Um carro com 3,20m de comprimento e 1,67m de largura, o Chery eQ1 é atualmente vendido no Brasil como CAOA Chery iCar, e com um viés essencialmente voltado ao uso estritamente urbano para o qual o alcance mais restrito de um veículo elétrico nessa faixa de tamanho em comparação a um análogo que tivesse motor de combustão interna, traz invariavelmente a lembrança de propostas do engenheiro João Augusto Conrado do Amaral Gurgel. Tendo proposto já na década de '70 os carros elétricos como opção para usuários urbanos mesmo no Brasil, em parte por uma objeção ao ProÁlcool e em parte por todas as expectativas em torno da capacidade de geração da usina de Itaipu que emprestava o nome a projetos de carros elétricos da antiga Gurgel Motores e já foi a maior hidrelétrica do mundo, Amaral Gurgel ainda é desprezado por uma parte dos brasileiros que hoje se encantam com a ascensão da indústria automotiva chinesa como a própria Chery que no Brasil se associou ao grupo CAOA. E como o Chery eQ1 ainda é derivado de projetos originalmente voltados ao uso de motores de combustão interna, a princípio podia ser feita com relativa facilidade uma versão com tal configuração ao invés de elétrico, levando em conta que especialmente entre modelos compactos a eletrificação total acaba por eliminar a versatilidade que fazia mesmo carros subcompactos ainda conseguirem atender ao público generalista até no uso familiar.
Além do viés estritamente urbano inerente às limitações da eletrificação, também é digno de nota como a tração dianteira tão massificada nos carros generalistas modernos contrasta com uma versatilidade que Amaral Gurgel visava oferecer no Gurgel BR-800, cuja tração traseira era mais voltada às necessidades do público rural brasileiro que no fim da década de '80 ficou com menos opções quando a Volkswagen do Brasil tirou o Fusca de linha pela primeira vez. Mesmo levando em conta como diferentes gerações de carros tiveram um crescimento até exagerado das dimensões externas, e o Gurgel BR-800 guardando proporções semelhantes às que o Chery eQ1/CAOA Chery iCar apresenta, talvez esse aspecto também demonstre como Amaral Gurgel tinha alguma razão ao propor um "sub-Fusca" compacto para manter a conveniência no congestionado tráfego urbano e uma moderada aptidão off-road facilitando o uso rural para o qual o motor de 0.8L a gasolina era imprescindível em função das condições de terreno e longas distâncias e até uma eventual precariedade na rede elétrica. Enfim, se por um lado a eletrificação total é aplicável em condições de uso restritas demais para atender a segmentos do público generalista que às vezes ainda precisam que um único carro atenda a todas (ou quase todas) as necessidades de um núcleo familiar, e como um motor 1.0 flex poderia tornar um análogo ao eQ1 com motor de combustão interna mais comparável ao que o Gurgel BR-800 representava quando foi apresentado ao final da década de '80, de certa forma o Chery eQ1/CAOA Chery iCar se revela uma prova contemporânea que Amaral Gurgel estava certo em alguns aspectos...
Um comentário:
Opa! Que bom ver que continua atualizando o blog! Também voltei a postar lá no TAXITRAMAS.
Há braços!!
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