sábado, 10 de outubro de 2020

5 motivos para o Suzuki Vitara de 1ª geração ainda me chamar a atenção

Sem sombra de dúvidas, um dos modelos que mais se destacaram durante a reabertura das importações na "era Collor" foi o Suzuki Vitara, que ainda chegou a ter exemplares de especificação americana com o nome Sidekick trazidos ao país. E apesar da quantidade trazida na década de '90 não chegar a ter uma proporção comparável à atual obsessão por SUVs que ganhou força junto ao público generalista, não se pode ignorar que o Vitara/Sidekick foi um precursor desse fenômeno, não só no Brasil como também a nível mundial considerando ainda a produção continuada na Espanha até 2006 onde a versão de chassi curto foi renomeada Santana 300 e a de chassi longo Santana 350 chegando a ser exportado para países sul-americanos onde ainda foi vendido como Chevrolet Vitara. Naturalmente, o modelo hoje poderia ser rotulado como obsoleto se tivesse permanecido em linha preservando grande parte dos elementos do projeto original, mas há ao menos 5 motivos que me levem a crer que não fosse totalmente inoportuna a eventual disponibilidade de um modelo com características básicas mais próximas à do Vitara/Sidekick da década de '90.

1 - concepção tradicional que não abdica tanto da robustez: é previsível que atualmente predomine entre os fabricantes generalistas o interesse em SUVs do tipo crossover, que compartilham boa parte do projeto com algum carro mais comum e acabam por sacrificar a aptidão para enfrentar condições mais severas primeiramente em nome da redução de custos de produção e também para focar no consumidor urbano que hoje busca a categoria mais como um símbolo de ascensão econômica e social. E apesar de não chegar a ser tão parecido com um trator ou um tanque de guerra a ponto de se tornar desconfortável para usuários com um perfil mais urbano, a configuração de chassi separado da carroceria ainda agrada mais a muitos adeptos do off-road, e mesmo que a suspensão dianteira seja independente vale destacar a presença do eixo traseiro rígido que também encontra defensores fervorosos especialmente na aplicação em utilitários;

2 - tamanho conveniente para uso geral, inclusive urbano: ao contrário de SUVs modernos que tem às vezes um tamanho exagerado de modo a passar uma ilusória sensação de robustez e imponência, não dá para negar que o Vitara acaba por não ser tão desfavorecido nem mesmo ao ser comparado a hatches de proposta mais generalista. É digna de nota principalmente a largura, mantida dentro do limite de até 1,70m para recolher menos impostos no Japão onde foi projetado e teve produzidos os exemplares que foram comercializados no Brasil;

3 - adaptabilidade do projeto a novas tecnologias: esse fator pode parecer contraditório, porém basta um olhar para o atual estágio de desenvolvimento de sistemas como freios ABS e controles eletrônicos de tração e estabilidade para se dar conta de que não são incompatíveis a uma configuração de chassi e carroceria separados. E mesmo que alguns componentes da carroceria precisassem passar a ser feitos de outras ligas de aço ou até materiais compósitos fibrosos, ou redesenhados para acomodar algum sistema de segurança não previsto originalmente ou atender a novas regulamentações de segurança em colisões o fato de não usar monobloco viabiliza algumas alterações no projeto original sem uma interferência tão exagerada sobre componentes e sistemas normalmente acoplados ao chassi. O mesmo também se aplica à substituição de motores originais antigos por outro enquadrado em normas ambientais mais recentes e a um eventual uso de câmbios automáticos mais modernos que o original de 3 marchas que diga-se de passagem também chegou a ser usado no Chevette;

4 - serventia para um uso mais geral: é de se destacar a versatilidade de um utilitário com concepção tradicional como o Vitara/Sidekick, de modo que um único veículo cobrir condições de uso urbano ou rodoviário sem tanta dificuldade ao mesmo tempo que se mantém apto a percursos mais árduos já seria mais próximo do ideal. Até pode-se traçar um paralelo com a decadência do conceito de carro "popular" no Brasil, à medida que a necessidade do público de zonas rurais não foi muito levada em consideração, ainda que não tivesse sido de se esperar na época que a Suzuki tentasse oferecer uma versão com motor 1.0 como chegou a ser feito no Samurai para enquadrar-se numa alíquota de IPI mais favorável antes de utilitários passarem a recolher uma alíquota única sem distinção de cilindrada que ficava acima dos 1.0 mas permanecia abaixo de automóveis com cilindrada acima da faixa dos "populares";

5 - facilidade para fazer adaptações: outra característica que pode ser atribuída ao Suzuki Vitara de 1ª geração, destacada tanto pela intercambialidade de algumas peças com modelos nacionais generalistas quanto por tantos repotenciamentos que já foram feitos principalmente com motores Volkswagen em substituição aos originais cujo bloco de alumínio até poucos anos atrás acabava sendo condenado com mais frequência por mecânicos. E novamente vale destacar como o chassi separado da carroceria acaba facilitando modificações extensas, com um menor risco de comprometer a integridade estrutural ao permitir que se façam os reforços necessários somente em algumas seções mais específicas do chassi ou da carroceria que possam estar expostas a esforços mais severos.

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