quinta-feira, 28 de abril de 2016

Standard Vanguard Phase 1A

Um carro pouco conhecido no Brasil, o Standard Vanguard é um dos mais importantes entre os automóveis britânicos do imediato pós-guerra. Com linhas elegantes e aerodinamicamente apuradas para as condições da época, inspiradas em modelos americanos da Plymouth e com uma suposta influência do GAZ-M20 Pobeda soviético, foge um pouco ao padrão dos "anos de austeridade" e contava com soluções técnicas um tanto avançadas também sob a perspectiva de então, como o uso de suspensão dianteira independente, barras estabilizadoras tanto no eixo dianteiro quanto no traseiro, freios hidráulicos (ainda a tambor nas 4 rodas) e, possivelmente a mais peculiar para quem associa câmbios manuais de 3 marchas à imagem das banheiras americanas sem sincronização das marchas, o Vanguard incorporada sincronizadores para todas as 3 marchas à frente apesar da ré ainda "seca", além de ter sido oferecida como opcional a partir de 1950 uma overdrive que podia ser usada na 2ª e na 3ª marchas e na prática fazia com que passasse a contar com 5 marchas à frente. Com tantas soluções arrojadas, o chassi do modelo acabou por ser reaproveitado no esportivo Triumph 2000. O exemplar da foto, flagrado por mim no ano de 2010 em Pelotas-RS, é da 1ª geração produzida de 1947 a 1953, mas como já incorporada as alterações introduzidas em 1952 no capô (ligeiramente mais baixo) e na grade dianteira, além das janelas traseiras mais largas, era referido pela fábrica como Phase 1A ao invés de Phase 1.

O motor de 4 cilindros em linha com camisas úmidas, válvulas no cabeçote e comando no bloco, movido a gasolina, com cilindrada de 2.1L (mais precisamente 2088cc com diâmetro de 85mm e curso de 92mm) e potência de 68hp tinha uma concepção essencialmente agrícola, pois havia sido inicialmente desenvolvido para uso em tratores Ferguson TE20. Uma curiosidade acerca do motor Standard "wet-liner four" é que, durante uma tentativa abortada de fusão entre a Standard e o Rover Group, uma versão Diesel também de 2.1L (mas com 2092cc devido ao diâmetro de 80,9625 e curso de 101,6mm) desenvolvida para a 2ª geração (Phase 2) do Vanguard serviu de inspiração para o primeiro motor desenvolvido especificamente para a Land Rover, um Diesel de 2.05L (2052cc com diâmetro de 85,7mm e curso de 88,9mm) referido oficialmente como "2-litre" cujo desenvolvimento se expandiu até chegar ao Maxion 2.5HS que no Brasil foi usado nas Chevrolet S10 e Blazer, além das Ford Ranger e F-1000 e na primeira geração da Mercedes-Benz Sprinter trazidas da Argentina. Mesmo com a versão de 3.0L usada na Ranger argentina de 2006 a 2011 já tendo incorporado comando de válvulas no cabeçote (OHC), ainda era derivado da mesma "receita" incorporada pelo Rover Group mediante a tentativa de fusão com a Standard.

Também é conveniente destacar que os primeiros modelos a usarem a marca Jaguar, ainda produzidos pela Swallow Sidecars, eram equipados com motores Standard, mas a sigla SS que podia significar tanto Standard & Swallow quanto Swallow Sidecars ficou malvista a partir de 1937 com a conotação nazista ao ser usada para designar as "Schutzstaffel". Portanto, mesmo que a Standard já não exista como marca, ainda deixou um rico legado para a indústria automobilística tanto em âmbito britânico quanto mundial.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Hyundai Galloper de chassi curto e duas portas

Baseado na 1ª geração do Mitsubishi Pajero, o Hyundai Galloper foi produzido entre '91 e 2003 na Coréia do Sul e esteve disponível no mercado brasileiro entre '98 e '99. No entanto, a versão de chassi curto e duas portas não chegou a ser trazida, embora tenha feito sucesso em alguns mercados como o chileno. O exemplar das fotos, estava equipado com motor Hyundai D4BH de 2.5L, basicamente uma versão do Mitsubishi 4D56 feita sob licença, e emplacado no Chile.

domingo, 24 de abril de 2016

Clássico de peso: DeSoto 1942 ambulância militar

Poucos lembram da DeSoto, mas foi uma das muitas marcas da Chrysler Corporation e, junto à Fargo, chegou até a fazer muito mais sucesso que a Dodge no segmento de veículos utilitários em alguns mercados de exportação. O exemplar da foto acima, um caminhão com tração 6X6 usado na II Guerra Mundial, foi configurado como ambulância, e conta com uma das muitas versões do motor Chrysler Flathead Six (de válvulas laterais) desenvolvida para serviços severos. Apesar de ter o comando de válvulas acionado por corrente ao invés de diretamente por engrenagens, era um motor muito simples e de fácil manutenção, com a disponibilidade do torque em baixas rotações mais próximo do que se esperaria de um motor Diesel, tanto que mesmo após ser substituído pelo Slant-Six de válvulas no cabeçote (mas que mantinha o comando no bloco) em modelos civis, continuou sendo aplicado a viaturas militares até a Guerra do Vietnã. Quando equipado com um distribuidor devidamente protegido contra infiltração de água, nem a transposição de trechos alagados era tão problemática para o Flathead Six, contanto que a tomada de admissão fosse suficientemente elevada para impedir um calço hidráulico.