Side-cars tiveram alguma importância mundo afora em diferentes contextos históricos, motivados por fatores tão diversos quanto o custo do conjunto moto + side-car em comparação aos automóveis ou a menor complexidade técnica em função do predomínio da refrigeração a ar nas motos utilitárias em contraponto à refrigeração líquida mais habitual em automóveis. No entanto, a nível de Brasil, apesar de uma vez ou outra aparecer uma moto com side-car com acomodação de um passageiro a mais, ainda prevalece o uso no transporte de cargas leves. Vamos analisar 5 eventuais empecilhos a uma maior aceitação do side-car...
Classificação como carroceria ao invés de equiparação aos reboques: apesar de ser um entrave mais burocrático que efetivamente técnico, o side-car sendo atualmente considerado uma carroceria e portanto parte integrante da própria motocicleta se torna inconveniente em alguns momentos. Se por um lado o side-car ao ter placa e documento próprios e independentes da moto ao qual esteja atrelado represente um pequeno custo anual a mais em função da taxa de licenciamento (embora não pague IPVA por não ser considerado veículo), por outro facilita uma intercambialidade com motos diferentes no momento que o proprietário desejar trocar de moto, ou ainda poder desacoplar o side-car quando for possível (ou necessário) dispensar o uso do dispositivo.
Necessidade de habilitação para motocicletas: outro fator que pode inibir a aceitação do side-car como uma opção por alguns usuários de automóveis insatisfeitos com o custo cada vez mais alto dos combustíveis, mas que acaba tendo um pouco de fundamento técnico. Obviamente, apesar de uma moto com side-car passar a ocupar um espaço semelhante ao de um carro sobre o leito carroçável das vias (ao menos na largura), o comportamento dinâmico é diferenciado, e uma experiência prévia com motocicletas sem o acessório ainda poderia ter alguma serventia. No entanto, acrescentar categoria A na carteira de habilitação acabaria sendo considerado uma despesa indesejável por alguns potenciais usuários, tendo em vista que apesar dos custos de operação e manutenção em comparação a um carro serem diminuídos numa proporção menos acentuada do que seria alcançado com uma moto sem side-car. Caso fosse implementada no Brasil alguma provisão para a condução de motos até 125cc com a habilitação para carro, a exemplo do que já ocorre em países como a Espanha (embora lá seja vetado o uso do side-car nessa situação), não seria de se duvidar que alguns motoristas pudessem sentir uma atração pelo side-car pela motivação econômica.
Estereótipo de gambiarra: isso chega a ser o mais irônico em se tratando do Chimpanzil. Sempre tem algum "mano" para cortar as molas de um carro velho em estado avançado de decomposição para encalhar nas lombadas e valetas alegando que isso seria "estilo de vida", ou quem recorra a pneus "remold" que nem sempre foram vulcanizados adequadamente e perfil baixo numa roda de aro 15 ou maior apenas por custarem praticamente o mesmo que pneus de qualidade com perfil mais alto para uso com rodas de aro menor, enquanto uma estrutura dimensionada adequadamente para suportar um passageiro ou cargas mantendo um vão livre suficiente para transpor decentemente os obstáculos nas ruas é tratada com desdém e eventual desconfiança quanto à efetiva utilidade.
Percepção de uma falta de prestígio: em um país onde tantos gostam de viver de aparência, e assim preferem ignorar opções economicamente viáveis para atender com eficiência à própria necessidade de transporte leve, a presença dos side-cars ter conquistado uma maior aceitação nas aplicações de carga em motos de 125cc leva adeptos da "ostentação" a subestimá-los. Nada que impeça, no entanto, o uso de side-cars para fins particulares/familiares/recreacionais em motos de cilindrada maior como a Harley-Davidson Sportster 1200 que de vez em quando eu via nas imediações do Shopping Total.
Junção do que teria de "pior" nas motos e nos carros: um dos argumentos mais frequentes entre quem não vê vantagem no side-car, mas impossível de ser ignorado ao considerar aspectos práticos. De fato, a exposição do condutor e passageiro(s) aos elementos típica das motos pode ser vista como um sacrifício por parte de alguns potenciais usuários que não se disponham a abrir mão do percebido conforto do habitáculo fechado em um carro. E a maior largura ocupada sobre a via se reflete numa menor agilidade para trafegar pelos "corredores" que normalmente beneficia as motos em meio ao tráfego urbano.
Um comentário:
O motivo nº 1 faz muito sentido. Eu até arriscaria me desfazer do carro, ficar só com a moto e usar um sidecar nela se pudesse deixar em casa quando fosse virar um peso morto.
O motivo nº 2 eu até não tenho tanta certeza. Se fosse para deixar motorista de carro andar de moto sem carteira de moto, eu acho que só seria bom se fosse junto com o sidecar ou então num daqueles triciclos.
O motivo nº 3 é meio complicado de julgar mas também faz sentido. E como ainda ficaria mais barato de manter que um carro, de repente seja a chance para o pessoal usar mais peças originais e ser menos relaxado na manutenção.
O motivo nº 4 faz muito sentido mesmo. Brasileiro tem essa mania chata de querer se exibir e contar vantagem, mesmo quando esteja comendo sardinha para arrotar bacalhau. Sempre tem aquele vizinho chato que passa sufoco para manter o carnê do financiamento do milzinho em dia, se acha melhor que o CGzeiro mas fica todo cheio de cerimônia com aqueles coroas que andam de moto importada grande.
O motivo nº 5 não tem como negar. Eu por ter experiência com carro e com moto até concordo que cada um tem vantagens e desvantagens.
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