terça-feira, 16 de abril de 2013

Breve observação sobre os benefícios da climatização evaporativa em veículos de transporte de valores

As condições operacionais dos caminhões para transporte de valores, popularmente conhecidos como carros-fortes, são extremamente severas. Além do risco inerente à atividade, o conforto não é uma das prioridades nesse tipo de veículo. Durante o verão, a temperatura interna pode beirar os 50 graus centígrados, e a circulação e renovação de ar a bordo são um ponto crítico em função das janelas permanentemente lacradas e na dificuldade em manter alguma abertura alternativa para ventilação, tornando o interior desse tipo de veículo extremamente insalubre se não houver algum sistema de climatização.

Mesmo a Prosegur, originária da Espanha, aderiu maciçamente ao climatizador evaporativo na frota brasileira.
O acréscimo no consumo de combustível e prejuízos ao desempenho inerentes a um ar-condicionado convencional, além do preço elevado e da maior complexidade de manutenção, fez com que gestores de frota passassem a ver com algum descaso a importância da climatização a bordo de um carro-forte.
A partir do final da década de 90 e começo dos anos 2000, sistemas de climatização evaporativa começaram a ganhar popularidade no mercado brasileiro de veículos pesados, tanto em função do custo de aquisição reduzido, manutenção e operação simples quanto da economia de combustível, além da possibilidade de permanecer em operação mesmo quando o motor do veículo encontra-se desligado (ainda que não seja usual nos carros-fortes manter o motor desligado durante as paradas).

O tamanho compacto e peso menor dos climatizadores evaporativos em comparação com um ar-condicionado também os credencia como uma boa alternativa para aplicações especiais.
Cada climatizador pesa em torno de 35kg com o reservatório interno para 15 litros de água, que pode ser suficiente para operar por um período entre 8 e 22 horas, completamente abastecido, agregando um peso de 70kg considerando o uso de duas unidades, enquanto o peso agregado por um ar-condicionado dificilmente fica em menos de 80kg.
Mesmo que uma diferença de meros 15% no peso do equipamento, que acaba representando cerca de 1% do peso bruto total máximo admissível de um carro-forte, pareça irrisória, outros fatores como o arrasto aerodinâmico e o uso de força motriz para o compressor também devem ser levados em consideração ao avaliar o impacto no desempenho e consumo de combustível. Vale destacar que, em função da montagem da maior parte dos componentes sobre o teto do veículo (o compressor com respectivo conjunto de embreagem eletromagnética, algumas válvulas e parte da tubulação normalmente são os únicos montados junto ao motor), o maior peso de um ar-condicionado agrava eventuais prejuízos à estabilidade em função de alterações no centro de gravidade.
O volume ocupado por um sistema de ar-condicionado é visivelmente superior

Entre os males associados à exposição ao calor excessivo e ventilação deficitária no interior de carros-fortes, pode-se destacar as doenças de pele, alergias respiratórias e alterações de pressão sangüínea, além de esgotamento físico e mental.
Portanto a climatização evaporativa, além de preservar a saúde dos operadores, gera economia para as empresas em função da menor incidência de faltas ao trabalho por doença, e pode dispensar da obrigação de conceder adicional de insalubridade aos funcionários.
A empresa de transporte de valores Brinks, com mais de 100 anos de atuação no mercado norte-americano, e filial brasileira estabelecida em 1966, já chegou a ser acionada judicialmente por ex-funcionários que visavam receber o adicional, em função da ausência do ar-condicionado, situação atualmente evitada mediante o uso dos climatizadores.
Além da diminuição na temperatura interna, o ar mais hidratado proporciona conforto respiratório e reduz a incidência de irritações nas mucosas, além da ventilação forçada com maior captação de ar externo minimizar o acúmulo de ar viciado no interior do veículo.

Modelo antigo, com chassi Mercedes-Benz 608-D: a climatização evaporativa, além do menor impacto sobre o modesto desempenho, é mais fácil de ser instalada, logo já economiza-se em mão-de-obra e o veículo volta ao serviço mais cedo.
Ao longo dos anos que um veículo de transporte de valores pode permanecer em operação, o gasto com a água usada para climatizar a cabine ainda é inferior ao montante que seria dispensado para cobrir o acréscimo no consumo de combustível inerente a um ar-condicionado tradicional,a reposição de peças como correia, polias e conjunto de embreagem eletromagnética do compressor, e as recargas do gás refrigerante.
Mercedes-Benz L-914 brasileiro, similar ao Mercedes-Benz Vario europeu, um dos chassis mais usados para a montagem de carros-fortes mundo afora. Os climatizadores evaporativos, no entanto, são menos comuns no exterior...

Vale lembrar que algumas oficinas que se dizem especializadas em climatização e refrigeração veicular tratam com descaso os gases refrigerantes, lançando-os diretamente à atmosfera durante o descarte, e mesmo o gás HFC-134a (popularmente conhecido como R134-a), atualmente o mais comum nos sistemas de ar-condicionado, apesar de não ter o mesmo efeito danoso à camada de ozônio que o obsoleto CFC (ou fréon), é apontado como um dos "gases-estufa" que promovem uma retenção mais intensa do calor emitido pela radiação solar.

15 comentários:

Matheus disse...

Nunca trabalhei em carro forte com ar condicionado para saber se dá muita diferença na refrigeração, mas o climatizador alivia no verão.

Anônimo disse...

No me iba a parecer razonable ahorrar agua com ese aire acondicionado brasileño, pero no se lo parece de todo mala idea. En España el aire acondicionado es equipo standard en los furgones de Prosegur, y hoy casi todos son ensamblados en autobastidores de Mercedes-Benz Sprinter Windlauf pero se ve que en Brasil lo preferen a los Mercedes-Benz Vario.

Fabrício disse...

Tem certeza que isso não é produto tabajara? Só por aqui que usam esse treco no teto dos caminhões, fora que é ridículo.

cRiPpLe_rOoStEr a.k.a. Kamikaze disse...

O resultado estético é mesmo controverso, mas a beleza não é uma prioridade no projeto de um carro-forte. Quanto a ser gambiarra ou "produto tabajara", há de se recordar que cada sistema de climatização veicular possui características técnicas distintas, e em algumas localidades com umidade relativa do ar mais baixa como Brasília um climatizador evaporativo pode ter resultados até melhores que um ar-condicionado convencional.

Gilbert disse...

Y además de ser más saludable, ese aire acondicionado enfriado por agua no ahorra tanto combustible aún que el volúmen al techo comprometa la penetración aerodinámica.

Enrique disse...

No me parece mismo mala idea, aún que debería limitarse a las zonas donde la humedad natural del aire es más baja, mientras donde el aire es más húmedo el aire acondicionado es superior en comfort.

Fermín disse...

Ya lo vi a unos de eses enfriadores brasileños en Italia donde los llaman resfrieuro, y no es de todo mala idea por el cuidado con el medioambiente.

Sergio disse...

Tambien lo utilisan eses aires acondicionados enfriados por agua en Peru, visto que casi todos los furgones de transporte de caudales nuevos son importados desde Brasil.

Bráulio disse...

Já trabalhei com ar condicionado predial e nunca tive tanto contato com climatização evaporativa estacionária, mas agora parece que virou moda, e a experiência dos carros fortes até que foi boa para provar que funciona apesar de ainda ter muito cético que acha que não dá certo.

Anônimo disse...

a prosegur nao ta trocando nem os carros velhos sucatiados imagina se vai colocar um ar condicionado que nenhum vigilante iria dispensar.

cRiPpLe_rOoStEr a.k.a. Kamikaze disse...

Já cheguei a ver até carro-forte reencarroçado, com chassi velho, mas na carroceria nova também nada de ar condicionado.

Wanderley disse...

É uma vergonha que se tenha de recorrer a essas gambiarras para manter a sovinice de alguns administradores de empresa que querem só fazer bonito com a justiça do trabalho, isso porque se dependesse da diretoria de algumas empresas não gastariam nem com esses climatizadores, quando muito um ventiladorzinho meia boca e olhe lá.

cRiPpLe_rOoStEr a.k.a. Kamikaze disse...

Climatização evaporativa não chega a ser gambiarra, mas acaba dependendo de algumas condições do próprio ambiente para assegurar maior eficiência, assim como um ar condicionado convencional.

Anônimo disse...

Cara é uma piada comparar ar condicionado com climatizador de ar. No verão o climatizador ameniza muito pouco o calor, já o ar condicionado é uma beleza. Mas as empresas não querem investir no bem dos funcionários,só querem lucrar.
Imagina aguentar 50 graus vestindo colete a prova de balas, se toda frota tivesse ar condicionado os funcionários renderiam bem mais e não ficariam doentes.

cRiPpLe_rOoStEr a.k.a. Kamikaze disse...

O climatizador ameniza o calor com mais facilidade quando o ar externo está mais seco, enquanto o ar condicionado tradicional funciona bem tanto com ar seco quanto ar com umidade relativa mais elevada.

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