sábado, 25 de novembro de 2023

5 modelos da Ford feitos no Brasil que seriam tentadores para fazer experiências com um motor rotativo Mazda 13B ou 20B

Um antigo controle que a Ford já teve sobre a Mazda, embora às vezes pouco lembrado no Brasil, teve reflexos na linha de motores da própria Ford, embora os motores Wankel tenham ficado mais restritos a aplicações na linha de veículos da Mazda. Destacados pelo tamanho compacto e a leveza em proporção a motores convencionais, ainda que fossem vistos pelo público generalista basicamente como uma mera curiosidade técnica, talvez pudessem ter até servido bem a modelos da Ford. Cabe até tomar como exemplos alguns carros que chegaram a ser fabricados pela Ford no Brasil, e ao menos 5 são facilmente lembrados por motivos mais específicos do que poderia parecer...

1 - Ka: tanto a geração inicial desse modelo quanto a última tiveram peculiaridades no tocante à linha de motores. Foi desafiador no mais antigo incorporar um motor dotado de comando de válvulas no cabeçote devido à altura interna do compartimento do motor, a ponto de ter sido usado o motor Endura-E de fabricação espanhola com comando no bloco antes de ser iniciada a fabricação do motor Zetec-RoCam no Brasil já incorporando o comando no cabeçote com sincronização por corrente, e portanto o tamanho compacto de um motor Mazda 13B seria algo tentador. Já a geração derradeira do Ka, que foi feita só no Brasil e na Índia, chegou a usar motores Fox e Dragon de 3 cilindros com o comando de válvulas no cabeçote sincronizado por correia banhada em óleo, característica que fomenta algumas críticas. A menor vibração de motores rotativos já pesaria a favor de experiências com o 13B em oposição ao Fox e ao Dragon, além de motores Wankel terem os fluxos de admissão e escape controlados pela sobreposição dos rotores nas janelas de admissão e escape, dispensando válvulas;

2 - Del Rey: modelo compacto que acabou por ser um "intruso" no segmento de carros pretensamente luxuosos na vigência da proibição aos importados, sofreu pela falta de um motor mais competitivo no tocante ao desempenho num primeiro momento, sendo salvo de um fiasco comercial com a adoção do motor AP 1.8 da Volkswagen no âmbito da joint-venture AutoLatina. Por ter o motor à frente do eixo dianteiro em posição longitudinal, o menor peso e o porte muito mais compacto de um motor Mazda 13B seria conveniente até para facilitar a acomodação de componentes como uma bomba de direção hidráulica e o compressor do ar condicionado;

3 - Escort: padeceu do mesmo mal do Del Rey, sendo inicialmente equipado apenas com o motor CHT fabricado pela própria Ford em versões 1.3 e 1.6 baseado no projeto de origem Renault, até ser oferecido o motor AP como opção.
No caso das versões XR-3 de proposta mais esportiva, já ficaria bastante tentador um motor Mazda 13B com 2 rotores, ou até radicalizar com o 20B de 3 rotores;

4 - F-1000: talvez o modelo mais improvável, tanto pela proposta utilitária quanto por ser bem mais fácil acomodar motores com uma concepção naturalmente abrutalhada como os MWM Diesel, ou até o Falcon Six 221 que era importado da Argentina para atender à versão movida a álcool.
Embora o motor Mazda 13B pudesse ser considerado "fraco", especialmente quando equipado com um carburador restritivo em demasia, e de qualquer modo costuma ter regimes de rotação muito mais altos tanto que o Falcon Six quanto os MWM Diesel e portanto exigiria uma relação de diferencial mais curta para ter alguma agilidade, e até o 20B de 3 rotores pudesse parecer à primeira vista insuficiente, seria até mesmo o caso de considerar experiências com o turbo, que em função do regime de rotação mais alto dos Wankel poderia ter o turbo-lag mitigado ou atenuado mais facilmente;

5 - Landau: passou a usar o motor Windsor 302 V8 de fabricação canadense quando já havia ficado insustentável manter em linha no Brasil o Y-Block antes compartilhado com a linha de caminhões e a pick-up F-100, à medida que era intensificado o uso dos motores Diesel em utilitários. E apesar do público generalista brasileiro ainda ter uma obsessão por motores mais "à prova de burro" que resistissem a uma manutenção menos criteriosa, o Landau atendia a uma clientela mais abastada, que talvez ficasse menos refratária à observância rigorosa dos cronogramas de manutenção e desse a devida atenção às especificações de óleo lubrificante e fluido de arrefecimento. 
Por mais que a brutalidade de um V8 nunca tenha sido empecilho para consolidar a idéia do Landau como modelo de luxo, e também tenha uma fanbase no tocante a aplicações de alto desempenho, ainda soaria tentadora a hipótese de fazer experiências com o 13B ou mesmo o 20B, além do mais que apesar da proibição das importações de veículos e da reserva de mercado para produtos de informática que retardou a introdução da injeção eletrônica em carros brasileiros, mesmo quando a Ford produzia em Taubaté exclusivamente para exportação uma versão turbo e com injeção eletrônica do motor 2.3 OHC que canibalizava com o Windsor 302 nos Estados Unidos, ainda era permitida a importação de motores, então caso fossem trazidos diretamente do Japão motores da Mazda para serem instalados em Landaus na própria fábrica também teria sido fácil justificar. 

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