quinta-feira, 5 de março de 2015

Grupo Izzo: incompetência e desonestidade

Para muitos entusiastas, uma motocicleta Harley-Davidson é a realização de um sonho, mas entre 1993 e 2010 esteve atrelado a um pesadelo. O extinto Grupo Izzo, antigo detentor da representação oficial da marca, deixou um enorme passivo trabalhista por não ter feito os devidos depósitos no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço dos ex-funcionários.
A situação do Grupo Izzo começou a deteriorar quando a matriz da Harley-Davidson tomou a decisão de cancelar o contrato, com base numa cláusula que vetava a comercialização de motocicletas de outras marcas em concessionárias exclusivas. Eu lembro de ter visto numa antiga concessionária da Harley-Davidson também modelos de outras fabricantes, com especial destaque para Ducati e KTM.
Em outubro de 2012, ambas rescindiram com o Grupo Izzo, que acabou encerrando as atividades de forma melancólica. Também deixou de ser representada oficialmente a fabricante de quadriciclos Polaris. Hoje a KTM atua de forma oficial no Brasil, e a Ducati já até monta alguns modelos em CKD usando instalações da Dafra em Manaus, e a Polaris vem representada pela Brand Stars.

A incompetência que imperava dentro do Grupo Izzo não era compatível com a tradição e a solidez de empresas como a Harley-Davidson, famosa por uma confiabilidade que não se poderia esperar do cômico padrão de qualidade dos serviços de pós-venda mantidos pelo então representante...
Por algum tempo eu freqüentei a antiga concessionária do Grupo Izzo em Porto Alegre, para ver novidades referentes às linhas da Harley-Davidson, KTM e Ducati e tomar um cafézinho, e por diversas vezes via motocicletas paradas na oficina por falta de peças. O desrespeito contra o consumidor chegava a uma proporção absurda, prevalecendo-se da exclusividade na representação da marca para dificultar a atuação de mecânicos independentes, podendo cobrar preços claramente abusivos pelos serviços e peças de reposição.

No auge da crise do Grupo Izzo, alguns consumidores enfrentavam atrasos de 5 meses do pagamento até o recebimento das motocicletas, que eram empenhadas como garantia de quitação de dívidas da empresa junto a bancos, como o Cruzeiro do Sul e o Cacique - como já foi até relatado em sentenças judiciais. Alguns clientes até hoje não receberam as motos pelas quais já pagaram, o que caracteriza estelionato. O Ministério Público do Rio Grande do Sul chegou a investigar o Grupo Izzo por "eventuais práticas comerciais abusivas" a alguns anos, embora tenha arquivado o inquérito entre 2010 e 2012 quando foram registradas mais reclamações de vítimas.

O mercado motociclístico brasileiro atualmente está num estágio de maturidade próximo aos principais mercados mundiais, e apesar do maior volume se concentrar em modelos de 125 a 300cc já tem mais variedade em faixas superiores de cilindrada, atraindo investimentos de grandes referências em tecnologia e alto desempenho como Kawasaki e BMW, consolidando um elevado nível de profissionalismo e mostrando que, cada vez mais, sobra menos espaço para desonestidade e incompetência. Não há, portanto, mais espaço para abusos como os perpetrados pelo Izzo...

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