quinta-feira, 2 de abril de 2020

5 veículos improváveis que em algum momento me pareceu tentadora a idéia de adaptar motor de Fusca

Não é nenhuma novidade que o Fusca foi uma verdadeira escola para muitos mecânicos brasileiros, não só devido à simplicidade que facilitava a familiarização de iniciantes como pelo grande sucesso comercial no país. Como seria de se esperar, além de ter servido de base para alguns modelos feitos por fabricantes independentes nos mais diversos segmentos abrangendo de esportivos a pequenos utilitários, também teve o conjunto mecânico muito usado para adaptações num período em que as importações extremamente restritas limitavam não apenas a variedade de veículos estrangeiros no país mas também a obtenção de peças de reposição para alguns modelos antigos principalmente de origem inglesa ou francesa. Mas mesmo passada essa fase, e com as importações restabelecidas, não é de todo impossível que em alguns momentos pareça tentador recorrer a adaptações com motor de Fusca em veículos de outros fabricantes pelas mais diversas razões. Podem ser destacados ao menos 5 exemplos.

1 - Asia Motors Towner: verdadeiro fenômeno de popularidade entre os importados na década de '90, a microvan coreana hoje é acometida pela falta de peças originais e também pela má-vontade de alguns mecânicos que não fazem questão nem de tentar averiguar intercambialidade de componentes com modelos mais comuns ou algumas pequenas adaptações. Devido à largura bastante diminuta, não seria tão fácil adaptar um motor de Fusca na posição do tricilíndrico de 0.8L original sob os assentos dianteiros, mas o fato de já haver em circulação no interior de Pernambuco ao menos um exemplar que foi repotenciado com motor e transeixo traseiro do Fusca na parte traseira adaptados ao chassi original da Towner já faz com que a idéia pareça plausível. O fato de tanto o Fusca quanto a Towner terem o chassi separado da carroceria também fomenta a especulação em torno da adaptabilidade da carroceria da Towner sobre um chassi encurtado de Fusca, com as correspondentes alterações que o sistema de direção exigiria em função do cockpit avançado. Guardadas as devidas proporções, o fato da própria Volkswagen ter oferecido na Kombi um cockpit avançado mesmo usando uma plataforma própria ao invés de ter reaproveitado o chassi do Fusca não deixa de oferecer uma perspectiva mais favorável à adaptação na Towner;

2 - Daihatsu Terios: o SUV compacto japonês, que foi um dos primeiros expoentes dessa categoria no Brasil, sofre com a falta de assistência técnica mesmo que a fabricante pertença à Toyota, e a bem da verdade os sistemas de tração 4X4 da Daihatsu costumam ser reputados um tanto difíceis de fazer algum serviço. É impossível negar que às vezes parece tentadora a idéia de adaptar toda a mecânica do Fusca num Terios, ainda que seja uma alteração muito drástica tendo em vista as posições dos motores em ambos os modelos, apesar de que um motor de Fusca atrás dispensaria a tração 4X4 que se faz necessária ao Terios em algumas circunstâncias. E naturalmente, para quem tenha um apreço maior pelo cumprimento de normas de emissões ao menos equivalentes às do ano de fabricação, vale lembrar da continuidade do motor Volkswagen boxer já com injeção eletrônica na Kombi entre '97 e 2006;

3 - Mazda MX-5/Miata de 1ª geração: o icônico roadster japonês, apesar de ter plataforma própria, me lembra de certa forma o Karmann-Ghia na proposta de ser um esportivo de concepção mecânica relativamente descomplicada. Uma possível vantagem para o Miata estaria na posição dianteira do motor, e o fato de alguns já terem sido adaptados com motores V8 no exterior leva a crer que manter essa característica não seria tão difícil, o que até favorece mais a captação de ar para refrigeração em comparação ao Karmann-Ghia. Apesar de que a idéia de montar uma mecânica Volkswagen completa atrás e deixar os puristas enlouquecidos também faria parte da diversão. E como seria de se esperar, em se tratando de um esportivo, a oferta de componentes para preparação do motor boxer tornaria mais improvável que se viesse a sentir saudade do motor original;

4 - Nissan Juke: com proporções que lembram vagamente um buggy, a configuração original com o motor em posição dianteira transversal tornaria ainda mais desafiadora a adaptação de um motor de Fusca, mas não o suficiente para que a idéia de trazer uma carroceria via Paraguai ou Uruguai e fazer a montagem sobre um buggy já legalizado deixe de ser tentadora, evidentemente com a instalação de um quadro corta-fogo com acessos para manutenção na parte traseira;

5 - Subaru Impreza de 1ª geração: o fato de ter originalmente um motor boxer, ainda que muito mais sofisticado ao já incorporar comando de válvulas nos cabeçotes com sincronização por correia dentada e 5 mancais de virabrequim, credenciaria o Impreza entre os modelos mais tecnicamente viáveis para se adaptar o motor Volkswagen. E para não deixar os fanáticos quase religiosos que consideram perfeita qualquer coisa que a Subaru disponibilize, não seria necessário abrir mão nem da tração permanente nas 4 rodas se fosse o caso, acoplando o motor diretamente ao câmbio original tal qual se faz em alguns Fuscas repotenciados justamente com motor Subaru. A tentação de se adaptar um motor de Fusca num Impreza seria ainda maior para reacender debates sobre o culto exagerado à modernidade que relegou à obsolescência o comando de válvulas no bloco e a refrigeração a ar...

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