Modelo que chegou oficialmente ao Brasil somente a partir de 2023, em meio a uma nova estratégia do fabricante para concentrar esforços na linha de utilitários, a Ford F-150 até pode ser comparada ao Ford Modelo T pela condição de um ícone cultural que de certa forma define o mercado nos Estados Unidos. Naturalmente pela imagem mais "americanizada" em comparação a outras caminhonetes da marca, tem incorporado uma proposta voltada ao uso particular/recreativo em algumas regiões, a exemplo do Brasil onde o único motor oferecido ser o 5.0 V8 de aspiração natural a gasolina serve exatamente para marcar esse viés, em detrimento de motores V6 a gasolina tanto aspirados quanto turbo que são disponíveis até em alguns países vizinhos ou o V6 turbodiesel que diga-se de passagem é o único motor disponível para a Austrália e as Filipinas mas poderia agradar muito a alguns produtores rurais brasileiros servidos por transportadores revendedores retalhistas que fornecem o óleo diesel na propriedade rural atendendo às máquinas agrícolas e também a caminhonetes. Para nós brasileiros, que chegamos a ficar acostumados com as variações regionais implementadas na linha de motores em gerações anteriores da Série F que chegaram a ter fabricação nacional no intuito de conter custos e promover uma oferta de opções Diesel com a maior urgência que se fez necessária na época das primeiras crises do petróleo, tal diferenciação hoje observada na F-150 passa longe de ser tão surpreendente, embora tal aspecto revele ser só a ponta de um iceberg que abrange desde questões meramente políticas em regiões onde utilitários ainda sofrem menos por uma incidência de impostos atrelada à cilindrada em comparação a carros normais até alguns fatores mais técnicos como diferentes limites de peso bruto total (PBT) para condução por detentores de carteira de habilitação para veículos leves ou as absurdas restrições ao uso de motores Diesel com base nas capacidades de carga e passageiros ou tração ainda em vigor no Brasil que fundamentou a F-1000 em outras épocas quando a Ford ainda era um dos principais fabricantes instalados localmente...
A política One Ford implementada a partir de 2009 no rescaldo da crise hipotecária americana de 2008, que fomentava uma maior similaridade nas linhas da marca em todos os mercados, pode desencorajar o desenvolvimento de versões regionalizadas para um mesmo modelo e até poderiam ainda fomentar uma viabilidade de operações de manufatura em países como o Brasil e a Austrália onde a Ford passou a ser somente uma importadora. Enquanto um australiano poderia ser encantado por um V8 a gasolina ou até por motores de 6 cilindros em linha como o antigo motor Barra que só foi produzido na Austrália, ainda seria de se considerar que uma "nova F-1000" que tivesse aparência e nível de equipamento alinhados à F-150 mas sem deixar de lado opções de motores mais convenientes para uso severo como o Cummins F3.8 por exemplo, sem necessariamente representar um impedimento a oferta de versões mais voltadas ao uso recreativo com motores cuja imagem fica mais prestigiosa até pela quantidade de cilindros, e até o precedente histórico de algumas gerações anteriores da Série F que tiveram a produção no Brasil com capacidades de carga mais parelhas às da F-250 americana mas recorrendo à carroceria curta usada nos Estados Unidos apenas para a F-100 merece algum destaque e ainda poderia ser replicada considerando tanto um tamanho mais facilmente ajustável às condições brasileiras quanto eventuais possibilidades de viabilizar maiores volumes de vendas para as caminhonetes full-size. Enfim, se por um lado a Ford tem a facilidade de poder desovar a F-150 em algumas regiões tão somente voltada a um uso recreativo com margens de lucro condizentes à apresentação como um produto de luxo, direcionando usuários de perfil mais conservador ou estritamente profissional a outros modelos visando manter uma aura à F-150 como ícone cultural americano ao invés de "um simples carro", por outro chega a ser possível deduzir que a política One Ford tanto na linha de utilitários quanto de automóveis ficava mais difícil de ser eficiente em virtude da maior diferenciação técnica ou burocrática que diferentes mercados desenvolveram ao longo das décadas, e portanto impossibilitando que uma abordagem tão homogênea quanto a da época do Ford Modelo T voltasse a ser totalmente viável...
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