quinta-feira, 9 de março de 2023

5 motivos para o Jeep CJ-5 ter sido um dos veículos mais importantes na história da indústria automotiva brasileira

Um daqueles modelos icônicos e facilmente reconhecíveis até por quem é pouco ou nada familiarizado com automóveis, o Jeep CJ-5 deixou um profundo legado por vezes ainda subestimado no tocante ao desenvolvimento do Brasil, tanto na atividade rural para a qual foi especialmente direcionado quanto na consolidação como um grande pólo de produção de automóveis de um modo geral entre países ditos "emergentes". Ao menos 5 motivos podem ser apontados para justificar tamanha importância:

1 - chegou em alguns momentos a ser o carro 0km mais barato do Brasil: naturalmente pelo fato de ser um veículo utilitário de concepção tradicional, priorizava a função sobre a forma, e assim apesar da complexidade da tração 4X4 que equipou a imensa maioria dos exemplares de fabricação brasileira, foi priorizada a austeridade desde o início da montagem no país em 1954 ainda com peças importadas até a produção efetivamente nacional entre 1957 e 1983. Certamente a carroceria aberta, que frequentemente recebia capotas e portas de lona fornecidas por fabricantes independentes de acessórios, era outro fator que diminuía o custo de fabricação e o preço de tabela;

2 - teve o primeiro motor a gasolina feito no Brasil: contrariando alguns céticos que apontavam o clima do país como um empecilho para a fundição de blocos de motor, já em 1959 a Willys-Overland do Brasil produzia o motor BF-161 "Hurricane" de 6 cilindros em Taubaté. Mais emblemático foi o fato dessa mesma fábrica, já após a operação brasileira da Willys-Overland ter sido vendida à Ford, ter até exportado motores de projeto mais moderno para os Estados Unidos;

3 - produção continuada por mais de 1 fabricante: com a fusão entre a Willys-Overland do Brasil e a Ford em 1967, a linha Jeep teve continuidade até 1983. Naturalmente a adoção do Jeep pelos militares já tornava a operação bastante rentável, bem como o desbravamento de novas fronteiras agrícolas e até o uso em serviços pesados no ambiente urbano;

4 - polivalência: embora o público urbano generalista já tenha chegado a subestimar ainda mais o Jeep CJ-5 em outras épocas, tanto pelos estereótipos depreciativos à população interiorana quanto a própria rusticidade contrastar com as pretensões mais sofisticadas de modelos declaradamente urbanos, no fim das contas o porte bastante compacto de um Jeep tradicional comparado a diversos carros compactos é mais conveniente do que poderia parecer num primeiro momento. E apesar de hoje ser mais visto em usos ocasionais de lazer, até relativamente pouco tempo atrás ainda era fácil ver com certa frequência exemplares do modelo em uso cotidiano normal;

5 - definição de parâmetros para homologação de SUVs modernos: quem hoje compra um SUV de concepção moderna, já muito distante das premissas estritamente utilitárias, se hoje pode contar com um motor Diesel é beneficiado pela classificação como "utilitário" com base nas capacidades de tração 4X4 definidas ainda durante o ciclo de produção continuada do Jeep CJ-5 nas mãos da Ford, permitindo a modelos com capacidade de carga abaixo de uma tonelada e acomodação para menos de 9 passageiros além do motorista serem equipados com motor Diesel se tivessem tração 4X4 com reduzida. O mais curioso é que, embora no exterior tenha sido oferecida a opção por um motor Perkins, nenhum Jeep CJ-5 brasileiro saiu de fábrica com motores Diesel.

2 comentários:

Roberto disse...

Acredito que ainda teria mercado, com um motor diesel e adaptações mínimas de segurança como um santantônio.

cRiPpLe_rOoStEr a.k.a. Kamikaze disse...

Teria sido mais competitivo diante do Toyota Bandeirante se o motor Perkins 4-165 que chegou a ser usado até em versões feitas nos Estados Unidos e na Espanha também fosse usado aqui. Quanto ao santantônio, é um dos acessórios que mais se vê em exemplares remanescentes, especialmente os que ainda são usados com regularidade.

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