quinta-feira, 29 de julho de 2021

Yamaha XTZ 125: faria sentido um eventual retorno ao mercado brasileiro

Um modelo bastante icônico daquela época que a Yamaha começou a priorizar os motores 4-tempos até nas faixas de cilindrada mais modestas no Brasil, a XTZ 125 foi lançada em 2002 e seguiu em catálogo no mercado nacional até 2014, embora permaneça em produção para exportação regional. Com o motor ainda recorrendo ao carburador, a princípio ficaria mais difícil manter um enquadramento às normativas de emissões sem sacrificar em demasia o desempenho, lembrando também que a injeção eletrônica hoje oferecida em motos utilitárias generalistas que ainda usam rigorosamente o mesmo motor no Brasil e na Europa também foi fundamental para que fosse possível incorporar a tecnologia flexfuel hegemônica no mercado nacional. Por mais que alguns possam considerar "obsoleta" a aparência característica de uma trail autêntica, e alguns elementos como o paralama dianteiro alto sejam mais adequados ao off-road, é de se destacar como a leveza e o curso longo das suspensões ainda proporcionam uma manobrabilidade boa no tráfego urbano e resiliência diante da má conservação das ruas e avenidas em diversas cidades.
A princípio, seria precipitado atribuir ao uso do carburador um eventual empecilho para que se retome a comercialização da XTZ 125 no Brasil, e uma parte considerável do público de perfil mais conservador pode até preferir a aparente simplicidade e atribuir uma facilidade para efetuar reparos improvisados em caso de emergência, apesar da maior precisão da injeção eletrônica proporcionar uma maior eficiência e viabiliza manter o enquadramento nas normas ambientais em vigor sem recorrer a restrições tão severas nos fluxos de admissão e escape que comprometam demasiadamente o desempenho. Por tratar-se de um modelo de uso misto, a simplicidade franciscana que já não satisfaz aos consumidores mais exigentes é até compreensível, mas ainda seria desejável que passasse a oferecer indicador do nível de combustível no painel, ao invés de recorrer a uma torneira de combustível com estágio separado para a reserva, ou à inclusão de somente uma luz de reserva no painel como a Honda fez quando incluiu a injeção eletrônica na Pop. Levando em consideração especificamente que foi incorporada a tecnologia flexfuel na versão com injeção eletrônica do mesmo motor ainda usado na XTZ 125 com carburador para os mercados de exportação, um indicador do nível de combustível seria até mais conveniente em função da diferença no consumo ao usar gasolina ou álcool/etanol.
Embora num primeiro momento pareça difícil de justificar uma eventual volta da XTZ 125 ao mercado brasileiro, além do mais que acabaria canibalizando com a Crosser 150 que não é tão otimizada para um uso off-road mais intenso, não dá para negar que a Yamaha teria condições de fazer um relançamento, e se beneficiar tanto da economia de escala para incorporar eventuais componentes off-the-shelf se viesse a equipar com injeção eletrônica quanto do fortalecimento do mercado motociclístico no Brasil refletido na grande adesão às motociatas a favor do presidente Jair Bolsonaro. Guardadas as devidas proporções, seria possível até fazer uma analogia com o relançamento do Fusca entre '93 e '96 pela Volkswagen que atendeu a uma sugestão do ex-presidente Itamar Franco. Mas ao contrário do Fusca "Itamar", que teve a receptividade mais concentrada junto ao público rural em função da aptidão off-road acima da média do segmento dos carros "populares", um eventual retorno da Yamaha XTZ 125 cairia como uma luva tanto para quem vá efetivamente necessitar de uma moto utilitária mais apta a enfrentar condições severas no campo quanto para consumidores urbanos que possam eventualmente também apreciar tal característica em uso recreativo a um custo mais modesto na comparação a modelos de cilindrada mais alta.

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