quarta-feira, 10 de junho de 2020

5 motivos que ainda me fariam considerar a hipótese de comprar um Fusca

Dentre tantos carros que marcaram a história do Brasil, não há dúvidas de que o Fusca se destaca pela relevância que alcançou como um sucesso comercial durante o primeiro ciclo de produção, e também por haver sido alçado à condição de um verdadeiro ícone cultural. Em conversas com estrangeiros, às vezes a popularidade do besouro no país chega a ser objeto de mais atenção que temas como o samba, o futebol, a cachaça e a feijoada. E por mais que já não seja tão comum se deparar com um Fusca em uso cotidiano como ainda era por volta de 15 anos atrás, ainda há uma série de motivos que me levam a não considerar tão absurda a possibilidade de comprar um.

1 - o fator nostalgia: não posso negar que esse eventualmente seja o motivo mais relevante. Mesmo que um carro "popular" moderno pareça uma opção um tanto óbvia, além do mais que recentemente é mais incomum encontrar assistência técnica independente que não trate o Fusca com algum descaso, é inegável que deixou marcas na memória afetiva da imensa maioria dos brasileiros com mais de 20 anos;

2 - aptidão para trafegar em condições ambientais severas: não só o velho mote de que "o ar não ferve nem congela", amplamente reverberado na publicidade, mas também a configuração de motor e tração traseiros favorecendo a trafegabilidade nas mais variadas condições de terreno ainda são bons argumentos a favor do Fusca. Se usar pneus mais cravudos atrás e em último caso adaptar um sistema de frenagem seletiva manual individual das rodas traseiras, chega a lugares onde muitos veículos 4X4 destinados a um mero exibicionismo jamais chegarão;

3 - flexibilidade para fazer uma restomod: pode parecer contraditório defender um carro "velho" e demonstrar alguma simpatia por alterações substanciais na parte mecânica, mas a bem da verdade um Fusca bem reformado mesmo que se altere da motorização aos freios passando pelas suspensões para não ficar devendo em praticamente nada a modelos mais modernos nesse aspecto ainda preservaria uma parte considerável da imagem nostálgica. E se fosse o caso de radicalizar mais, o fato de contar com um chassi separado da carroceria possibilita até algo mais drástico como fazer um chassi novo já incorporando até algumas melhorias que inicialmente pareçam impossíveis ou muito improváveis de implementar num Fusca, mas manter as linhas básicas originais ao olhar somente pelo lado de fora;

4 - tamanho suficientemente compacto em comparação a modelos modernos: por mais que possa ser questionada a capacidade volumétrica para bagagens, e o acesso ao interior seja prejudicado pela configuração de apenas duas portas, o entre-eixos curto e a largura total abaixo da média dos modelos mais vendidos na atualidade fazem com que um Fusca não esteja tão desfavorecido. O comprimento não chega a ser tão favorecido nesse aspecto, mas também não chega a estar numa desvantagem que se faça notar;

5 - motivação cultural: por mais que alguns ignorantes possam subestimar a preservação de veículos clássicos como atividade de cunho cultural, especialmente em meio à demonização que tem sido feita com relação ao automóvel por setores da mídia e da política sob falsas premissas "ecológicas", não se pode negar que um resgate da memória industrial e do desenvolvimento urbano do Brasil deve incluir a importância do Fusca na pauta. Desde o fato de tornar o automóvel próprio mais próximo da classe média em outros períodos históricos, passando pela hegemonia que a Volkswagen chegou a dispor no mercado automobilístico brasileiro com o sucesso do Fusca e derivados, também é conveniente frisar o ressurgimento como ícone tanto em meio a uma cultura mais conservadora quanto na contracultura que remonta à época dos hippies junto à qual sem dúvidas o projeto eficiente e minimalista do Fusca ainda encontra alguma simpatia maior do que qualquer outro carro "popular" de fora da Cortina de Ferro encontraria. Pode-se considerar o Fusca praticamente um pacificador, dada a capacidade que tem de atrair e eventualmente congregar públicos muito diferenciados.

2 comentários:

Xracer disse...

Interessante... se tem um motivo especial hoje em dia para eu ter um Fusca, o que me atrairia seria pelo aspecto nostálgico apenas. Para mim um Fuscão 1500 1972, cor branco com aquele painel imitando jacarandá seria ideal, igual ao que meu pai teve em 1973, seria uma volta no tempo muito fabulosa, meu falecido pai adorou o Fuscão com o motor mais potente e estabilidade melhor. Eu só não conseguiria mais caber no "chiqueirinho", rsssss

cRiPpLe_rOoStEr a.k.a. Kamikaze disse...

Pois é, andar no chiqueirinho é algo que hoje só sobrevive na memória. Mas no meu caso eu faria uma restomod para tornar viagens mais cômodas, sem abrir mão da capacidade de incursão off-road para ir visitar uns parentes no interior.

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