Em meio a uma presença cada vez maior das motocicletas pelo Brasil em parte pelo custo até dos carros "populares" que têm deixado de justificar tal classificação, em outra parte por características inerentes às motocicletas de um modo geral, acaba sendo previsível o side-car também encontrar uma relevância em aplicações para as quais restam poucas ou nenhuma opção de carro tradicional que atendam satisfatoriamente às mais diversas condições operacionais, apesar que estigmas de "inferioridade" inerentes a motocicletas e assemelhados inibam uma maior aceitação do público generalista. Mas a princípio, para profissionais como pedreiros e encanadores que ficam impossibilitados de usar o próprio carro em visitas a clientes na cidade de São Paulo por causa do infeliz rodízio de placas ao menos um dia por semana, até empresas em busca de redução no custo operacional das frotas, fica muito mais fácil perceber que o side-car para cargas tem oportunidades o justificando, mesmo diante do ceticismo que ronda o side-car no âmbito privado/familiar do transporte de passageiros como opção a um carro compacto normal. Considerando a prevalência do side-car no Brasil exatamente em motos de pequena cilindrada e para fins laborais diversos, contrastando com um viés mais recreativo hoje observado na Europa e nos Estados Unidos onde prevalecem versões para transporte de passageiros e o uso junto a motocicletas de média a alta cilindrada, soa até inevitável encarar o side-car como mera curiosidade embora ainda possa ser de grande valia.
A simplicidade proporcionada entre outros aspectos pela refrigeração a ar nos motores da imensa maioria das motos utilitárias de pequena cilindrada logo remete ao Fusca por ter lançado mão desse expediente em função das condições climáticas severas no inverno europeu, contrastando com a prioridade que a própria Volkswagen tem dado aos motores turbo na atualidade e suprimindo o sentido do próprio nome que significava "carro do povo" em alemão. O fim de projetos como o dos carros populares da Gurgel e até mesmo o reposicionamento de fabricantes chineses que deixam de lado o dumping de pequenas caminhonetes de trabalho para apostar nas margens de lucro mais altas tanto de carros elétricos quanto de SUVs também fomentam um cenário no qual o side-car pode ter uma relevância como complemento ao mercado automotivo e ocupar nichos que estão sendo basicamente ignorados pelos fabricantes de automóveis tanto no Brasil quanto em outros países. Enfim, mesmo com uma exposição do condutor aos elementos e a impossibilidade de incorporar o conforto do ar condicionado, somada à maior leniência quanto à falta dos freios ABS que já são obrigatórios no Brasil para todos os carros e veículos utilitários e até para motos acima de 250cc geralmente mais voltadas a um uso recreativo, pode ser que o side-car para cargas venha a ser mais apreciado pelos operadores estritamente profissionais.
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