quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Volkswagen Nivus e Pointer: comparação inevitável

Com a chegada relativamente recente do Volkswagen Nivus, (mais um) SUV compacto derivado da mesma plataforma do Polo, tornou-se inevitável uma comparação com as proporções do antigo Pointer. O fato de ter sido lançado inicialmente no Brasil e de certa forma a aparência mais próxima ao que seria de se esperar num hatch médio ao invés de um SUV também fazem o novo modelo dar a impressão de ser uma espécie de "sucessor espiritual" para o modelo da década de '90 que foi desenvolvido na época da joint-venture AutoLatina usando a mesma plataforma que a Ford aplicava ao Escort. Naturalmente, assim como o público generalista hoje considera um SUV mesmo que compacto mais desejável que os hatches médios, o Nivus também tem refletido outras alterações bastante drásticas que aconteceram no mercado brasileiro desde a 2ª metade da década de '90, com destaque para o downsizing finalmente ter ganhado alguma confiança e o câmbio automático prevalecer entre modelos com uma pretensão mais prestigiosa.

O recurso ao motor 1.0 TSI de 3 cilindros equipado com turbo e injeção direta como único oferecido no Nivus já revela também uma obsolescência de se tratar a faixa de cilindrada como principal parâmetro nas definições de carro "popular" oficializadas entre os governos Collor e Itamar, enquanto o fato de ser flex movido tanto a gasolina quanto álcool acaba não sendo tão aproveitável em âmbito nacional tendo em vista que os custos do combustível alternativo se mantém pouco competitivos fora das regiões com maior produção como São Paulo e Alagoas. Contando somente com câmbio automático, sem nem haver a opção pelo câmbio manual que poderia agradar a uma parcela mais conservadora do público, também reflete outra mudança que em outros momentos parecia improvável mas hoje é favorecida tanto devido à própria evolução tecnológica dos câmbios automáticos quanto aos atuais volumes de trânsito mesmo em cidades de porte médio fazendo com que o maior conforto e até a redução no custo de manutenção em função do acoplamento viscoso do conversor de torque em contraste ao dos câmbios manuais que dependem da fricção (não é à toa que embreagem em italiano é "frizione", diga-se de passagem) hoje justifiquem um incremento no consumo de combustível que já não é mais tão exagerado comparando-se ao de um similar equipado com câmbio manual. Comparando ao Pointer, é grande o contraste com os motores EA827 "AP" de 1.8L com injeção eletrônica ainda monoponto e 2.0L já equipado com injeção multiponto, sempre a gasolina e com câmbio manual de 5 marchas.

É justo observar que, cada um à sua maneira, tanto o Nivus quanto o Pointer representam uma eventual canibalização com o Golf especificamente no mercado brasileiro, e portanto torna-se compreensível que o SUV novo tenha um perfil e proporções bastante semelhantes ao do hatch médio da década de '90 que chegou a ser apontado como "o Volkswagen mais bonito do mundo" pela mídia internacional. Ainda é difícil prever qual será a recepção que o Nivus terá no exterior, considerando que há previsões para ser exportado a partir do Brasil no ano que vem para mercados regionais e também ser feito na Espanha e a princípio pode ter alterações na oferta de motores e câmbios para atrair a consumidores com perfis mais diferenciados, mas a princípio não seria tão improvável que continue sem oferecer uma opção Diesel até em países onde não sofra restrições em função das capacidades de carga e passageiros ou da tração simples dianteira. Enfim, mesmo diante das pretensões mais ambiciosas de firmar o Nivus no exterior contrastando com a estratégia mais regionalizada do Pointer, e também observando diferentes estágios da tecnologia automobilística, uma comparação entre ambos é inevitável.

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