No caso específico do Sentra, havia uma controvérsia: a EPA (Environmental Protection Agency, uma espécie de IBAMA) americana atribui médias de consumo urbano idênticas (25MPG, cerca de 10km/l) tanto para as versões com câmbio manual de 4 marchas quanto para as de 5, enquanto no consumo rodoviário as médias são listadas em 35MPG (cerca de 14km/l) com 5 marchas e 33MPG (aproximados 13,2km/l) com 4 marchas. Convém recordar, no entanto, que as médias obtidas nos ciclos de testes da EPA são muito contestadas pelo método como são feitos, e proprietários de Sentra com o câmbio de 4 marchas normalmente obtém resultados mais satisfatórios em condições reais de uso em comparação com o de 5 marchas. Além da questão do escalonamento de marchas e relações de diferencial, convém levar em consideração a redução de peso (ainda que pareça irrisória diante do veículo completo) e de atritos internos na caixa com uma marcha a menos, o que também acaba por ter um peso significativo nos resultados obtidos.
Vale salientar que no Voyage e na Parati o câmbio de 4 marchas foi o único a ser oferecido durante o programa de exportação para Estados Unidos e Canadá, tanto pelo tamanho do "túnel" central não acomodar o câmbio automático de 3 marchas oferecido no Santana sem modificações estruturais mais extensas quanto pela menor quantidade de trocas de marcha requeridas, tornando a condução menos desgastante para os americanos.
Outro ponto a se destacar era a maior resiliência ao ser submetido a estilos de condução mais severos, como o que o Passat LSE era dimensionado para enfrentar nas mãos dos desleixados motoristas iraquianos, e nas condições de carga mais intensa, como no Gol Furgão.
Mesmo quando a Kombi passou a ser equipada com motor de refrigeração líquida em 2006, enquanto alguns esperavam uma 5a marcha, permanecia com apenas 4. Um argumento para embasar a decisão da Volkswagen era a questão do espaço já limitado para a instalação do câmbio, além de considerações sobre os esforços aos quais estaria submetido.
Cabe salientar também fatores de ordem logística e operacional: ainda tomando a Volkswagen como exemplo, devemos lembrar que a carcaça dos transeixos de 4 marchas para montagem longitudinal era basicamente a mesma, independentemente de ser aplicada num modelo de motorização dianteira como o Gol ou traseira como a Kombi. Naturalmente, isso acabava por reduzir os custos de desenvolvimento de produto. Além disso, em aspectos gerais a menor quantidade de algumas peças que iriam da engrenagem de uma 5a marcha até o respectivo sincronizador também se refletia em menos gasto com material e energia durante a fabricação do câmbio.
Na geração split-window, também conhecida como "corujinha" ou "jarrinha" e produzida no Brasil até '76, a Kombi era dotada de cubos redutores nos semi-eixos traseiros, portanto era necessário inverter o sentido de rotação interna do câmbio em comparação com as demais aplicações de motor traseiro sem os redutores. Valendo-se dessa reversibilidade não foi difícil adaptar, por exemplo, ao Passat.
Atualmente, tem sido comum em modelos de porte médio como o Nissan Sentra de 7a geração e o Toyota Corolla de 11a geração, a única opção de câmbio manual ter 6 marchas e um escalonamento "esportivo" que destoa tanto de um estilo "executivo" evidenciado no primeiro quanto pelo status de "carro de avô" do segundo. Considerando o status de ambos no mercado americano sendo quase como o dos "populares" brasileiros, um câmbio de 4 marchas mais espaçadas associado a um diferencial mais longo para favorecer a economia de combustível caso fosse oferecido a um custo menor que o atual de 6 marchas agradaria aos poucos consumidores budget-conscious que ainda optam pelo manual por lá, enquanto por aqui apesar da participação cada vez menor do câmbio manual entre os sedãs médios certamente haveria alguma polêmica tanto pela percepção de um número menor de marchas como "inferioridade técnica" quanto pela suposta "esportividade" desejada por alguns tiozões em crise de meia-idade. Logo, apesar do mercado vir demonstrando um posicionamento contrário, me parece que o câmbio de 4 marchas não é tão inadequado...
5 comentários:
O progresso traz coisas boas mesmo como mais marchas numa caixa automática, mas num carro pequeno não é lá tão vantagem ter que ficar trocando de marcha tanto quanto um motorista de carreta. Se voltassem a usar caixa de 4 marchas em carro novo seria até melhor. Já vi caminhões novos com caixa de 7 e de 8 marchas onde antes se usava de 12, e olha que com a carga que vai nos brutos seria até bom ter mais marcha, mas em carro pequeno não faz sentido mesmo.
Já que Corolla é carro de velho mesmo, não faz tanto sentido ficar empurrando câmbio de 6 marchas para os tios que ainda querem manual. De qualquer jeito, se for para levar um carro desses pelo conforto faz mais sentido o automático mesmo.
Ainda mais agora que o Corolla tem câmbio automático CVT, oferecendo um bom conforto sem sacrificar tanto o desempenho e o consumo de combustível.
Um primo meu que mora na Jordânia comprou um Passat já usado no Iraque, é um carro muito resistente.
Faria sentido se tivesse mais desse câmbio de 4 marchas mesmo, se na cidade dificilmente se usa todas as 5.
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