1 - vantagens da tração traseira hoje subestimadas: embora não seja o caso de ignorar que a tração dianteira apresente alguns méritos, vale salientar que com a tração traseira há menos interferências que limitassem o ângulo de esterçamento da direção devido à ausência de semi-eixos de transmissão na frente. Logo pode-se ter certeza que, além de uma concentração de peso mais próxima ao eixo motriz em diversas condições de carga devido ao projeto do modelo ser uma boa opção para trafegar com desenvoltura em zonas rurais sem a necessidade de um oneroso sistema de tração 4X4, o Gurgel Supermini oferecia uma boa manobrabilidade nos espaços cada vez mais restritos em meio ao tráfego urbano não apenas pelas pequenas dimensões externas;
2 - economia de combustível: em meio à volatilidade dos preços dos combustíveis, por mais que uma objeção de Amaral Gurgel ao uso do álcool como combustível veicular não pudesse ser ignorada, ainda convém destacar a possibilidade de manter médias de consumo de gasolina entre 14 e 20km/l apesar de permanecer usando carburador e o câmbio manual com somente 4 marchas e 4ª direta não ter permitido um melhor aproveitamento de potência e torque como seria possível com um câmbio de 5 marchas. Não seria o caso de ignorar eventuais benefícios que melhorias como injeção eletrônica e um câmbio com 5 marchas poderiam ter acarretado caso a produção não tivesse sido interrompida de forma abrupta pela falência da Gurgel Motores em '94;
3 - resistência e leveza da fibra de vidro: apesar das críticas quanto ao uso desse material para fazer a carroceria de um modelo com pretensões generalistas eventualmente prejudicar a economia de escala, é uma boa opção tanto por não sofrer tanto com corrosão ou a ação de produtos químicos dependendo da resina que seja usada para saturar a fibra quanto pelo peso mais contido proporcionalmente à resistência mecânica em comparação ao aço estampado. Naturalmente, devido ao gasto energético para produzir a fibra de vidro, alternativas eventualmente renováveis como a fibra de sisal poderiam vir a calhar, tanto pelo menor consumo de energia no beneficiamento quanto por ser um material renovável e que ainda auxiliaria na compensação de emissões de carbono tão em voga hoje com a alegada "sustentabilidade" sendo um mantra repetido à exaustão por marqueteiros;
4 - eventual viabilidade de incorporar atualizações ao projeto original: por mais difícil que possa parecer à primeira vista, especialmente considerando a diferença entre as regulamentações de emissões e de segurança aplicáveis aos veículos novos à venda no Brasil entre a década de '90 e a atualidade, vale lembrar que o uso de um chassi space-frame cuja função estrutural permanece independente dos painéis de carroceria não constituiria um impedimento para incorporar recursos tão diversos quanto freios ABS e airbag ou uma substituição do motor de 2 cilindros contrapostos (flat-twin) por outro mais comum em modelos generalistas de projeto mais recente. Ainda que a idéia de uma restomod que possa tornar um Gurgel Supermini mais apto a atender necessidades e expectativas contemporâneas esteja longe de ser economicamente viável, e o retorno às linhas de produção também esteja totalmente fora de cogitação, ainda seria um parâmetro interessante para considerar eventuais releituras mantendo uma aptidão para servir como um sucessor para o Fusca que efetivamente nem a Volkswagen foi capaz de oferecer;
5 - inegável viés nacionalista: apesar do projeto original ter algumas limitações, e ainda enfrentar um complexo de vira-lata que às vezes ainda fomenta uma injustificada rejeição a um desenvolvimento de tecnologias autóctones nos mais diversos setores da indústria, a proposta de exaltar a origem nacional do Gurgel Supermini e o foco em atender a uma necessidade de consumidores com um perfil que vinha sendo negligenciado pelos principais fabricantes generalistas de origem estrangeira instalados no Brasil quando a primeira geração dos ditos "carros populares" era apresentada mantinham alguma relevância.
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