A reação de muitos, ao ouvir qualquer comentário referente a um aspecto da modernidade que pode ser considerado negativo em se tratando de automóveis e uma complexidade técnica cada vez mais intimidadora, é sugerir em tom irônico que se "compre um calhambeque". Será que serviria um Ford Modelo T como esse de 1924, literalmente um "pretinho básico"?
Apesar da sofisticação de alguns detalhes onde a beleza ganhava espaço sem sacrificar a funcionalidade, como no termômetro montado diretamente na tampa do radiador, prevalecia a austeridade e a resiliência para enfrentar condições viárias de uma época em que calçamento de pedra nas ruas ainda era quase um luxo. Nossos bisavós sobreviveram sem ar condicionado, direção hidráulica, ou freios a disco. ABS então, se vacilar nem Júlio Verne se atrevia a prever que fosse se tornar obrigatório até no Brasil...
No caso específico do Modelo T, do início da fabricação em 1908, passando pela introdução da linha de montagem em 1913 até o fim da produção em 1927, tinha freios atuantes apenas nas rodas traseiras, sendo o de serviço por um sistema de cintas diretamente no câmbio e o de estacionamento (freio-de-mão) a tambor. A suspensão era extremamente rústica, por eixos rígidos com um único feixe de molas semi-elípticas transversal em cada eixo. Amortecedores pressurizados? Nem em sonho, visto que já não usava nem amortecedores de fricção do tipo "joelho"...
O painel não tinha tantos gadgets quanto qualquer "popular" moderno hoje pode ter, mas também não tinha espaço para plásticos de qualidade duvidosa e encaixe frouxo para fazer barulho em qualquer ondulação da pista. Pode-se dizer, porém, que o único "luxo" do velho Ford Bigode era dispensar o pedal de embreagem, pois havia sido projetado visando uma operação quase intuitiva mesmo para quem não tivesse experiência anterior com automóveis. Hoje, no entanto, muitos se confundiriam com a disposição de pedais, o da esquerda selecionando as duas marchas à frente, o do meio para a ré e o direito para o freio. Acelerador fica numa das duas alavancas que formam o "bigode" atrás do volante, com a outra controlando manualmente o avanço da ignição. E mesmo numa época sem injeção eletrônica, tampouco ignição eletrônica, o Ford Modelo T já era "flex", podendo rodar tanto com gasolina quanto etanol, e até querosene.
4 comentários:
That's so beautiful.
Nunca vi um Ford bigode ao vivo.
Que lindo. Quanto será que custa para alugar um desses para casamento?
Não faço idéia.
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