quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Pedal de embreagem: "prazer" com os dias contados?

Ainda que por uma questão de custo e facilidade de efetuar reparos a transmissão manual ainda tenha adeptos, sobretudo para o uso em condições extremas como a prática recreativa de off-road, opções mais confortáveis para o usuário comum vem conquistando adeptos nos últimos anos.

Se antes da reabertura das importações a transmissão automática era vista por alguns como "coisa de playboy" ou estigmatizada como "acessório para deficiente físico", modelos como o Toyota Corolla conquistaram um público que antes a via com maus olhos. Hoje, já com produção nacionalizada, chega a ser difícil achar algum Corolla com transmissão manual rodando por ruas e estradas brasileiras. Ainda que no mercado nacional ainda se usem transmissões automáticas mais primitivas e que acabam causando algum prejuízo ao consumo de combustível não só devido à inércia do conversor de torque, visto que algumas insistem em apresentar apenas 4 marchas como no próprio Corolla, enquanto outras mais modernas como as CVT que a Honda usava no Fit e a Nissan usa no Sentra chegam a apresentar consumo próximo ou eventualmente melhor que as versões manuais.

Um caso que merece destaque é o Subaru Impreza, que na atual geração ainda oferece uma caixa de 4 marchas nas versões automáticas mais simples, mas o próximo modelo virá com uma CVT já em uso no Subaru Legacy. A grande vantagem do sistema CVT é ter infinitas variações entre duas relações predeterminadas, possibilitando manter a mais adequada de acordo com a rotação do motor, topografia, qualidade da pavimentação e fluxo do tráfego, favorecendo a economia de combustível...

Conciliando o conforto do modo de trocar marchas totalmente automático com a possibilidade de proporcionar uma condução mais "esportiva" quando desejado, surgiu na segunda metade da década de 90 o sistema difundido pela Porsche e conhecido como Tiptronic. Permanecia o acoplamento viscoso do conversor de torque e a troca das marchas por pressão controlada por um "corpo de válvulas" hidráulico, mas o condutor passava a ter o controle tão apreciado pelos "weekend racers" de plantão que não abriam mão de apreciar o carrão esportivo durante a semana apesar do trânsito caótico nos centros urbanos com ruas e avenidas congestionadas por ação de uma "engenharia" de tráfego ineficiente...

Em alguns modelos, ainda, devido ao uso de motores mais compactos, havia alguma preocupação com a lentidão nas respostas com o uso de um sistema "hidramático" convencional, daí surgiram os chamados "automatizados" ou "robotizados", que nada mais são do que caixas manuais com opção de troca de marchas automatizada por atuadores eletromecânicos, e acionamento automático da embreagem. O peso mais contido e a maior facilidade em efetuar reparos tem feito com que ganhe espaço no mercado, não só entre modelos de nicho como o FIAT 500 como também em veículos mais simples como o Palio. Por trocar as marchas sempre "no tempo" quando operando em modo automático, prolongam a vida útil da embreagem e em várias situações diminuem o consumo de combustível. Ainda, por não ter conjuntos sincronizadores entre as engrenagens, a durabilidade é maior em comparação com as transmissões manuais sincronizadas que hoje são o padrão dos segmentos mais básicos do mercado automobilístico...

Há ainda quem considere "monótono" conduzir um veículo sem a necessidade de trocar marchas mas não se opõe a um pouco de conforto e segurança, e para atender a tal público ainda há entre as opções o chamado "semi-automático", a exemplo do "Cambiocorsa" usado em modelos da Ferrari e Maserati, no qual a abolição do pedal de embreagem já traz algum conforto sem privar o entusiasta de trocar as marchas, no caso por meio de paddle-shifters embutidos no volante como num Fórmula 1. Apesar da apresentação com mais glamour, não é tão diferente do que era oferecido no pós-guerra com o sistema Saxomat, embreagem automática produzida pela Fitchel & Sachs (atual ZF-Sachs) que foi bastante popular no mercado europeu, e chegou a equipar alguns DKW-Vemag brasileiros. Acaba não tendo a possibilidade de trocar marchas automaticamente, mas não dependia de atuadores e controladores eletrônicos muito complexos e sensíveis...
Por um breve período entre '99 e 2001 o FIAT Palio chegou a oferecer regularmente um dispositivo semelhante, mas ao invés do acionamento a vácuo (usando uma "cuíca" conectada ao coletor de admissão, que fornecia o vácuo liberado por uma válvula acionada por um contato elétrico simples montado na base da alavanca de câmbio, fazendo com que um pequeno "braço" mecânico pressionasse o garfo da embreagem, com um platô centrífugo para manter o acionamento da embreagem durante a marcha-lenta) como no DKW-Vemag tinha um sistema eletro-hidráulico mais complexo...
Atualmente não é tão incomum encontrar kits para automatização de embreagem oferecidos por fornecedores independentes e amplamente usados em adaptações veiculares para deficientes físicos, mas o uso de tais equipamentos por motoristas sem deficiência é visto como tabu.

Apesar do custo de aquisição ainda ser mais baixo para um veículo com transmissão manual, a evolução nas transmissões automáticas faz com que a desvantagem em consumo e desempenho seja cada vez menos sensível, e vem atraindo consumidores com um maior conforto no pesado tráfego urbano...

Um comentário:

Fabrício disse...

Dirigir um carro com câmbio manual em meio a um engarrafamento é cansativo demais, mas é importante saber usar a embreagem corretamente para uma eventualidade.

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