brasil em versões de 3 e 4 cilindros em linha e V6 entre 1976 e 1979. Mas o maior erro da GM com relação à Detroit Diesel foi durante a crise do petróleo da década de 70: o descaso quanto à aplicação da tecnologia desenvolvida pela divisão, deixando de aproveitar seus produtos já comprovadamente adequados ao mercado para investir numa aventura que se mostrou problemática: adaptar motores a gasolina para funcionar com óleo diesel, mas problemas no cabeçote acabaram por tornar o consumidor americano avesso a tal combustível. Porém, fabricantes como Volkswagen, BMW e Mercedes-Benz gozam de um prestígio especial justamente em função do domínio da tecnologia do diesel que possuem. Já que hoje a GM não tem mais participação acionária na Detroit Diesel, poderia aproveitar seus 50% da VM Motori para investir na "dieselização" de sua linha no mercado doméstico. Do Aveo ao Impala, só para focar em modelos da principal divisão da corporação, há uma opção adequada para cada produto.
terça-feira, 3 de março de 2009
minivan adequada à crise econômica
sábado, 24 de janeiro de 2009
Rust is not a crime - Piaggio Ape
Lançado originalmente em 1948 como uma forma acessível de proporcionar transporte não-especializado e acessível a uma Itália destruída pela II Guerra Mundial, valendo-se de um motor de refrigeração forçada a ar monocilíndrico 2T a gasolina com 125cc e 7hp (que depois passariam a 150cc e 8hp) para transportar até 400kg com velocidades entre 55 e 60km/h, o Piaggio Ape rapidamente tornou-se um ícone, como a própria Vespa da qual foi derivado. Ao longo dos anos, o desempenho melhorou, a oferta de motores e a capacidade de carga aumentaram e a linha recebeu modernizações como cabine fechada (com cockpit semelhante ao de um carro em algumas versões mais modernas) e opção de motores a diesel e gás natural. O design clássico sofreu drásticas alterações desde os modelos com motor traseiro introduzidos na década de 70, semelhantes à versão atualmente produzida na Índia, até a geração TM, lançada em 1982, quando Giorgetto Giugiaro promoveu uma grande ruptura com as linhas arredondadas introduzindo linhas quadradonas como a do Fiat Uno. Apesar de todas as significativas mudanças, o modelo pioneiro ainda encontra seu espaço e é produzido sob licença na Índia pela Bajaj Auto. Exemplares originais ainda demonstram a bravura de um veículo projetado para (re)construir nações, alguns impecavelmente conservados ou restaurados, enquanto outros (fotos) apresentam-se no melhor estilo survival ostentando suas ferrugens e demais sinais do tempo, e os proprietários podem contar com uma infinidade de acessórios disponíveis para aumentar a performance para transformá-los em "rat-trikes" sem maiores dificuldades.
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
SsangYong Motor Company declarou insolvência (falência) hoje.
Hoje, um ícone da indústria automotiva sul-coreana teve uma nódoa registrada em sua história. Pouco conhecida no Brasil, a Ssangyong é conhecida pela cooperação feita com a Mercedes-Benz a partir de 1988, que leva alguns incautos a crerem que os modelos são dotados de motorização da marca germânica. Fundada em 1954 sob o nome Hadonghwan, começou produzindo o Jeep principalmente para atender à demanda do Exército americano. A partir de 1976 passou a produzir uma variedade de veículos especiais, e no ano seguinte mudou o nome para Dong-A Motor, e em 1988 foi adquirida pelo conglomerado Ssangyong, passando a ser assim denominada. Em 1997 foi comprada pela Daewoo mantendo o nome Ssangyong Motor, mas em 2000 foi vendida novamente, e em 2004 a Shanghai Automobile Industry Corporation comprou 51% da empresa, a mesma que comprou as falidas MG e Rover e transferiu-as para a China. Resta, portanto, a esperança que modelos como a Actyon, Actyon Sports (foto), Rexton II e Kyron possam ter a produção retomada e continuem despertando paixões, ódios ou simples curiosidade pelo exótico design, mas nunca indiferença.