sábado, 1 de fevereiro de 2025

Momento nostalgia: Cagiva Super City 125

Uma moto particularmente rara no Brasil, onde chegou através daquele convênio que a Agrale manteve com fabricantes de motocicletas baseados na Itália, a Cagiva Super City 125 foi fabricada entre os anos de '91 e 2001 na Itália, havendo poucos registros precisos sobre a montagem no Brasil em regime CKD a partir de componentes importados que teve início em '94 a cargo de uma antiga subsidiária da Agrale em Manaus, onde os incentivos fiscais da Zona Franca favoreciam a operação. Com o mesmo motor da Cagiva Mito 125, embora tivesse algumas diferenças até para permanecer enquadrada naquele limite de potência até 15cv (11kw) para uma das faixas de habilitação escalonada por potência para motocicletas na Europa, além da proposta de ser uma "funbike" antes que a categoria supermotard fosse consolidada e que acabava interferindo na geometria do sistema de escapamento, tinha um motor bastante moderno para os padrões de uma moto 2-tempos naquela época, embora o público generalista já estivesse muito mais receptivo aos motores 4-tempos por influência da Honda desde a época de mercado fechado para as importadas. A cultura motociclística italiana é muito diferente da brasileira, então o conceito de uma moto como a Cagiva Super City talvez tenha sido pouco compreendido no Brasil até em parte devido à percepção de uma cilindrada mais alta como fator determinante de prestígio.
O exemplar das fotos é do ano '95, e foi uma das atrações em uma exposição de motos no Iguatemi de Porto Alegre em setembro do ano passado, sendo certamente apreciada pelos fãs de motores 2-tempos que vão muito além daquela parte mais conservadora dos adeptos da Yamaha. Apesar dos esforços da Agrale e da Cagiva para trazer motos sofisticadas ao Brasil, o contraste com a abordagem muito mais conservadora das principais fabricantes japonesas já instaladas ou com representação oficial dificultava a inserção de motos com motores 2-tempos de pequena cilindrada que eram então bastante apreciadas na Itália, onde chegaram a haver até versões com motores ainda mais modestos para serem enquadrados nas regulamentações de habilitação que permitiam a condução de um modelo de 50cc até mesmo por adolescentes a partir dos 14 anos. E apesar da marca Cagiva ter deixado de ser usada em motocicletas para consolidar a MV Agusta que desde a década de '90 é mais focada em motos de alta cilindrada com um alto refinamento técnico, a Cagiva Super City 125 é um daqueles exemplos de quando os italianos ainda tentavam competir mais acirradamente com os fabricantes japoneses.