quinta-feira, 25 de junho de 2015

Cinto de segurança: mais importante que o airbag

Na noite do dia 23 estive conversando com um médico, e em meio a comentários sobre o uso de capacetes nas ambulâncias japonesas e roll-cages nas australianas ele ficou um tanto surpreso quando eu expressei a minha objeção à obrigatoriedade do airbag em automóveis hoje em vigor no mercado brasileiro, recurso que é apontado excessivamente como uma solução milagrosa para reduzir os índices de mortalidade no trânsito, Poucas horas depois, já na madrugada do dia 24, faleceu num acidente rodoviário o cantor Cristiano Araújo, e nem os 8 airbags da caminhonete em que ele viajava, uma Range Rover Sport, puderam salvá-lo. A principal suspeita da Polícia Rodoviária Federal é de que ele não estaria usando o cinto de segurança, ao contrário do empresário e do condutor do veículo que estavam usando o cinto e tiveram apenas ferimentos leves.

Cabe salientar que o airbag é apenas um sistema de retenção suplementar, portanto depende do correto uso dos cintos de segurança para ter uma ação efetiva, sob pena de agravar ainda mais a situação dos passageiros em função da velocidade com que é inflado e de como o ocupante do veículo (tanto condutor quanto passageiro) vão de encontro a esse dispositivo, tanto que durante a década de 90 era comum que a indicação da presença do airbag viesse marcada como "SRS - AirBag" para deixar mais explícito o caráter suplementar (Supplemental Restraint System). Mesmo que alguns veículos de especificação americana tivessem airbags mais volumosos e com velocidade de inflação mais rápida que os congêneres europeus e japoneses, numa medida para tentar compensar a teimosia de alguns rednecks em dispensar o cinto de segurança quando o airbag se fazia presente, há de se considerar o agravamento de lesões nas mãos, pescoço e mandíbula, Também vale destacar que propelentes químicos usados no acionamento de um airbag, por serem classificados como explosivos, são controlados pelo Exército.

É um equívoco infelizmente ainda muito comum no Brasil a crença de que o cinto de segurança seria dispensável no banco traseiro, erro que se mostrou fatal para Cristiano Araújo. Mas nem a forração interna nem os encostos dos bancos dianteiros são desenvolvidos para amortecer impactos, e ao ser projetado para a frente durante uma desaceleração muito violenta o passageiro de trás pode não só ter ferimentos mais graves como também aumentar o risco de lesões em quem estiver sentado na frente. Há ainda outros tantos teimosos que negligenciam o uso do cinto de segurança nos bancos dianteiros em percursos curtos e a baixa velocidade. Mesmo os antigos cintos pélvicos, mais conhecidos como "sub-abdominais" e hoje usados apenas no assento central traseiro em alguns automóveis mais simples, já são capazes de evitar algumas mortes ou ferimentos graves acarretados pelo não-uso de qualquer tipo de cinto, independentemente da presença ou não do airbag.

Poderia ser citado o exemplo dos ônibus escolares americanos, que mesmo sem cintos de segurança para os passageiros ainda eram considerados o veículo terrestre mais seguro do mundo, mas estes são uma exceção à regra devido a características construtivas especiais de fazer inveja até aos Volvo. A forração interna e os estofamentos de um "schoolie" é feita com espumas de diferentes densidades, visando proporcionar um amortecimento de impactos adequado para proporcionar variados níveis de proteção para cada parte do corpo, além da chamada "compartimentalização" que minimiza a distância entre o passageiro e os pontos onde vá se chocar, e portanto são poupados alguns milésimos de segundo que poderiam intensificar a aceleração gravitacional e tornar ainda mais pesado o impacto. Ainda assim, em alguns estados americanos já está sendo exigido o cinto de segurança para todos os passageiros nos ônibus escolares.

Criaram-se muitos mitos e expectativas em torno do airbag, mas não se pode esquecer da importância do correto uso do cinto de segurança, embora seja um equipamento até certo ponto banal e desprovido de maiores sofisticações. Muito já se falou sobre uma eventual adoção do airbag até mesmo em aviões comerciais, mas nem por isso tal medida seria tratada como uma possível substituição dos cintos de segurança. Cabe lembrar que a atuação do airbag depende do sistema elétrico, e portanto pode até ser reputada menos confiável. Já o cinto de segurança, muitas vezes tratado com algum desprezo, pode representar a diferença entre a vida e a morte.

terça-feira, 9 de junho de 2015

Land Rover Série 1 1951

Land Rover Série 1, esse especificamente é de 1951. Usava motor Rover de 4 cilindros em linha com comando de válvulas no bloco, mas as válvulas de admissão ficavam no cabeçote e as de escape no bloco, disposição conhecida como "cabeçote em F" ou ainda IOE (Intake Over Exhaust - admissão acima do escape), com opções entre 1.6L (apenas de 1948 a 1951) e 2.0L (a partir de 1950). Em 1957 foi introduzida uma versão com motor Diesel de 2.0L mas já trazendo todas as válvulas no cabeçote.

O modelo foi desenvolvido para ser produzido por um período de 2 a 3 anos apenas para capitalizar a Rover depois da guerra e conseguir contratos de exportação, mas o sucesso comercial encorajou a continuidade da produção e de subsequentes evoluções que iam do Série 2 de 1958 até o Defender de 1985, mas sem perder a essência daquele projeto com pretensões utilitárias que deu origem a uma lenda.
Na parte frontal da cabine haviam 3 assentos individuais, enquanto atrás haviam 2 assentos laterais para mais 4 passageiros.