sexta-feira, 27 de maio de 2011

Conforto para o ladrão, péssimo transporte para o cidadão


Há quem faça críticas à polícia pelo uso do "camburão", dizem ser "desumano" transportar o preso no compartimento de bagagens do veículo (mas o ladrão ou o assassino não pensam na desumanidade que fazem antes de um assalto, latrocínio ou outras barbaridades que fazem). O maior problema, à letra da lei, seria a falta de um assento com cinto de segurança (mas não reclamam da falta de cintos de segurança e de pais de família de pé dentro de ônibus enquanto vão TRABALHAR), mas algumas viaturas até o possuem quando o guarda-presos (popularmente conhecido como caçapa, xadrez, jaula ou chiqueiro) é montado na cabine, como em vários hatches e sedans, em que não é tão fácil montar o compartimento separado como numa wagon.

Ainda assim, o criminoso tem mais segurança e até conforto dentro de um camburão do que um pai de família dentro de um ônibus lotado, sem nem poder sonhar com ar condicionado (nem todas as viaturas tem o sistema funcionando para o "xadrez", mas agora que usam mais aquelas divisórias de tela acaba sendo refrigerado junto com a cabine), e temendo ser assaltado, muitas vezes percorrendo longos trajetos de pé como se fosse gado num caminhão boiadeiro indo ser abatido num frigorífico.
Vale destacar que uma parte considerável da frota de ônibus brasileira ainda é composta por veículos montados sobre chassis de caminhões, para transportar cargas ao invés de passageiros. E em vários casos o trabalhador que desejar um pouco mais de conforto e segurança ou gasta uma fortuna com táxi ou recorre ao "transporte alternativo", também conhecido como "seletivo", que em Porto Alegre é atendido pela modalidade das "lotações".

É uma situação no mínimo curiosa, o cidadão brasileiro de bem que trabalha tem menos "direitos humanos" que um assaltante ou um estuprador que só causam transtornos à sociedade com suas práticas nocivas e verdadeiramente desumanas.

A meu ver, é inaceitável a mentalidade de alguns que se dizem "ativistas de direitos humanos" mas, na prática, não passam de defensores de bandido. Dizer que "todos tem direito à vida" é fácil, mas quando um crime está prestes a acontecer nenhum desses "ativistas" aparece para tentar convencer o marginal a poupar a vítima, e tem nóia que atira para ver o buraco da bala mesmo quando o cidadão não esboça reação quando o meliante tenta levar o que foi conseguido à custa de muito TRABALHO.

domingo, 8 de maio de 2011

(Bio)diesel e motos, uma combinação interessante

OK, falar sobre uma liberação do uso de diesel para veículos de passeio no Brasil já causa polêmica. Defender o uso em motocicletas, então, é uma excentricidade.

A verdade é que as motocicletas são constantemente associadas a uma idéia de motores leves e de alta rotação, com uma ênfase maior na potência específica que num torque elevado, enquanto o diesel é mais lembrado quando se trata de maquinário agrícola, industrial ou veículos pesados.

Entretanto, em alguns casos uma motorização a diesel pode ser interessante por vários aspectos, desde o uso de combustíveis alternativos como o biodiesel ou óleos vegetais, ou até por uma questão estratégico-militar. Menor emissão eletromagnética e mais segurança no manejo em comparação com gasolina e etanol são algumas vantagens decisivas em campo de batalha mas não são as únicas...


Sem a necessidade de se preocupar em transportar velas de ignição sobressalentes ou outros dispositivos associados e simplificando o processo logístico de combustíveis em campo, motos a diesel caíram nas graças de organizações militares como os Marine Corps americanos, que atualmente usam um modelo desenvolvido pela Hayes Diversified Technologies e equipado com motor de 670cc, injeção indireta (considerada por alguns especialistas como mais adequada para o uso de combustíveis alternativos como biodiesel) e potência e torque específicos mais próximos dos valores de um motor automotivo a gasolina (por ser específico para uso motociclístico não é de se impressionar que ainda tenha uma faixa de rotação mais elevada).

No mercado civil, porém, ainda há uma presença quase nula de motos a diesel, praticamente limitada à holandesa Track T-800 CDI e à alemã Neander. Mas isso não acaba com o entusiasmo de alguns motociclistas, que por conta própria fazem algumas adaptações em diversos outros modelos. Uma constante "vítima" da criatividade de alguns é a anglo-indiana Royal Enfield, que por ser uma das poucas que ainda vem com a carcaça do câmbio separada do bloco do motor é fácil de adaptar.


Motores estacionários/industriais de 1 cilindro na faixa de 400 a 500cc com potências entre 8 e 14hp são uma opção comum em países como a Alemanha, onde ainda há uma quantidade considerável de entusiastas do biodiesel entre os que adaptam esse tipo de motor em motocicletas. Vale destacar que a própria fábrica ofereceu uma versão movida a diesel, conhecida como Taurus, e equipada com um motor de 350cc e 6hp derivado da unidade a gasolina de 18hp, mas quando foi implementada na Índia a legislação de emissões Bharat-II, equivalente à Euro-II, tornou-se obsoleto e foi descontinuado, mas não impedindo o surgimento de adaptações com os motores Lombardini produzidos localmente para uso no Piaggio Ape ou com diversos outros pequenos motores a diesel.

Mas ainda há outras motocicletas que atraem os fãs, como as Triumph britânicas, bastante conhecidas pela oferta de motores de 3 cilindros em linha. Até a superbike Speed Triple, objeto de desejo de alguns "weekend racers", acaba sendo considerada uma opção na hora de se montar uma moto a diesel.


Para quem agora só associava motos a diesel com a aparência clássica das Royal Enfield ou a versatilidade do modelo militar da HDT, uma prova de que não é necessário abdicar totalmente da esportividade...

Mas considerando o cenário brasileiro, onde predominam modelos na faixa de 125 a 250cc, fica ainda mais difícil encontrar um motor compacto e, principalmente, leve o suficiente sem sacrificar demais a potência.

Ainda assim, existem outras categorias que poderiam estar bem servidas com motores a diesel, como as trail. O torque em baixa rotação poderia até ser extremamente vantajoso na hora de enfrentar obstáculos off-road, e considerando o uso de motores com injeção mecânica ainda é possível não ficar pelo meio do caminho em caso de falha no sistema elétrico.

Não é difícil perceber que alguns usuários de motocicleta poderiam se beneficiar com uma flexibilização nas regras brasileiras de uso do diesel, que eventualmente poderia servir até de pretexto para se ampliar a experiência com o biodiesel. A idéia do uso de uma moto off-road por uma idéia de mais contato com a natureza acaba dando mais sentido ainda à questão dos biocombustíveis...

Ainda há, no entanto, uma categoria na qual a baixa potência específica é bastante comum, as customs, cujo exemplo mais típico são as Harley-Davidson.

 

Logo, apesar da oferta no mercado mundial ser bastante restrita, motos a diesel podem ser uma boa alternativa. Sobretudo ao se usar o biodiesel...

E vale sempre lembrar: ao pilotar uma motocicleta, o uso do capacete é OBRIGATÓRIO.