Ontem, pela primeira vez, eu senti alguma dose de vergonha em ser portoalegrense. Uma das principais vias de acesso a Porto Alegre, a Avenida Castello Branco, que era assim nomeada em homenagem ao marechal Humberto de Alencar Castello Branco, primeiro presidente do regime militar que durou de '64 a '85, teve o nome alterado pela Câmara Municipal para "Avenida da Legalidade e Democracia", num daqueles atos revanchistas típicos da esquerda-caviar que tenta a qualquer custo reescrever a História.
O próprio autor do projeto, o vereador Pedro Ruas, do PSOL (mesmo partido de figuras como os deputados federais Jean Wyllys e Chico Alencar), já se vangloriava que fez Porto Alegre ser a primeira cidade do Brasil a remover a homenagem a quem ele classificou como "um ditador". Guardadas as devidas proporções, tal medida chega a me lembrar a "neutralidade" alegada pelo Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês) ao remover o nome de políticos da sombria era do Apartheid de monumentos e logradouros públicos, como no Aeroporto Internacional Jan Smuts na capital Johannesburgo, antes que a mesma "neutralidade" fosse descartada quando o aeroporto foi rebatizado como OR Tambo numa referência ao socialista Oliver Reginald Tambo.
No caso portoalegrense, o novo nome oficial da Avenida Castello Branco faz referência à Campanha da Legalidade protagonizada por Leonel Brizola na época que Jânio Quadros renunciou à presidência, e houve muita resistência contra o vice João Goulart, mais conhecido como "Jango", cunhado de Brizola. Mas, assim como a Rua dos Andradas é até hoje mais conhecida por "Rua da Praia", não há de se duvidar que o nome tradicional da Avenida Castello Branco irá prevalecer no uso popular, da mesma forma que acontece com o Largo da Epatur mesmo após a alteração do nome oficial para Largo Zumbi dos Palmares. À exceção de documentos oficiais e de uma meia-dúzia de gatos pingados posando de "politicamente-corretos", não vejo ninguém deixar de usar os nomes já consagrados pelo povo para determinados logradouros e monumentos. Na hora de fazer discursos bravatosos, os esquerdistas dizem à exaustão que "todo o poder deve emanar do povo", mas sempre tem algum para vir com um ar de pretensa superioridade querendo mudar a História e os costumes...
O projeto já havia sido rejeitado em 2011 quando foi apresentado pela primeira vez. Cabe salientar que o mesmo esforço direcionado a insistir com essa palhaçada seria mais útil para apresentar projetos decentes que pudessem de fato trazer melhorias à população de Porto Alegre, principalmente aos miseráveis que a esquerda tanto diz defender mas só usa como gado eleitoral. Não se vê um programa de desfavelização, que certamente reduziria o risco de incêndios como o que destruiu a Vila Liberdade em 27 de janeiro do ano passado (mesmo dia do incêndio da boate Kiss, em Santa Maria) e os que constantemente atingiam a antiga Vila Chocolatão antes do reassentamento feito no Caminho do Meio. Por mais que a pauta da desfavelização seja constantemente apontada como um mero "higienismo" ou uma tentativa de "segregação social do espaço urbano", nada impediria que fosse seguido um modelo semelhante ao adotado em Lisboa para remoção de "bairros de lata", onde as "barracas" deram lugar a edifícios, não apenas para o reassentamento dos antigos moradores mas também para venda no mercado imobiliário, trazendo investidores que poderiam garantir alguma auto-sustentabilidade ao programa. Mas não, no catecismo da esquerda, o capital é sempre demonizado mesmo quando pode ser aplicado numa efetiva melhoria da qualidade de vida da população mais pobre.
Nunca o cidadão ordeiro e pacífico se viu tão abandonado pelo Estado quanto hoje, sem segurança para ter o direito de ir e vir preservado enquanto a criminalidade faz a festa, ou largado para morrer num sistema de saúde pública sucateado onde escravos da ditadura cubana dos irmãos Castro são apontados como uma solução quase messiânica. Enquanto isso, tem vereador mais preocupado com nome de rua que com o que acontece nelas...
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Por favor, comente apenas em Português ou em Espanhol.
Please, comment only in Portuguese or Spanish.
In doubt, check your comments with the Google Translate.
Since July 13th, 2011, comments in other languages won't be published.