Um daqueles veículos que são uma presença tão constante nas ruas brasileiras a ponto de parecer muito improvável que sumam de uma hora para a outra, e que dificilmente alguém vá olhar para um exemplar relativamente novo como próximo de alcançar algum valor histórico, a Honda CG foi alçada à condição de grande destaque no mercado motociclístico nacional. Muito popular tanto para uso particular quanto como ferramenta de trabalho na mão de tantos motoboys, tornou-se um nome tão forte no Brasil que até ao incorporar na 6ª geração lançada em 2004 um motor OHC que pela lógica da Honda à época poderia justificar uma mudança na nomenclatura para CB ainda valia mais a pena para a Honda continuar com o modelo sendo denominado CG. No ano de 2006, em meio às comemorações dos 30 anos de produção da CG no Brasil, foi oferecida uma versão especial com um grafismo nostálgico fazendo referências ao modelo de '76 ainda com o motor "125 varetado" então com partida somente a pedal e freios a tambor.
Talvez o fato de ter sido a primeira geração a usar um tipo específico de motor, assim como foi o caso da primeira CG 125, possa ser um pretexto razoável para a Honda CG 150 Special Edition de 2006 ter a chance de despertar algum interesse quando alcançar a idade de 30 anos que qualifica oficialmente um veículo a ser considerado colecionável no Brasil, em que pese essa versão não ter chegado ao mercado no primeiro ano da substituição do antigo motor "varetado". É conveniente observar que um enfoque no segmento de entrada, com um público-alvo que permanecia relativamente austero e mais interessado na aptidão a um uso eventualmente severo, proporciona condições que em alguns momentos inviabilizam uma maior preservação da originalidade ao longo da vida útil operacional, e altos custos para fazer uma restauração de boa qualidade também possam tornar mais escassa uma quantidade de remanescentes à medida que vá se aproximando dos 30 anos. O desenvolvimento mais recente do interesse por veículos antigos como ícones históricos e culturais no Brasil também é algo a enfatizar entre as dificuldades que possam levar uma CG 150 Special Edition a ser tão ou mais rara desde quando seja reconhecida como colecionável até alcançar uma idade entre 43 e 45 anos que hoje apresentam as versões iniciais da CG de primeira geração, que entre '76 e '78 ainda tinha a suspensão dianteira invertida, substituída por uma convencional que acompanhou essa geração pelo restante do ciclo de produção até '82.
Se até para a primeira geração da CG foi difícil uma quantidade tão expressiva de remanescentes chegar à idade de 30 anos necessária para o reconhecimento oficial como colecionáveis, mesmo que o projeto básico do motor tenha se mantido inalterado até 2004 no mercado interno e retornado entre 2005 e 2009 antes que o motor OHC também passasse a ser oferecido numa versão 125, modelos posteriores acabam sofrendo mais com a desvalorização durante esse mesmo intervalo e em alguns casos sejam até tratados como "descartáveis" ou precisem recorrer a adaptações para manter a operacionalidade. É possível fazer uma analogia com o caso de alguns carros que a partir dos 15 anos vem sendo mencionados como "neo-colecionáveis" mesmo que ainda não tenham alcançado a idade de 30 anos, embora nesse segmento das motos utilitárias a própria imagem como algo inerentemente "inferior" aos olhos do público generalista inibe maiores empenhos pela preservação de uma originalidade apreciável. Embora talvez passe por mais percalços para ser finalmente alçada a essa condição, a Honda CG 150 Special Edition de 2006 já está literalmente no meio do caminho para ser considerada colecionável.
2 comentários:
Kamikaze, sem duvida alguma essa edição especial alem de muito bonita merece ser colecionável, quem tem uma inteira já não vende fácil não, no Brasil vemos pouquíssimas edições limitadas como essa, já na época que saiu eu reconheci nela uma linda colecionável, que remete as pioneiras CG 125. Outras que já são difíceis de achar são as Turuna de 1979/80, principalmente as vermelhas com o tanque mais quadradinho e o para-lama dianteiro na cor da moto, lembro bem na época o tanto que elas eram admiradas !
As que eu vi em Porto Alegre estavam sempre em uso normal, inclusive cheguei a ver uma adaptada com freio traseiro a disco, e outra com rodas raiadas sendo usada por um motoboy. Quanto à Turuna, as últimas que eu vi eram azuis, tanto uma de tanque arredondado quanto uma quadrada que tinha até aquela minicarenagem de farol.
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