O uso mais intenso de plásticos e materiais compostos facilitou a aceitação dos adesivos de contato na montagem de componentes não-metálicos e a união dos mesmos à estrutura dos veículos, mas hoje até partes de metal recebem cola antes de serem encaixadas, reduzindo o custo de processos de soldagem e até tratamentos para prevenir a corrosão galvânica. Uma fábrica que constantemente tem recorrido a esse expediente é a Audi, famosa pelo uso intenso do alumínio em componentes estruturais.
Um dos casos mais conhecidos acaba sendo o do Audi TT, em que aços de diferentes especificações são unidos a ligas de alumínio por adesivos à base de epóxi, para conciliar leveza, rigidez torcional e absorção de impactos para manter a segurança no cockpit.
Outro modelo que recorre intensamente ao epóxi é o Audi R8, que usa resinas da marca Araldite, mais conhecida no mercado brasileiro pelos adesivos bicomponente de uso geral, para unir painéis de carroceria e fazer a saturação de peças elaboradas em fibra de carbono.
Ainda que o material acabe sendo constantemente associado ao uso em gambiarras, a própria indústria passou a considerá-lo extremamente vantajoso nessa época em que redução de custos é obsessão. Por não emitir tantos vapores tóxicos como algumas ligas usadas na solda demanda menos ventilação forçada no ambiente de trabalho, e ainda permite que uma quantidade menor do adesivo seja usada, o que além de reduzir o custo e o tempo de secagem aumenta a precisão no encaixe das peças. Não é à toa que o Tata Nano, concebido para ser o automóvel mais barato do mundo e concorrer com motocicletas e triciclos, acabou tendo eliminados diversos pontos de solda em favor de adesivos...
Hoje, é possível encontrar até mesmo restauradores de automóveis antigos que acabam recorrendo a adesivos para agilizar o serviço...
Entretanto, nem sempre o adesivo usado atende às especificações necessárias no que se refere à resistência a altas temperaturas, e acabam provocando incêndios. Um caso bastante comentado foi o da Ferrari 458 Italia, na qual o adesivo usado nos primeiros modelos para fixar o painel corta-fogo não suportava o intenso calor. Para contornar o vexame, a marca do cavallino rampante, tão idolatrada pelos fanáticos tifosi que a reputam uma imagem de excelência e supremacia, teve de fazer um recall e ainda recorrer ao uso de rebites metálicos em exemplares posteriores do modelo.
Outros segmentos já mostram uma maior experiência com os adesivos, sobretudo no setor de ônibus, em que os materiais compostos ganharam bastante espaço nas últimas décadas. Uma das vantagens de adesivos é a redução da transferência das vibrações à carroceria e até o nível de ruído interno, além de alguns adesivos modernos proporcionarem algum isolamento térmico (sobrecarregando menos o sistema de ventilação forçada, ou o ar condicionado quando disponível), melhorando o conforto para os passageiros e o operador.
Também se destaca o uso de adesivos de contato em carrocerias modulares de ambulâncias (as populares "ambulâncias tipo americano"), nas quais ainda se beneficia a higiene, pois com encaixes mais precisos entre os componentes sobra menos espaço para acumular detritos e favorecer a proliferação de microorganismos.
Na prática, apesar de serem mais lembrados na hora das emergências, os adesivos de contato acabam tendo uma participação mais importante no setor automotivo...
3 comentários:
Desde que trabalhei em uma retífica e vi adesivos aplicados nas juntas de cabeçotes, minha visão a respeito mudou totalmente. Mais ainda depois de ver a Lótus colando os elementos estruturais de seus carros.
Um adesivo bastante usado em junta de cabeçote é o "silicone vermelho". Pode não ser tão tenaz quanto os de base epóxi mas para o fim que se destina a relação custo/benefício é excelente em comparação com os derivados de compostos cerâmicos.
bizarra d+ essa ambulancia de 3 eixos
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