De fato, por se tratar de um modelo desde o início destinado a um segmento mais modesto do mercado, não deveria ser de se estranhar a procura por soluções pouco ortodoxas que apresentassem um custo mais baixo, não só devido à maior complexidade inerente à eletrônica mas também à mão de obra disponível que nem sempre é das mais familiarizadas com esses sistemas. E por falar no motor Fire, recomendo esse vídeo de um chileno radicado na Argentina adaptando carburador num Fiat Siena com o motor Fire 1.3 de 16 válvulas:
À medida que a injeção eletrônica vai se massificando também em motos utilitárias com motor de 1 cilindro, e considerando que o carburador de gerações anteriores das mesmas vem sendo usado para adaptações em carros como a Volkswagen Parati G3 do vídeo abaixo, não me causaria tanta surpresa que se tentasse algo similar tomando como base o hardware de uma injeção eletrônica monoponto originalmente destinada a uma moto pequena. Embora muitos proprietários de carros adaptados com carburador de moto costumem relatar uma redução do consumo de combustível, invariavelmente esse recurso sacrifica a capacidade de ajuste da mistura ar/combustível em tempo real que poderia levar a uma melhora não só na questão do consumo mas também das emissões de poluentes que acabam sendo deixadas para segundo plano por muitos que querem apenas fazer o veículo funcionar novamente...
A favor de um retorno da injeção monoponto em aplicações automotivas, cabe recordar o exemplo do motor Fiasa 1.5 usado em alguns modelos da Fiat como o Fiorino. Os motores Fiasa ainda contavam com o coletor de admissão aquecido, que evitaria uma condensação da gasolina (ou etanol quando aplicável) e a consequente formação de gelo no coletor, além de no caso do 1.5 haver uma ligeira vantagem no torque em baixas rotações quando equipado com a injeção monoponto ao invés da multiponto.
Seria possível buscar diferentes argumentos para tentar justificar tal ocorrência, que poderia talvez ser replicada num motor de injeção multiponto mediante o uso de dutos de admissão mais longos. Mas numa época em que até a injeção direta mesmo ganhando espaço em veículos de projeto bem mais recente que o Fiorino acaba encontrando alguma resistência, em função do custo e também do impacto sobre as emissões de óxidos de nitrogênio (NOx) e alguma fuligem que antes eram mais críticos em motores Diesel, talvez até esse aparente "estrangulamento" do motor quando equipado com uma injeção eletrônica monoponto pudesse ser útil para reduzir a carga de recirculação de gases de escape (EGR - Exhaust Gas Recirculation) que se faria necessária para manter os NOx sob controle. E um ligeiro "downrevving" combinado a uma relação de marcha alongada na mesma proporção do aumento do torque em baixas rotações seria benéfico à economia de combustível.
O vídeo a seguir, que mostra uma Chevrolet Silverado 3500 mexicana convertida para gás liquefeito de petróleo (GLP - "gás de cozinha") usando um carburador de empilhadeira e uma ignição eletrônica analógica ao invés da injeção eletrônica multiponto e ignição mapeada originais de fábrica também fomenta questionamentos até mesmo em função de já ser bastante comum o uso de kits de conversão para combustíveis gasosos com gerenciamento eletrônico.
Mas além de um custo intermediário entre gambiarras com carburadores e uma injeção multiponto, também não se pode ignorar a integração entre o gerenciamento eletrônico dos motores e alguns sistemas de segurança modernos como o controle de estabilidade que já seria possível com uma injeção monoponto mas impossível com um carburador. Logo, embora num primeiro momento pareça mais difícil justificar como algo "em cima do muro", a questão da segurança também pode pesar para que a injeção monoponto viesse a ser menos desprezada.
2 comentários:
Acho que não daria certo por causa das emissões de hidrocarbonetos crus. Na hora que dá o cruzamento de válvula vai sempre escapar um pouco de mistura, enquanto com a injeção multiponto dá para programar os pulsos já quando a válvula de escape esteja mais próxima de se fechar.
Bem lembrado.
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