domingo, 13 de junho de 2021

Algumas observações sobre o sucesso que se mantém na 2ª geração da Fiat Strada

Não é novidade que a Fiat Strada tornou-se um dos modelos mais emblemáticos tanto da Fiat no Brasil quanto da categoria das pick-ups compactas, atualmente na 2ª geração e oferecida em alguns mercados de exportação regional como RAM 700 em função do realinhamento entre marcas na antiga FCA (atual Stellantis). Um modelo de proposta "emergente" para atender à América Latina, embora tenha também algum apelo junto a consumidores de outras regiões onde um utilitário compacto e de mecânica simples seja desejável, infelizmente perdeu na geração atual a opção por ao menos um motor turbodiesel que na anterior foi essencial para assegurar uma presença na Europa e também chegou a ter uma demanda em outros mercados de exportação tão diversos quanto a Argentina e a África do Sul. Naturalmente pode-se atribuir em parte aos custos do turbo e dos sistemas de injeção mais complexos usados na atual geração de motores Diesel como problemático para alguns mercados emergentes, enquanto algumas tecnologias para controle de emissões agregam uma complexidade que já desencoraja até os europeus, e portanto o uso dos motores Fire de 1.4L e FireFly de 1.3L em configuração somente a gasolina para exportação ou flex também compatíveis com etanol no Brasil apresenta um custo/benefício razoável.
Com as configurações de cabine simples ou dupla, não mais oferecendo uma opção de cabine estendida mas com a simples rebatizada como "cabine Plus" e aparência mais próxima à de uma cabine estendida, a possibilidade de cobrir tanto necessidades e preferências de usuários estritamente profissionais quanto particulares situa a Fiat Strada numa posição bastante confortável no mercado brasileiro, e também vale destacar que a cabine dupla torna-se uma alternativa à moda dos SUVs. A simplicidade mecânica que se torna especialmente atrativa para operadores comerciais também não chega a ser um impedimento para atrair consumidores generalistas que enxergam as pick-ups de um modo geral como uma categoria mais aspiracional para transmitir ao menos a imagem de um "estilo de vida" mais ativo e aventureiro, apesar da geração atual não oferecer outra opção de câmbio que não seja manual de 5 marchas. Nem mesmo a disponibilidade de um automatizado de embreagem simples, como o Dualogic oferecido em versões da geração anterior quando especificadas com o motor E.torQ de 1.8L antes que deixasse de ser disponível na Strada, e também há de se considerar que tanto a grande procura pelo modelo até com filas de espera quanto o impacto da crise do coronavírus chinês na logística de componentes e sistemas automotivos já levam a crer que a eventual disponibilização de um câmbio automático possa demorar a chegar.
A possibilidade de atender a uma necessidade específica de alguns países terceiro-mundistas onde uma pick-up de configuração mais abrutalhada fica demasiadamente cara, além do consumo de combustível menos exagerado conciliado a uma estética vista por muitos como mais atrativa que a de um automóvel compacto mais generalista, são trunfos muito bem explorados pela Fiat com a atual geração da Strada. É relevante também como as pick-ups se firmam como uma das categorias mais estáveis nos mercados brasileiro e de exportação regional mesmo em meio da ascensão dos SUVs sobrepondo-se a modelos de configuração mais despretensiosa como hatches e sedans, mesmo que em alguns países como o Brasil a restrição ao uso de motores Diesel em função das capacidades de carga e passageiros ou tração ainda se torne um empecilho para convencer usuários com um perfil mais conservador a migrarem ou para uma pick-up ou para um SUV. Enfim, considerando tanto especificidades regionais quanto a atual dinâmica do mercado automobilístico favorecendo utilitários de um modo geral, a Fiat Strada certamente figura entre os maiores acertos recentes no mercado brasileiro.

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