Conversas sobre regulagens de bicos injetores e limpezas do respiro do cárter tornaram-se frequentes ao longo de tantas vezes que nos víamos pelo bairro, a ponto de ter me acostumado a perceber quando era a hora de revisar o respiro do cárter por um cheiro característico de óleo lubrificante. Eu sempre ficava com a pulga atrás da orelha com relação ao eventual risco de uma pressão excessiva no cárter causada pela evaporação de uma parte do óleo pudesse induzir a um "disparo", que é a aceleração descontrolada de um motor e acontece com mais frequência nos Diesel que nos a gasolina, além do mais que esse meu vizinho tinha por hábito viajar para a cidade onde ele nasceu e morava antes de se mudar em definitivo para Porto Alegre com o intuito de ficar mais perto do trabalho. Naturalmente, além do encantamento pela Veraneio, também acabava havendo uma preocupação com o vizinho e a família dele, que também se tornou bastante próxima a mim ao longo dos 7 anos desde que chegaram ao condomínio.
Algumas lembranças vivem para sempre, mas não se pode dizer o mesmo de quem delas participa, e foi o que aconteceu nesse caso. Aquele vizinho gente boa, de quem eu nunca vi absolutamente ninguém ter um comentário desabonador a fazer (e que provavelmente, se o fizessem na minha presença, ficariam com alguns dentes a menos), morreu recentemente quando faltava pouco mais de 1 mês para completar 51 anos, vitimado por um câncer de rim. Gone, but not forgotten...
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