quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Hibridização leve: inevitável num futuro próximo?

É natural que a evolução tecnológica às vezes cause algumas controvérsias em estágios iniciais, como é o caso da hibridização cada vez mais frequente no mercado automobilístico. Também é previsível a eventual desconfiança diante de inovações, tanto em segmentos generalistas quanto em outras faixas de valor agregado mais alto mas que ainda concentrem um público mais conservador. No tocante aos sistemas de tração híbridos, tanto o custo quanto a complexidade de sistemas elétricos de alta tensão se tornam um empecilho em algumas circunstâncias, embora motivos diversos que vão desde metas de redução de consumo de combustível até algum favorecimento político a determinadas tecnologias sejam especialmente atrativos para os fabricantes as aplicarem largamente.

No caso da Mercedes-Benz, que oferece no C200 EQ-Boost um motor de 1.5L com turbo e injeção direta enquadrado no conceito de downsizing com 183cv de potência e 280Nm de torque associado a um conjunto moto-gerador de 48 volts que faz as vezes de um alternador tradicional e ainda pode adicionar 14cv e 160Nm em algumas situações, já seria de se supor que possa conciliar a proposta de economia e ecologia a uma maior semelhança com configurações menos ousadas de hibridização. É um sistema híbrido leve, também conhecido como "mild-hybrid" ou "micro-híbrido" e com menos funcionalidades que um híbrido total, tendo em vista não prever um modo de operação totalmente elétrica nem em trechos curtos a baixa velocidade. Apesar de parecer limitado demais ao não explorar todas as alegadas vantagens da tração auxiliar elétrica, convém salientar que a instalação semelhante à já usada no sistema elétrico de veículos mais modestos permite uma integração mais fácil tanto a plataformas que já podem ser consideradas obsoletas quanto destinadas especificamente a projetos de baixo custo à medida que a escala de produção iniciada em modelos mais sofisticados vá amortizando o investimento inicial no desenvolvimento dessa tecnologia.

Dada a possibilidade de modular entre a força motriz auxiliar em momentos como uma aceleração mais intensa ou um arrasto maior para intensificar a potência de frenagem, priorizando uma recarga das baterias em momentos mais favoráveis à recuperação de energia e economia de material de atrito dos freios de serviço, torna-se mais fácil o enquadramento em normas de emissões mais rígidas que tem desafiado a indústria automobilística a nível mundial. A maior presença do câmbio automático é outra facilidade, tendo em vista ser mais fácil proporcionar alguma suavidade às transições entre os modos de funcionamento com ou sem assistência motriz elétrica. Portanto, não seria tão equivocado crer que a hibridização leve venha a ser inevitável num futuro próximo...

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