quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Breves considerações sobre a futura obrigatoriedade de airbag duplo e freios ABS no mercado brasileiro

Não é de hoje que o atraso tecnológico do parque industrial automotivo brasileiro é evidente, e num dos aspectos onde esse problema está mais escancarado é no tocante à segurança veicular. Além de equívocos na elaboração de políticas econômicas que levaram os principais fabricantes instalados localmente a manterem o nível de evolução quase nulo entre a década de '70 e a reabertura das importações durante o governo Collor, no entanto, a "cultura" brasileira do desleixo tem peso decisivo nesse cenário, com aspirantes-a-playboy preferindo gastar R$5.000,00 num conjunto de rodas "esportivas" e um sistema de som quase carnavalesco ao invés de investir R$3.000,00 (ou menos) num sistema de freios com ABS.

Desde '98 com a promulgação do atual Código Brasileiro de Trânsito, a obrigatoriedade do airbag duplo frontal esteve em análise em função da redução de lesões graves e mortalidade em acidentes automobilísticos, embora se negligenciasse o ABS e a grande utilidade que esse sistema tem num âmbito de prevenção. A meu ver, os freios com ABS são até mais imprescindíveis, com a vantagem de uma maior adaptabilidade a plataformas de concepção antiga em comparação ao airbag, que se revela inútil num veículo sem um correto dimensionamento das zonas de deformação programada, inexistentes ou demasiadamente limitadas em modelos de concepção mais antiga.

Até mesmo na Kombi, que vem sendo tema de grande controvérsia devido a uma autorização governamental para prorrogar a produção sem os dispositivos de segurança até 2016, atendendo a interesses de sindicalistas. Alegações incoerentes acerca de demissões de operários em fábricas de automóveis foram usados para "justificar" a medida, ignorando que a maior demanda pelos equipamentos de segurança levaria sistemistas a abrirem postos de trabalho, além de uma renovação na oferta dos principais fabricantes para seguir atendendo a um mercado consumidor também afastar o temor das demissões. No âmbito político, chega a dar a impressão de que não há um interesse verdadeiro em reduzir os gastos da saúde pública e da Previdência Social com os mortos e feridos/mutilados, visto que um orçamento mais gordo acaba deixando bordas maiores para os corruptos de plantão se atracarem...

Ainda que exista um público pouco seletivo disposto a comprar qualquer lata de sardinha com motor de cortador de grama, desde que "as parcelas caibam no bolsa-farinha salário", os fabricantes tradicionais estão numa condição em que novos investimentos são essenciais para garantir a competitividade diante dos chineses que estão vindo com políticas de preço ousadas, dos coreanos que já estão fincando raízes, e até dos japoneses que estão perdendo o medo de "popularizar" com modelos como o Nissan March e o Toyota Etios, e a promoção da segurança veicular seria um ótimo pretexto para modernizar a oferta e eventualmente até melhorar a competitividade dos automóveis de fabricação brasileira em mercados de exportação mais exigentes que o combalido Mercosul...

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