segunda-feira, 10 de maio de 2021

Teria feito algum sentido a Fiat manter a Strada da geração anterior em linha na Argentina?

Um dos modelos de maior sucesso no mercado brasileiro, tanto entre os veículos comerciais quanto na classificação geral, a Fiat Strada teve o encerramento da produção da primeira geração somente no ano passado no Brasil. Chegou a ser produzida também na África do Sul na fábrica da Nissan em Rosslyn até 2005, sendo posteriormente importada do Brasil até 2012 e portanto não tendo recebido o facelift de 2013, mas não deixa de chamar a atenção que nunca tenha sido produzida na Argentina onde por muitos anos houve (e tem permanecido) uma consolidação da fábrica em Ferreyra (província de Córdoba) para a produção de sedans compactos. Diante da situação econômica catastrófica da Argentina, onde a pauta de exportações da indústria automotiva instalada no país tem sido vista pelo atual desgoverno argentino como uma fonte de atração de reservas em dólar, há de se considerar que mesmo um modelo tido como antigo ainda poderia atender tanto ao mercado doméstico quanto exportação regional devido à demanda pelo modelo renovado feito somente no Brasil gerar longas filas de espera que poderiam ser aliviadas se o antigo tivesse permanecido em linha como uma possibilidade de atender principalmente a operadores profissionais mais interessados em agilizar o serviço que em ostentar um "carro do ano".
O fato da Strada de geração anterior ter sido sempre baseada num mesmo projeto básico desde quando foi lançada em '98, passando pela oferta da opção com cabine estendida já em '99, já se refletia no custo de desenvolvimento ter sido amortizado com folga ao decorrer de um ciclo de produção que se estendeu por 22 anos no Brasil já poderia soar como um bom pretexto para deslocar a produção para a Argentina, bem como ser um modelo consolidado nos mercados regionais cuja adequação a condições de rodagem severas dispensa apresentações. Enquanto hoje as pick-ups de um porte maior são vistas como objeto de desejo, e tal circunstância acaba refletindo-se também junto aos modelos menores e derivados de carros compactos, não deixa de ser pertinente destacar que o menor custo inicial e até a simplicidade técnica já favorecem a Strada e concorrentes em regiões onde haja uma prioridade em conciliar usos efetivamente profissionais à necessidade de um veículo mais leve e econômico para fins particulares. Portanto, além de levar em conta alguma oportunidade junto a consumidores que estejam cogitando uma substituição de utilitários maiores cujos custos de aquisição tornaram-se um empecilho para permanecer na mesma categoria na própria Argentina hoje excessivamente dependente da pauta de exportação para os outros países membros do Mercosul para sustentar a capacidade instalada da indústria automotiva, ainda faria sentido também para atender a outros mercados latino-americanos ou até africanos, inclusive aqueles onde se usa a mão inglesa e cujo volume de vendas dificilmente justificasse desenvolver versões RHD para a geração atual ao invés de aproveitar o que já havia sido feito anteriormente para atender à África do Sul e ao Reino Unido.

Ao menos um precedente histórico pode ser apontado, envolvendo a 1ª geração do Fiorino produzida no Brasil de '80 a '88 que ganhou uma sobrevida na Argentina de '89 a '96 antes da unificação dos modelos feitos em ambos os países culminando na concentração da produção no Brasil em meio à crise argentina do ano 2000. Naturalmente, a entrada do Mercosul em vigor em '91 através da ratificação do Tratado de Assunção levaria a crer que o Fiorino mais antigo não conseguisse manter a competitividade na disputa por mercados de exportação regional, e também estava totalmente fora de cogitação um relançamento na Europa que viesse a justificar um volume de produção tão significativo, de modo que não chegou a 10% do que havia alcançado enquanto o Brasil foi o hub de exportação desse modelo. No entanto, hoje a dinâmica dos mercados regionais e até a concorrência contra o dumping chinês leva a crer que apostar num modelo teoricamente "defasado" em comparação ao análogo brasileiro dessa vez não seja um erro.

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